Capítulo 2

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- Porque eu queria estar na comissão de dança - enfatizei. - Não imaginava que a gente teria que organizar o festival, também.
- Isso é uma droga.

- Eu sei. Ah, e se contratássemos um daqueles... você sabe. - Fiz um movimento de balanço com as mãos. - Aquela coisa que tem o martelo.

- Onde eles testam a força das pessoas?

- Sim. Uma coisa dessas.

- Não, outro grupo já teve essa ideia e fechou o contrato.

Suspirei. - Então, não sei. Não resta muita coisa. Já estão usando todas as ideias.

Nós nos entreolhamos e dissemos ao mesmo tempo: - Eu disse que devíamos ter começado a planejar isso antes.

Nós rimos e Aliyah sentou-se diante do computador, fazendo a cadeira girar lentamente.

- Uma casa mal-assombrada, talvez?

Olhei para ela com uma expressão impassível, na verdade, tentei, pelo menos. Não era fácil atrair a atenção de Aliyah enquanto ela ficava girando na cadeira daquele jeito.

- Estamos na primavera, Aliyah. Não no Halloween.

- Sim. E daí?

- Não. Nada de casa mal-assombrada.

- Tudo bem - resmungou ela. - O que você sugere, então?

Dei de ombros. A verdade era que eu não fazia a menor ideia. Estávamos bastante encrencadas. Se não pensássemos em nada
para uma barraca, acabaríamos sendo expulsas do grêmio estudantil, o que significaria que não poderíamos mencionar isso nos nossos históricos escolares antes de nos candidatar para as faculdades no ano que vem.

- Não sei. Não consigo pensar com esse calor.

- Então tire esse moletom e invente alguma coisa.

Revirei os olhos e Aliyah começou a pesquisar ideias para barracas para o Festival da Primavera no Google. Puxei o blusão por cima da cabeça e senti o sol bater na barriga. Tentei puxar os braços por dentro das mangas para abaixar a blusinha que eu estava vestindo por baixo...

- Aliyah - eu disse, com a voz abafada. - Que tal uma ajudinha?

Ela deu uma risadinha, e ouvi quando ela se levantou. Naquele momento, a porta do quarto abriu e pensei por um minuto que ela me deixaria ali, naquela situação complicada, mas no instante seguinte ouvi uma voz diferente.

- Ei, vocês podiam pelo menos trancar a porta se forem fazer isso.

Fiquei paralisada, com as bochechas ficando rosadas enquanto Aliyah puxava a minha blusinha para baixo e arrancava o blusão por cima da minha cabeça, deixando o meu cabelo armado com a estática.

Ergui o rosto para ver a irmã mais velha dela encostado no batente da porta, olhando para mim com um sorriso torto.

- Oi, Emmy - disse ela para me cumprimentar, sabendo que eu detestava quando me chamavam de Emmy. Eu não ligava muito quando Aliyah fazia isso, mas Jenna era um caso completamente diferente: fazia apenas para me irritar.

Ninguém mais se atrevia a me chamar de "Emmy"; não depois de eu ter gritado com Cam por fazer isso no quarto ano da escola. Agora todos me chamavam de Em, que é uma forma mais curta de Emma. Assim como ninguém mais se atrevia a chamá-la de Jenna com exceção de Aliyah e dos seus pais; todas as outras pessoas o chamavam pelo sobrenome, Ortega.

- Oi, Jenna! - devolvi, com um sorriso meigo.

Os músculos ao redor do queixo dela se tensionaram e suas sobrancelhas escuras se ergueram um pouco, como se estivesse me desafiando a continuar a chamá-la daquele jeito. Respondi somente com um sorriso, e aquele sorriso torto e sexy voltou ao seu rosto.

Jenna era a garota mais gostosa que já havia agraciado o mundo com sua presença. Acredite em mim, não estou exagerando. Tinha cabelos escuros com uma franja que lhe caía por cima dos olhos castanhos faiscantes, era alta e com ombros largos. Seu nariz era um pouco torto por ter sido quebrado em uma briga, e ficou um pouco
desalinhado depois que sarou. Ela não fugia de brigas, mas nunca havia sido suspensa. Com exceção de um ou outro "deslize", como Aliyah e eu costumávamos chamar, ela era uma aluna-modelo: suas notas nas provas eram sempre as maiores da sala e era a estrela do time de futebol americano, também. Ela era a minha crush quando eu tinha doze ou treze anos. Foi uma fase que passou rápido, pois percebi que ela era areia demais para o meu caminhãozinho, e que isso nunca iria mudar. E, embora ela fosse uma garota insanamente atraente, eu agia normalmente quando estava perto dela porque sabia que não havia a menor chance de ela me enxergar como qualquer outra coisa além de a melhor amiga da sua irmã mais nova.

- Sei que pareço causar esse efeito nas mulheres, mas será que você podia tentar não tirar as roupas quando eu estiver por perto?

Soltei uma gargalhada irônica. - Vai sonhando.

- O que é que vocês estão fazendo, por falar nisso?

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora