Capítulo 13

440 38 0
                                    

— Tenho que ir para a minha aula.
— Certo. Bem, conversamos mais tarde, então.
— Está bem. Boa sorte — ela acrescentou com uma expressão
grave. Ri, acenando quando ela ia embora, e sentei em uma das
cadeiras. Alguém sentou na cadeira ao lado da minha — Jenna. O
vice-diretor e Georgie entraram direto no gabinete. A porta se fechou
por trás deles com um estalido sinistro.
Depois de alguns segundos de silêncio, eu disse um “obrigada”
discreto.
Pelo canto do olho, vi Jenna se endireitar na cadeira. — Ninguém
pode tratar uma garota daquele jeito. Especialmente se essa garota é
você.
Olhei para ela de lado, sem virar a cabeça. — Bem, obrigada. Mas
você não precisava interferir. Podia ter deixado que eu socasse ele.
— Seria um belo soco, tenho que admitir.
— Por que você me impediu? — Não consegui evitar a pergunta.
Ela deu de ombros. — Para falar a verdade... não sei.
— Na verdade, já que estamos falando sobre o que houve, por que
você teve que se envolver? Aliyah, Moosa e Hunter ficariam bem.
— Talvez — disse ela.
— Você está se esquivando da pergunta.
Jenna sorriu. — Sim, estou. Eu acho... não queria vê-la se envolver
em uma briga, e não gostei de ouvir aqueles caras falando com você
daquele jeito... — ela deixou as palavras no ar, e passou a mão pelos
cabelos, enquanto o meu coração batia cada vez mais rápido.
E foi então que ela disse as palavras que acabaram com o último
fragmento da esperança que vinha crescendo dentro de mim. A frase
caiu como se rolasse por uma encosta: — Acho que você é como
uma irmã mais nova para mim ou algo do tipo.
— Ah, sim — eu disse, concordando com a cabeça. — É claro.
Ela assentiu também, e em seguida balançou a cabeça como se
estivesse tentando clarear as ideias.
Tentei manter a expressão neutra. — Você acha que vai ficar muito
encrencada? — perguntei, fingindo examinar minhas unhas.
— Não. Nunca fico encrencada. Especialmente quando descobrirem
que eu estava defendendo a sua honra — emendou, com um sorriso
torto.
— Haha, muito engraçado — devolvi, revirando os olhos. — Eu
estava falando sério.
Jenna balançou negativamente a cabeça. — Nunca começo brigas,
simplesmente as termino. Você sabe. Vou dizer isso para me
defender.
— Não vejo motivos para que eu esteja aqui.
— Oh, eles vão querer uma testemunha, só para comparar as
versões ou coisa do tipo. Adoram fazer isso.
Ri, olhando para Jenna e negando com a cabeça.
Ficamos sentados em silêncio por algum tempo, mas um silêncio
agradável, confortável, o que realmente me surpreendeu. Percebi
que, na realidade, aquele era o período de tempo mais longo que já
havia passado a sós com Jenna durante os últimos meses — a menos
que se considerasse o tempo do qual eu não me lembrava porque
estava bêbada.

Quando Georgie saiu e Jenna entrou, formei as palavras “boa sorte”
com os lábios. Ela simplesmente abriu aquele sorriso torto e bateu
continência para mim, antes de fechar a porta da sala do vice-diretor.
Fiquei sem nada para fazer além de tentar conseguir sinal de internet
para o meu celular, o que não era algo muito fácil de acontecer
naquela escola.
Quando saiu, ela sorriu para mim, indicando que tudo estava bem.
O vice-diretor Pritchett chamou. — Myers? — E fez um gesto para
que eu entrasse.
Suspirei e me levantei, indo até a sala dele. Nunca havia estado ali
antes; no máximo tinha passado diante da porta — e não era um
lugar muito receptivo.
O clima era pesado, remetendo a regras e castigos.
Ele me perguntou qual havia sido o motivo da briga. Então, disse a
verdade: alguns idiotas começaram a me provocar por causa de algo
imbecil que eu havia feito em uma festa na noite de sábado, e fiquei
bastante ofendida. Por isso, os rapazes entraram no meio e a briga
começou.
— Entendo. Bem, obrigado, Myers.
— Isso que eu disse não vai dar problemas para ninguém, não é?
Digo...
ninguém se machucou seriamente nem nada... — falei,
cautelosamente, enquanto me levantava e colocava a mochila por
cima do ombro.
O vice-diretor me deu um bilhete que justificava o meu atraso para
que eu o entregasse ao professor. — Não. Você confirmou as
histórias, apenas isso.
Não se preocupe, está bem? E cuidado para não se envolver com problemas.
Concordei com a cabeça, um pouco indecisa. — Certo...
— Agora, vá para a sua aula.
Aquela era a deixa para eu cair fora dali, e por isso não hesitei nem
por mais um segundo.

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora