Capítulo 10

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— Bem, obrigada, Jenna. — Não consegui evitar uma provocação,
enfatizando seu nome.
— Sempre que precisar, Emmy.
Ela estendeu o braço para bagunçar meus cabelos, e quando me
movi para empurrá-la, acabei caindo da cama e puxando-a por cima
de mim. Jenna era bem pesada. Não tinha um único quilo de gordura
sobrando no corpo, mas uma musculatura forte e incrível. Que estava
me esmagando.
Mas eu havia sido apanhada por aqueles olhos brilhantes. Ela
também não fez menção de se afastar; simplesmente ficou me
encarando.
Antes que aquilo se transformasse em uma competição para ver qual
das duas conseguia encarar a outra por mais tempo, encontrei a voz
outra vez. — Jenna... — sussurrei.
— Sim? — disse ela, com a voz no mesmo tom.
— Você está me esmagando.
Ela piscou os olhos, como se estivesse tentando voltar para a
realidade. Em seguida, disse: — Ah, é mesmo. Merda. Desculpe.
Levantou-se outra vez, segurando a toalha ao redor da cintura — não
sei o que teria feito se ela deixasse a toalha cair. Não, Emma! Não se
atreva a seguir por esse caminho! Cale a boca! Pare de pensar!
Ela me ofereceu a mão e eu me levantei também. A camisa que
estava vestindo mal passava da minha bunda, e eu me senti
extremamente constrangida.
— Ah... quando foi que me troquei? — perguntei, puxando a barra da
camiseta para baixo.
— Voltei para ver como você estava e você acordou. Começou a tirar o vestido porque não queria amassá-lo, como disse, e aí peguei uma
camiseta para você usar. — Ela deu de ombros e coçou a nuca
brevemente.
Pisquei, com meu cérebro processando lentamente a informação. —
Então...
você me viu... só com a roupa íntima... — Por favor, diga que não!
Por favor, diga que não! Por favor, diga que não...
Os lábios dela se retorceram; ela estava fazendo força para evitar um
sorrisinho. — Bem...
— Oh, meu Deus. — Enterrei o rosto nas mãos.
— Desviei o olhar, juro.
Ri da resposta dela, dizendo: — Ah, não se preocupe com isso... —
Mas, por dentro, sentia o sangue correndo e rugindo nas minhas
orelhas. A Rainha dos Joguinhos desviando o olhar? Muito convincente.
— Aliyah está lá em baixo preparando o café da manhã, se você quiser
comer.
— Suas palavras saíram aos tropeços, como se ela estivesse
tentando mudar de assunto.
Minha barriga decidiu roncar em resposta, o que causou risos em nós
duas
— Maravilha.
Fui para o andar de baixo, fechando a porta do quarto de Jenna atrás
de mim. Soltei a respiração, mesmo sem perceber que a estava
prendendo, e me encostei na porta.
— Oh, meu Deus — respirei, conversando comigo mesma. Achei que
havia superado completamente a fase em que me sentia atraída por
Jenna. Mas depois daqueles cinco minutos — ela só com uma toalha e eu com a sua camiseta, e ela caindo em cima de mim... meu
coração simplesmente não se acalmava!
Era ridículo. Eu sabia que Jenna nunca me viu como nada além
daquela menina irritante que era a melhor amiga da sua irmã. Tinha
certeza de que, para ela, eu não era nada mais do que isso.
Mesmo assim...
Caí para trás subitamente quando a porta que estava atrás de mim
desapareceu. Estatelada no chão, pisquei os olhos quando vi Jenna,
que agora usava uma cueca boxer.
Comecei a rir. — Você usa a cueca do Superman!
Ela baixou os olhos para olhar para si mesmo, como se precisasse de
uma confirmação visual daquele argumento. Vi um tom rosado brotar
nas suas bochechas, e a única coisa em que consegui pensar foi: Fiz
Jenna Ortega corar!
Ela estava sorrindo como se não se importasse com aquilo e, em
seguida, piscou o olho para mim, dizendo: — Você sabe que acha
essa cueca irresistível, Emmy.
Será que é tão óbvio?
Levantei-me até ficar em pé outra vez e puxei a barra da camiseta
para baixo, o máximo que consegui. Ainda com um sorriso bobo por
saber que eu o havia feito corar, desci as escadas e fui até a cozinha.
— Emma, Emma, Emma — suspirou Aliyah quando deixei o
corpo cair em uma cadeira diante da mesa do bar. — O que é que
vou fazer com você, minha amiguinha stripper que morre de vontade
de nadar pelada?
— Que tal algo para comer no café da manhã? — respondi, cheia de
esperança.
Ela riu e voltou a se concentrar no fogão, jogando mais bacon na frigideira.
— Cada coisa que faço por você...

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora