Capítulo 12

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Isabel engasgou com o seu cereal quando entrei na cozinha. Riu com
tanta força que cuspiu seus Cheerios por todo lugar. — Mas que
diabo é isso?
— Isabel, cuidado com essa boca suja — ralhou o meu pai. Em
seguida, virou-se para olhar para mim e ergueu as sobrancelhas. —
Isso não é meio...
inadequado para usar na escola, Emma?
Bufei, fechando a cara. — Minha calça rasgou.
— Como você conseguiu fazer isso?
— Esqueci de consertar o buraco nela e... não sei. Ela simplesmente
rasgou.
Meu pai suspirou. — Você vai ter que comprar outra. Não estou com
tempo de correr até o shopping para lhe comprar uma calça nova.
— Sim, eu sei.
Eu mal havia terminado de comer meu cereal quando ouvi Aliyah
buzinar impacientemente do lado de fora. Coloquei minha tigela na
pia e me despedi da minha família. Corri até o carro, entrando antes
que alguém pudesse me ver de saia.
— Você está de saia — comentou Aliyah.
— Parabéns, Sherlock — murmurei. — Vamos logo.
— O que acabou com o seu humor logo cedo? — provocou ela.
— Minha calça rasgou.
— Achei que você ia consertá-la.
— Esqueci.
— Está ótima, Emmy, não se preocupe. Você realmente devia usar
saias mais vezes.
Dei um tapa em seu braço; Aliyah sorriu e ligou o rádio. Não demorou
muito até chegarmos à escola. Disse a mim mesma para engolir o
orgulho e, depois de respirar fundo, saí do carro. Chegamos um
pouco mais tarde do que o habitual, e a maioria das pessoas já
estava por ali.
Bati a porta do carro e fui até o outro lado para sentar sobre o capô
com Aliyah quando um grupo de rapazes veio nos cumprimentar.
— Ei, você está uma gata — disse Moosa com um aceno de cabeça,
piscando um olho para mim.
Fechei a cara, cruzando os braços. — Cale a boca.
— O que foi? — ele protestou, fazendo-se de inocente. Eu sabia que
ele só estava brincando, mas meu humor não estava bom para
aguentar aquilo.
Decidi sair dali e conversar com algumas das garotas, quando vi Gwen
e Cath, com quem faço aula de química, alguns carros mais adiante.
Alguém deu um tapa na minha bunda quando passei, e virei para trás,
furiosa.
Era uma das jogadoras do time de futebol, Whatson, que me encarava
com um sorriso torto.
— Por acaso você deu um tapa na minha bunda? — perguntei,
apertando os dentes.
— Talvez.
— Ei, perdi a festa do sábado — disse Georgie, seu amigo. Eu não o
conhecia muito bem, mas, pelo que já havia visto, era um panaca
arrogante. E, como se quisesse comprovar que realmente era, ele
emendou: — Será que vai ter uma reprise da sua performance?
Alguns dos garotos riram e aplaudiram, e Georgie começou a rebolar
como uma garota e a tirar a camisa de dentro da barra da calça como
se fosse ficar nu. Até que a cena seria engraçada, mas eu estava
muito irritada com ele e sua cara de superior.
Apertei os dentes. — Ah, vê se cresce.
Georgie segurou no meu pulso e me puxou em sua direção.
Provavelmente estava achando tudo aquilo uma brincadeira, mas eu
tinha uma ideia bem diferente. Puxei o braço para trás e o encarei
com uma expressão irritada.
— Ei, pare com isso — esbravejou Aliyah, chegando mais perto.
— Me obrigue — rebateu Georgie, abrindo os braços para desafiá-lo.
E assim eu o soquei.
Bem, tentei — alguém segurou o meu punho antes que eu o
acertasse no queixo.
Puxei a mão para me desvencilhar daquela pegada, mas não antes
que um punho diferente acertasse a cara de Georgie. Então, ele foi
empurrado contra a velha caminhonete que estava ao nosso lado,
finalmente me largando.
Olhei ao redor. É claro. Tinha que ser Jenna. Foi ela que interferiu.
— Briga! Briga! Briga!
De repente, havia uma aglomeração enorme no meio do
estacionamento, todos gritando Briga! Briga! , ou reagindo
adequadamente com frases como Ahhh, ou Ai, isso deve ter doído,
conforme apropriado. E eu estava presa bem ali, no olho do furacão,
paralisada, incapaz de me mover.
Levou uns dois segundos até que a realidade me fizesse acordar
novamente.

Avancei correndo, tentando afastar Jenna de Georgie, que estava com o
lábio partido e sangrando. Não poderia estar mais lívido, mesmo se
quisesse.
— Jenna! — gritei várias vezes, mas ela não me ouvia. Os rapazes
estavam todos gritando e batendo boca, agora, para completar, havia
também um professor tentando controlar a situação, mas o meu
cérebro não percebeu nada daquilo.
— Aliyah! — tentei pedir, sentindo-me impotente, puxando seu braço. —
Faça alguma coisa!
— O que você acha que estou fazendo? — respondeu ela, ríspida. —
Ninguém trata a minha melhor amiga assim e sai impune.
— Aliyah... — suspirei, derrotada, quando ela voltou a gritar e empurrar
a massa de rapazes.
— Cara, se você gosta dela, não tem problema — esbravejou
Georgie com Jenna. — Mas tenho certeza de que sobra para mais
gente.
Ele se esquivou de outro soco e encarou Jenna, desafiando-o a
continuar a briga.
Mas eu fiquei ali, olhando feio para ela. — O que você disse?
— Você me ouviu — disse ele, piscando o olho.
Fiz uma careta.
— Já chega! — rosnou Jenna.
— Ortega! — gritou o professor, aproximando-se por entre a multidão
que se dispersava rapidamente.
As outras brigas pararam naquele momento, e Jenna só parou porque
fiquei bem diante dela, com as mãos em seu peito, empurrando-a para trás.
— O que significa isso? — quis saber o professor. Reconheci a voz
do vice-diretor Pritchett.
— É só um enorme mal-entendido — disse a ele. — Sério.
— Todos vocês. Uma semana de detenção. Jenna Ortega, Georgie,
quero vocês dois na minha sala agora. Você também, Myers.
Fiquei boquiaberta. — O que foi que eu fiz?
— Nada. Mas eu gostaria de dar uma palavrinha com você.
Suspirei, decepcionada e, de repente, senti um braço ao meu redor.
Era Aliyah
— Obrigada — balbuciei. — Mas você não devia ter se envolvido.
— É claro que devia. Ninguém pode tratar você assim, Emmy.
— Você faz isso o tempo todo.
— Mas eu posso. Somos amigas. Esses idiotas... eles não podem
falar assim com você e sair impunes.
— Bem, obrigada — disse, dando-lhe um abraço de lado bem
desajeitado.
Ela retribuiu o abraço. — Sabe de uma coisa? — murmurou na minha
orelha. — Estou começando a pensar que o minha irmã gosta de
você, Emmy.
Bufei. — É isso ou então ela estava procurando briga.
— Ah, provavelmente é a segunda opção, então.
— Definitivamente — corrigi, fazendo-o rir. O sinal tocou quando chegamos à sala do vice-diretor, e Aliyah suspirou...

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora