AS BANDEJAS DA CANTINA TILINTAVAM AO MEU REDOR E,
QUANDO ergui o rosto, vi um enxame de garotas, tanto do terceiro
como do quarto ano, reunidas à minha volta.
— E então — disse Barclay, alegremente, sentando-se bem à minha
frente e com um sorriso enorme. — Conte tudo!
— Sobre o quê? — Franzi a testa, confusa, colocando o garfo ao lado
do meu prato de salada.
— Sobre Ortega, é claro! — disse Joy com um gritinho,
aproximando-se para ouvir melhor. — Nós queremos saber de tu-do!
Vocês duas estão ficando?
Bufei. — Meu Deus, não, nada disso.
— Mas você a chama de Jenna — disse uma das garotas, e virei o
rosto para olhar para Farmer, que havia baixado a voz para sussurrar
o nome, talvez com medo de que ela a ouvisse. — Você não a chama
de Ortega.
Dei de ombros. — Sempre fiz isso. Ela sempre esteve por perto,
desde que eu era criança. E disse até mesmo que sou como uma
irmã mais nova hoje de manhã. É só uma garota legal.
— Uma garota legal que sempre se envolve em brigas? — disse
Naomi, erguendo uma sobrancelha cética. — Ah, faça me o favor.
Ela protege você. E faz isso desde sempre.
Apertei os olhos e senti a minha testa franzir outra vez. — O que você
quer dizer com isso? Que ela me protege desde sempre?
Todas as garotas se entreolharam. E então, finalmente, Farmer disse:
— Quer dizer que você não sabe?
— É óbvio que não! — exclamei, ficando mais frustrada a cada
segundo. — O que é que eu não sei?
— Ortega sempre mandou que os rapazes ficassem longe de você —
confidenciou Johnna. — Disse que, se algum deles fizesse qualquer
coisa que pudesse magoá-la, iriam se ver com ela.
Pisquei algumas vezes, olhando diretamente para ela e, em seguida,
explodi em uma gargalhada. — Você está brincando, né?
As garotas se entreolharam mais uma vez, e me forcei a voltar para a
realidade.
— Ah, parem com isso. Olhem, ela só está agindo com o se fosse uma
irmã mais velha e protetora, está bem? Só isso.
Elas trocaram olhares de dúvida novamente.
Joy finalmente disse: — Bem, se você tem certeza absoluta de que
é isso...
— Cento e dez por cento de certeza. Perguntem a Aliyah, se não
acreditam em mim.
— Por falar nisso, onde está sua outra metade? — perguntou
Farmer
— Está na aula de marcenaria. Ela queria começar a fazer a nossa
placa para a barraca. Eu, por outro lado, queria vir almoçar.
— Certo — disse Cath. — Ei, você conseguiu convencer Ortega a
trabalhar na barraca?
— Ela disse que não vai. Tentei. Acredite em mim, eu tentei.
Todas as garotas suspiraram. — Queria que ela fosse. Eu iria gastar
uma boa grana nessa barraca — disse Barclay, fazendo todas rirem.
— Ela disse o motivo pelo qual não quer participar? — perguntou
Johnna
Dei de ombros. — Não, não chegou a dizer.
— Ei, talvez Ortega venha até a barraca, mesmo que não trabalhe nela
— disse Naomi, subitamente, com um brilho nos olhos enquanto olhava
de Johnna para Joy e Barclay
Todas imediatamente começaram a soltar vários gritinhos de
empolgação.
Não podia culpá-las por isso.
— Oh, meu Deus! Emma, se você não conseguir convencê-la a
trabalhar na barraca, pelo menos faça com que ela passe por lá.
Vacilei um pouco. — Não posso prometer nada...
— Mas vai tentar? — insistiu Joy.
Ouvi o meu celular apitar, e comecei a procurar nos meus bolsos
antes de perceber que aquela saia infernal não tinha bolsos. Suspirei
antes de pegar minha bolsa e revirá-la atrás do meu celular.
Venha para a oficina de marcenaria, estamos precisando de ajuda! —
dizia a mensagem.
Guardei meu celular outra vez e me levantei, pegando a bandeja do
almoço.
— Tenho que ir dar uma ajuda a Aliyah, Acho que ele precisa de um
toque de Emma Myers
Elas riram e começaram a se despedir.
— Ah, Emma?
Olhei para trás. — Sim?
— Pergunte a ela — mandou Joy, com um olhar incisivo.
Ri e confirmei com um aceno de cabeça, fazendo todas soltarem
gritinhos, e em seguida neguei com a cabeça, pensando comigo
mesma.
Certo, na realidade, eu não estava me sentindo muito melhor. Mesmo
assim, havia superado aquela fase em que ela era a minha crush.
Completamente, já que ela havia me dito que eu era apenas uma
irmã para ela.
Mas isso não significava que ela fosse menos atraente.
Quando cheguei à oficina de marcenaria, Aliyah estava batucando um
lápis impacientemente contra uma enorme placa de madeira. Depois
de apenas dez segundos, aquilo já estava me deixando louca — e eu
não culpava o professor, o sr. Preston, por deixar Aliyah sozinha ali e
procurado um pouco de paz em sua sala nos fundos da oficina.
— Oi — falei, mas Aliyah não me notou até eu estar bem diante dela.
Deixei minha mochila cair ruidosamente, despertando-o.
— Ah, não ouvi você entrar.
— Estou vendo, mesmo. Então para que você precisava de mim?
Apontou para a tábua diante dele. — De que tamanho você acha que
eu devia desenhar as letras?
Soltei um suspiro e, em seguida, afofei os cabelos antes de puxá-los
para trás em um rabo de cavalo. — Certo, gatinha. Me dê esse lápis.
Desenhei as letras da BARRACA DO BEIJO na enorme placa de
madeira.
— Mas elas não estão uniformes. Aquele “O” está bem mais estreito
do que esse outro aqui. E o B está com metade do tamanho daquele A.
— Sei disso. Mas você pode retocar as letras e deixar tudo mais
proporcional. Não importa se não ficar perfeito, com o que tenho em
mente.
— Estou louca para ouvir.
Mordi o lábio, tentando encontrar as palavras certas para descrever a
imagem na minha cabeça. Não era fácil. — Bem, nós conseguimos a
placa principal para a barraca, e vamos desenhar essas letras em
ângulos diferentes para que elas acabem se sobrepondo e apontem
para várias direções, porque isso vai ser bem melhor do que
simplesmente escrever “Barraca do Beijo”.
Faz sentido?
Aliyah concordou com a cabeça, olhando para a placa. Eu podia
praticamente ouvi-la organizando a ideia em sua mente. — Estou
percebendo o que você quer dizer. Vai ficar legal.
— Eu sei que vai.
Ela começou a desenhar as linhas com contornos mais grossos,
medindo todas para que ficassem retas e perfeitas. Sentei-me no
banco de frente para ela, balançando as pernas.
— Ei, você sabia que o sua irmã manda os garotos ficarem
longe de mim?
Aliyab nem fez menção de erguer os olhos para olhar para mim;
simplesmente deu de ombros. — Claro. Todo mundo sabe disso.
— Exceto eu. Como foi que nunca fiquei sabendo? E por que
você nunca me contou?
— Não sei. Achei que você iria acabar descobrindo isso conforme os
anos passavam. Por que você acha que os rapazes nunca
convidaram você para sair?
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The Kissing Booth
FanfictionEmma Myers vive um dilema romântico: Ela está apaixonada pela irmã mais velha da sua melhor amiga, mas não pode ficar com ela, pelo menos é o que ela acha. *Essa história é uma adaptação do livro A Barraca do Beijo* (Jenna é uma personagem intersexu...