Aliyah soltou um gemido. - Por que você precisa fazer compras? Já
não tem roupas demais?
- Sim, tenho... mas você vai dar uma festa hoje à noite e eu estou de
bom humor, já que finalmente conseguimos resolver a questão da
barraca. Por isso, vamos sair para comprar alguma coisa para eu
vestir hoje à noite.
Aliyah gemeu outra vez. - Você quer comprar um vestido sexy para
impressionar o minha irmã, não é?
- Não. Só quero comprar algo para vestir. Mas se conseguir
impressionar a sua irmã... vai ser só um bônus. Ou melhor, vai ser
um milagre. Nós duas sabemos que ela não pensa em mim dessa
maneira.
Aliyah suspirou. - Tudo bem, tudo bem, vamos fazer compras. Pare de
choramingar.
Abri um sorriso; sabia que podia convencê-la. Aliyah percebeu que eu
estava só fazendo manha, mas não podia aguentar de qualquer
maneira.
Peguei o meu moletom e esperei até que Aliyah pegasse sua carteira e
os tênis.
Desci as escadas aos saltos enquanto ela me seguia. Entramos no
seu carro - um Mustang 1965 que ela conseguiu por uma pechincha
em um ferro-velho - e Aliyah deu a partida.
- Obrigada, Aliyah
- As coisas que eu faço por você... - suspirou, mas estava sorrindo.
CHEGAMOS AO SHOPPING DEPOIS DE VINTE MINUTOS. ALIYAH
DESLIGOU o motor, minhas orelhas ainda retinindo por causa do hiphop que tocava no rádio a todo vapor.
- Você sabe que está me devendo uma por me arrastar até aqui.
- Eu te pago um donut.
Aliyah vacilou um pouco. - E um milk-shake também.
- Fechado.
Ela colocou o braço ao redor dos meus ombros, e rapidamente
percebi o motivo - ela me levou diretamente até a praça de
alimentação antes que eu pudesse me esquecer convenientemente
do suborno que havia proposto.
Depois que estava pacificada pelos doces, Aliyah ficou muito feliz em vir
atrás de mim para ver as lojas.
Depois de olhar em algumas, encontrei o traje perfeito.
Era um vestido cor de coral; a saia não era muito justa nem muito
curta, e o decote tinha a medida certa para valorizar o meu busto sem
revelar o que não devia. O material tinha uma leve transparência e
fazia volume do lado esquerdo da peça, escondendo o zíper longo.
- Nós vamos ter que comprar sapatos também? - gemeu Aliyah
enquanto eu anunciava que ia experimentar o vestido.
- Não, eu já tenho sapatos, Aliyah - respondi, revirando os olhos.
- Ah, claro. Bem, você já tem roupas também, mas isso não foi
motivo para que desistisse da ideia - murmurou, seguindo-me até o
provador. Sem pensar duas vezes, entrou no cubículo comigo e
deitou-se na banqueta.
Também não pensei duas vezes ao me trocar na frente dela.
- Pode me ajudar com o zíper?
Ela suspirou, exaurida, e ficou em pé para fazer o que eu pedi. Olhei-me no espelho, alisando o vestido. Parecia mais bonito no cabide, pensei, sentindo um pouco de dúvida. Mostrava demais as pernas...
Aliyah assobiou. - Ficou legal.
- Cale a boca. Você acha que ficou curto demais?
Ela deu de ombros e acertou um tapa na minha bunda. - Quem se
importa?
Sem fazer muita força, dei um tapa na parte de trás da cabeça dela.
- Estou falando sério, Aliyah. Você acha que ficou muito curto?
- Bem... um pouco, talvez. Mas ficou bonito.
- Tem certeza?
- Você acha que eu mentiria para você, Emmy? - perguntou ela,
fingindo tristeza, exibindo uma expressão de dor no rosto e
cambaleando para trás, com as duas mãos sobre o coração.
Eu a encarei pelo espelho com a expressão séria. - Você quer
mesmo que eu responda, Aliyah?
- Não, acho que não - disse ela, rindo. - E então, vai levar?
Fiz que sim com a cabeça. - Sim, acho que sim. Está em promoção
pela metade do preço.
- Legal. - Em seguida, ela resmungou. - Você não vai gastar a
outra parte em sapatos, não é? Por favor, diga que não vai fazer isso.
Se fizer, você vai ficar me devendo uma soda e uma pizza.
- Prometo que não vou comprar sapatos nem qualquer outra coisa,
está bem? Podemos ir para casa depois que eu comprar o vestido. -
Tirei a peça e voltei a vestir o meu jeans, a blusinha e o moletom; o
ar-condicionado do shopping deixava o lugar incrivelmente gelado.
- Ah... - suspirou ela. - Eu queria uma pizza.
Ri, saindo do cubículo com ela a reboque. E acabei trombando com
alguma coisa... não, com alguém.
- Perdão - eu disse, por reflexo. Em seguida, percebi quem era. -
Ah, oi, Barclay
Ela olhou com uma expressão desconfiada para nós, e um sorriso
malandro começou a se formar em seu rosto. Barclay era a maior
fofoqueira da escola, e embora tivesse um bom coração, era também
uma daquelas pessoas capazes de irritar alguém com bastante
facilidade.
- O que vocês dois estão fazendo aqui? Aliyah, você sabe que esse provador só pode entrar uma por vez
Ela deu de ombros. - Emma queria uma opinião sincera.
- Certo. - Barclay falou como se estivesse decepcionada e
esperasse uma razão mais digna de virar fofoca. - Com certeza. Ei,
ouvi dizer que você vai dar uma festa hoje à noite. Sua irmã vai estar
lá, não é?
Aliyah revirou os olhos. - Vai, sim.
Barclay abriu um sorriso reluzente - Que maravilha!
- Você veio comprar um vestido também? - perguntei a ela, apenas
para puxar conversa.
- Não, eu precisava de um jeans novo. Meu cachorro decidiu que
minha calça antiga era um brinquedo melhor do que a bolinha que
apita.
Eu ri. - Que beleza de cachorro.
- Nem me lembre. Você vai usar isso aí na festa de hoje? - Ela
indicou o vestido que estava nas minhas mãos.
- Vou
- Não sei se essa cor cai bem em você... - disse ela, mas percebi o
movimento sutil de um músculo em sua bochecha, e havia aprendido
a identificar aquela expressão no decorrer dos anos. Inveja. Vi aquilo
como um bom sinal.
- Hmmm, talvez... mas está em promoção. Não consigo resistir a
uma oferta dessas.
Ela riu, educadamente. - Ah, é claro. Bem, a gente se vê mais tarde,
então!
- Tchau, Barclay! - dissemos ao mesmo tempo, e eu ouvi Aliyah
suspirar e balbuciar sobre o quanto ela o irritava.
Paguei pelo vestido e paramos mais uma vez na praça de
alimentação para que ela pudesse pegar uma fatia de pizza antes de
irmos embora. Peguei somente um milk-shake.
- Não derrube isso no meu bebê - avisou Aliyah enquanto eu entrava
no carro, sugando a bebida pelo canudo.
- É claro que não! - Mas quase derrubei e, percebendo a
expressão ameaçadora em seu olhar, não me atrevi a tomar outro
gole até pararmos diante de um semáforo vermelho.
Quando Aliyah estacionou diante da sua casa, olhei o relógio. - Quase
seis horas... é melhor eu ir para casa e me arrumar.
- Às vezes você realmente faz coisas de garota, Emmy.
Eu ri. - Você só percebeu isso agora?
Aliyah riu e entrou em sua casa. - Até mais tarde - disse ela, por cima
do ombro.
- Tchau!
Não havia ninguém em casa quando cheguei, mas isso não me surpreendeu
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The Kissing Booth
FanfictionEmma Myers vive um dilema romântico: Ela está apaixonada pela irmã mais velha da sua melhor amiga, mas não pode ficar com ela, pelo menos é o que ela acha. *Essa história é uma adaptação do livro A Barraca do Beijo* (Jenna é uma personagem intersexu...