Capítulo 14

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AS BANDEJAS DA CANTINA TILINTAVAM AO MEU REDOR E,
QUANDO ergui o rosto, vi um enxame de garotas, tanto do terceiro
como do quarto ano, reunidas à minha volta.
— E então — disse Barclay, alegremente, sentando-se bem à minha
frente e com um sorriso enorme. — Conte tudo!
— Sobre o quê? — Franzi a testa, confusa, colocando o garfo ao lado
do meu prato de salada.
— Sobre Ortega, é claro! — disse Joy com um gritinho,
aproximando-se para ouvir melhor. — Nós queremos saber de tu-do!
Vocês duas estão ficando?
Bufei. — Meu Deus, não, nada disso.
— Mas você a chama de Jenna — disse uma das garotas, e virei o
rosto para olhar para Farmer, que havia baixado a voz para sussurrar
o nome, talvez com medo de que ela a ouvisse. — Você não a chama
de Ortega.
Dei de ombros. — Sempre fiz isso. Ela sempre esteve por perto,
desde que eu era criança. E disse até mesmo que sou como uma
irmã mais nova hoje de manhã. É só uma garota legal.
— Uma garota legal que sempre se envolve em brigas? — disse
Naomi, erguendo uma sobrancelha cética. — Ah, faça me o favor.
Ela protege você. E faz isso desde sempre.
Apertei os olhos e senti a minha testa franzir outra vez. — O que você
quer dizer com isso? Que ela me protege desde sempre?
Todas as garotas se entreolharam. E então, finalmente, Farmer disse:
— Quer dizer que você não sabe?
— É óbvio que não! — exclamei, ficando mais frustrada a cada
segundo. — O que é que eu não sei?
— Ortega sempre mandou que os rapazes ficassem longe de você —
confidenciou Johnna. — Disse que, se algum deles fizesse qualquer
coisa que pudesse magoá-la, iriam se ver com ela.
Pisquei algumas vezes, olhando diretamente para ela e, em seguida,
explodi em uma gargalhada. — Você está brincando, né?
As garotas se entreolharam mais uma vez, e me forcei a voltar para a
realidade.
— Ah, parem com isso. Olhem, ela só está agindo com o se fosse uma
irmã mais velha e protetora, está bem? Só isso.
Elas trocaram olhares de dúvida novamente.
Joy finalmente disse: — Bem, se você tem certeza absoluta de que
é isso...
— Cento e dez por cento de certeza. Perguntem a Aliyah, se não
acreditam em mim.
— Por falar nisso, onde está sua outra metade? — perguntou
Farmer
— Está na aula de marcenaria. Ela queria começar a fazer a nossa
placa para a barraca. Eu, por outro lado, queria vir almoçar.
— Certo — disse Cath. — Ei, você conseguiu convencer Ortega a
trabalhar na barraca?
— Ela disse que não vai. Tentei. Acredite em mim, eu tentei.
Todas as garotas suspiraram. — Queria que ela fosse. Eu iria gastar
uma boa grana nessa barraca — disse Barclay, fazendo todas rirem.
— Ela disse o motivo pelo qual não quer participar? — perguntou
Johnna
Dei de ombros. — Não, não chegou a dizer.
— Ei, talvez Ortega venha até a barraca, mesmo que não trabalhe nela
— disse Naomi, subitamente, com um brilho nos olhos enquanto olhava
de Johnna para Joy e Barclay
Todas imediatamente começaram a soltar vários gritinhos de
empolgação.
Não podia culpá-las por isso.
— Oh, meu Deus! Emma, se você não conseguir convencê-la a
trabalhar na barraca, pelo menos faça com que ela passe por lá.
Vacilei um pouco. — Não posso prometer nada...
— Mas vai tentar? — insistiu Joy.
Ouvi o meu celular apitar, e comecei a procurar nos meus bolsos
antes de perceber que aquela saia infernal não tinha bolsos. Suspirei
antes de pegar minha bolsa e revirá-la atrás do meu celular.
Venha para a oficina de marcenaria, estamos precisando de ajuda! —
dizia a mensagem.
Guardei meu celular outra vez e me levantei, pegando a bandeja do
almoço.
— Tenho que ir dar uma ajuda a Aliyah, Acho que ele precisa de um
toque de Emma Myers
Elas riram e começaram a se despedir.
— Ah, Emma?
Olhei para trás. — Sim?
— Pergunte a ela — mandou Joy, com um olhar incisivo.
Ri e confirmei com um aceno de cabeça, fazendo todas soltarem
gritinhos, e em seguida neguei com a cabeça, pensando comigo
mesma.
Certo, na realidade, eu não estava me sentindo muito melhor. Mesmo
assim, havia superado aquela fase em que ela era a minha crush.
Completamente, já que ela havia me dito que eu era apenas uma
irmã para ela.
Mas isso não significava que ela fosse menos atraente.
Quando cheguei à oficina de marcenaria, Aliyah estava batucando um
lápis impacientemente contra uma enorme placa de madeira. Depois
de apenas dez segundos, aquilo já estava me deixando louca — e eu
não culpava o professor, o sr. Preston, por deixar Aliyah sozinha ali e
procurado um pouco de paz em sua sala nos fundos da oficina.
— Oi — falei, mas Aliyah não me notou até eu estar bem diante dela.
Deixei minha mochila cair ruidosamente, despertando-o.
— Ah, não ouvi você entrar.
— Estou vendo, mesmo. Então para que você precisava de mim?
Apontou para a tábua diante dele. — De que tamanho você acha que
eu devia desenhar as letras?
Soltei um suspiro e, em seguida, afofei os cabelos antes de puxá-los
para trás em um rabo de cavalo. — Certo, gatinha. Me dê esse lápis.
Desenhei as letras da BARRACA DO BEIJO na enorme placa de
madeira.
— Mas elas não estão uniformes. Aquele “O” está bem mais estreito
do que esse outro aqui. E o B está com metade do tamanho daquele A.
— Sei disso. Mas você pode retocar as letras e deixar tudo mais
proporcional. Não importa se não ficar perfeito, com o que tenho em
mente.
— Estou louca para ouvir.
Mordi o lábio, tentando encontrar as palavras certas para descrever a
imagem na minha cabeça. Não era fácil. — Bem, nós conseguimos a
placa principal para a barraca, e vamos desenhar essas letras em
ângulos diferentes para que elas acabem se sobrepondo e apontem
para várias direções, porque isso vai ser bem melhor do que
simplesmente escrever “Barraca do Beijo”.
Faz sentido?
Aliyah concordou com a cabeça, olhando para a placa. Eu podia
praticamente ouvi-la organizando a ideia em sua mente. — Estou
percebendo o que você quer dizer. Vai ficar legal.
— Eu sei que vai.
Ela começou a desenhar as linhas com contornos mais grossos,
medindo todas para que ficassem retas e perfeitas. Sentei-me no
banco de frente para ela, balançando as pernas.
— Ei, você sabia que o sua irmã manda os garotos ficarem
longe de mim?
Aliyab nem fez menção de erguer os olhos para olhar para mim;
simplesmente deu de ombros. — Claro. Todo mundo sabe disso.
— Exceto eu. Como foi que nunca fiquei sabendo? E por que
você nunca me contou?
— Não sei. Achei que você iria acabar descobrindo isso conforme os
anos passavam. Por que você acha que os rapazes nunca
convidaram você para sair?

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora