Capítulo 26

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Tive que chamar Aliyah para conversar a sós. — Vocês duas ficam
lindas juntos. Aparentemente, já faz algumas semanas que ela gosta
de você.
— Sério? — ela sorriu, encarando-me com os olhos arregalados.
— Aham.
— Legal.
— Fiquei feliz por você a ter convidado para sair. Já faz uma
eternidade que está solteira.
— Enjoando da minha companhia? — ela provocou.
— Não — ri. — Estou feliz por você, só isso!
— Sim, eu também. Gosto dela.
— Eu sei. Você já disse isso várias vezes!
Ela riu e passou o braço ao redor dos meus ombros enquanto
voltávamos para nossa barraca. — Agora, precisamos somente
encontrar um cara que seja corajoso o suficiente para se arriscar a
sofrer minha ira e convidá-la para sair.
Sem falar que precisa ser bravo o suficiente para enfrentar as
ameaças de Jenna também.
Soltei uma risada seca. — Isso nunca vai acontecer. Vou morrer
solteira se ela não parar com isso.
— Ah, o que é isso? Talvez uma virgem de quarenta anos...
Dei uma cotovelada nela e mordi meu algodão-doce. — Cale a boca
— disse, com a boca cheia.
Ela riu. — Estou só brincando, você sabe.
— Sim, eu sei.
Naomi, Joy, Doohan e Moosa haviam voltado para a barraca alguns
minutos atrás. Aliyah e eu fomos até a parte de trás, pegando o dinheiro
e guardando-o em segurança na nossa caixa de metal. A fila estava
bem grande agora. Garotas empolgadas retocavam o gloss nos lábios
para beijar os jogadores de futebol americano, e os garotos tentavam
decidir qual das garotas iriam beijar, comparando-as.
Aliyah e eu ficamos esperando em um dos lados, observando enquanto
as pessoas passavam.
De repente, Naomi saiu correndo do interior da barraca, com uma
expressão aterrorizada no rosto.
— O que aconteceu? Você está bem? O que houve? — perguntamos,
alarmados. Pensei que talvez algum dos rapazes tivesse tentado
fazer alguma coisa de que ela não gostou.
— Não posso — disse ela, histericamente. — Não posso fazer isso!
Ele está lá!
— Quem?
— O seu ex? — tentou Aliyah, franzindo a testa.
Ela olhou para mim e para ele, e em seguida assentiu, mordendo o
lábio.
— Sim... claro, vamos cuidar disso.
— Mas... mas nós não podemos... não podemos deixar Naomi sozinha
na barraca até que ele vá embora — gaguejei.
Subitamente senti um empurrão entre as omoplatas. — Entre na
barraca! — sibilou Aliyah para mim. — Pelo menos até que o ex da
Naomi suma.
— Mas... mas...
Eu não podia trabalhar na barraca do beijo! Nunca havia beijado um
rapaz em toda a minha a vida!
— Você precisa ir lá. Não temos escolha! — implorou ela.
Primeiro, monto numa motocicleta em disparada — com Jenna, entre
todas as pessoas. Agora, estou aqui trabalhando na barraca do beijo.
Será que alguém pode me ajudar a lembrar por que achei que isso
seria uma boa ideia?
— Vai ser um belo treino! — disse ela, brincando, enquanto eu saía
dali, estonteada.
Fui até a banqueta vazia de Naomi, ainda tonta, e peguei o batom que
estava no balcão, aplicando um pouco.
Tinha uma cor vermelho vivo — não exatamente uma cor que eu
usaria. Eu não estava nem mesmo vestida adequadamente para
trabalhar na barraca.
Olhei para a fila de rapazes diante de mim. Naomi me encarou com um
olhar de apoio antes de chamar. — Próximo!
E foi então que eu o vi.
Virei para trás bruscamente para olhar para Naomi e Aliyah, com uma
expressão assustada e os olhos arregalados.
Não era o ex de Naomi que estava esperando na fila.
— Ortega? — eu disse, quase em um sussurro, boquiaberta. Meu
coração estava querendo arrebentar as costelas, e meus olhos já
estavam esbugalhados.
Eu não conseguia acreditar! Depois de todos pedirem tantas vezes
que o convencesse a vir à barraca, ela deu para trás — e Naomi dizia
que Jenna era a sua crush! Que palhaçada!

— Desculpe! — disse ela, silenciosamente, formando a palavra com
os lábios.
— Próximo? — chamou Naomi outra vez.
Bosta. Ela era a próxima.
Engoli em seco. Naomi me deu uma olhada como se dissesse para eu
dar logo um fim nisso.
Assim, engoli em seco e chamei, com a voz trêmula: — Próximo?
Jenna entrou na barraca e sentou-se diante de mim.
— Desde quando você está trabalhando na barraca do beijo? — ela
perguntou.
— Desde que você apareceu e Naomi resolveu fugir da raia —
balbuciei, enquanto ela me olhava de cima a baixo. — O que foi? Eu
não estou vestida para isso, está bem?
— Não, você está ótima.
— Ah. — Pisquei os olhos, chocada. Isso era quase como se ela
dissesse que sou bonita. — Obrigada... Não achei que você fosse
aparecer aqui.
Ela deu de ombros. — Eu não paguei para conversar com você,
sabia? — disse ela, colocando os dois dólares no balcão com um
movimento firme. — Paguei por um beijo.
Ela está só brincando... não é?
Está só me provocando. Deve ser algum tipo de pegadinha.
Ela ergueu a sobrancelha e olhou para mim, esperando.
Ah, meu Deus. Ela não está brincando. Preciso beijá-la.
Não conseguia me acostumar com a ideia de que o meu primeiro
beijo seria com Jenna Ortega. A irmã mais velha da minha melhor
amiga. A garota que conseguia fazer com que eu sentisse as coisas
mais inexplicáveis e me levar à loucura em cerca de três segundos.
Engoli em seco, e acho que ela deve ter ouvido, porque ergueu a
sobrancelha enquanto olhava para mim. Meus olhos baixaram
lentamente até apontarem para os lábios dela; pareciam muito macios
e receptivos.
Minha mente se deixou lentamente tomar pela lembrança de Jenna
usando sua toalha... no seu uniforme do time de futebol americano...
E eu estava prestes a beijá-la.
Sabia que não teria que fazer aquilo se não quisesse; ninguém podia
me forçar a beijá-la. E essa era a pior parte: eu tinha a opção de
recusar, mas não consegui reunir forças para fazer isso.
Inclinei-me para frente conforme ela fazia o mesmo.
E se eu estivesse com algodão-doce preso entre os dentes? E se a
minha boca estivesse com um gosto nojento?
Cale a boca, cale a boca, cale a boca!
Meu primeiro beijo...

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora