Kal

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Locke tinha enlouquecido.

Ainda estava vivo, pelo que os Goblins tinham conseguido descobrir, mas o que quer que tivesse acontecido para causar aquele fogo negro que não se extinguia, o deixara maluco.

Kal suspirou profundamente de dentro da tenda, observando a fumaça escura das chamas que lentamente se aproximavam, do alto de uma montanha perto da região central de Paradise. Temia que o irmão tivesse se perdido para sempre.

Tinha evacuado toda a área e reunido um exército, tanto de homens quanto de nymphas, para tentar dar um fim àquele mal, mas dois dias já tinham se passado sem que tivessem qualquer chance de sucesso. O fogo negro simplesmente não se apagava, Yan ainda estava inconsciente, e tanto Freya quanto Líon estavam desaparecidos.

Será que tinham sido consumidos pelas chamas? Será que Locke...

Não. O irmão era ambicioso, mas não era cruel. Não era um assassino.

Precisava descobrir o que tinha acontecido para iniciar aquele incêndio, para criar aquelas chamas profanas. Nunca tinha visto nada igual, nem sabia que era possível existir algo assim. Mas para dar um fim à catástrofe, primeiro precisava saber como ela teve início.

Se apenas Yan acordasse e contasse o que sabia...

— Como ele está? — perguntou à Huldra que tomava conta de seu irmão, na tenda ao lado. Tinha se recusado a deixá-lo no castelo. — Algum avanço?

Podia tentar curá-lo com seus próprios poderes, mas tudo ao seu redor estava em uma situação tão delicada que ficou com receio de apenas prejudicar ainda mais o estado frágil do irmão. Além do mais, apesar da fama de atrair e seduzir os homens para seus esconderijos, Huldras eram resistentes a ferimentos e enfermidades, e eram excelentes curandeiras.

— Eu nunca vi nada assim — ela sussurrou, as orelhas vermelhas de raposa no topo da cabeça em pé, atentas a qualquer mudança, suas mãos brilhando com uma luz alaranjada acima do corpo desacordado de Yan. — Ele... não está apenas cansado, Majestade. Está exausto. Suas forças... foram sugadas para fora de seu corpo.

Kal piscou, os olhos azuis carregados de olheiras ficando alarmados.

— Sugadas? Como isso é possível?

Até onde sabia, nenhuma das nymphas tinha essa habilidade. Nem ele, ou qualquer um dos irmãos.

— Eu não sei. — A Huldra franziu as sobrancelhas, continuando a vasculhar o corpo alto e forte de Yan com sua magia. — Mas seus poderes também foram drenados. Por isso ficou tão esgotado.

— Há algo que possamos fazer para que ele se recupere mais rápido?

— Ele precisa descansar, Majestade. Pode ser um Arquimago, mas seu corpo ainda é feito de carne e osso. Infelizmente, não creio que há algo que eu ou o senhor possamos fazer. Apenas esperar que ele se recupere sozinho.

Droga, não havia tempo para esperar. Já tinham perdido terras demais, vidas demais com aquele incêndio. Precisava do irmão.

Precisava de ajuda.

— Maldição — sibilou, saindo da tenda e marchando até seu Backhast, o enorme e branco cavalo alado esperando pacientemente enquanto ajustava a sela em seu flanco.

— Para onde vai, senhor? — A Huldra parou na entrada na tenda, os olhos pretos e cansados preocupados.

Sim, precisava do irmão, precisava de ajuda. Mas também precisava de respostas, e já tinha esperado demais para obtê-las.

— Encontrar Freya. E dar um fim a tudo isso de uma vez por todas.

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