Capítulo 19

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— Sim. Dê o dedinho aqui — eu disse, enlaçando o meu dedo
mindinho no dela e sorrindo. A superproteção de Aliyah era algo
suportável. Até gostava, na verdade. Não me importava de Jenna
querer agir como uma irmã mais velha e me proteger, também; mas o
que não gostava era que ela parecia ser contra eu ter qualquer
encontro.
Que babaca.

O RESTANTE DA SEMANA PASSOU RAPIDAMENTE: FICAMOS
OCUPADOS tentando compilar uma playlist para a barraca, pintando
a placa, reunindo todos os adereços para a decoração e fazendo
placas e pôsteres. Para não mencionar as coisas do dia a dia, como a
lição de casa.
E eu me esforcei para evitar Jenna quando ia à casa de Aliyah
Ainda estava irritada com ela, e não queria outra discussão como a
que tivemos.
A sexta-feira chegou, e eu passei o dia inteiro sem conseguir ficar
parada.
Iria assistir a um filme com Galpin à noite. Combinei de me encontrar
com ele no cinema, às sete. Decidi que tentaria chegar por volta das
sete e cinco. Não faz mal deixar um rapaz esperando um pouco, não
é?
Voltei para casa e comecei a revirar o armário. Minhas mãos tremiam
ligeiramente e minha respiração estava acelerada. Preocupações e
dúvidas dominavam a minha mente, mas eu me recusava a lhes dar
ouvidos.
Queria usar algo que fosse bonito, mas sem passar a ideia de que
estava desesperada. Era somente um filme, então não podia ir
elegante demais, também. E, como Galpin não era muito mais alto que
eu, usar saltos estava fora de cogitação.
Escolhi um jeans cinza. Certo, esse aqui está bom. Já é um
progresso.
Mas eu ainda só tinha metade do traje.
Não havia pedido conselhos a nenhuma outra garota; sentia vergonha
demais em admitir que nunca havia saído para um encontro com um
garoto antes e não sabia o que vestir para ir ao cinema. Claro, eu ia
ao cinema com garotos o tempo todo, mas sempre como amigos.
Essa ocasião era diferente. Os garotos não se importavam com a
minha roupa, mas desta vez... bem, Galpin iria reparar.
Eu sabia que estava entrando em pânico por nada, mas não
conseguia evitar.
Depois de bastante tempo, decidi que usaria um blusão cor-de-rosa
claro com as mangas até o cotovelo. Tinha um aplique de renda mais
escuro ao redor do decote, e era um pouco melhor do que uma blusa
mais simples.
Completei o conjunto com um colar prateado e algumas pulseiras e
decidi que estava satisfeita.
Mas será que eu não deveria vestir algo que valorizasse mais minha
silhueta? Aquele suéter não destacava tanto os meus peitos — e, se
você tem, por que não exibi-los, não é mesmo? Ou não?
Olhei para o relógio.
Bosta. Eu já devia ter saído há cinco minutos.
Iria com o blusão mesmo.
— Tchau! — disse enquanto descia as escadas.
— Divirta-se! — respondeu o meu pai. Isabel continuou gritando com o
seu videogame. Bati a porta e vi que o carro de Aliyah já estava me
esperando diante da casa.
Dei a volta e sentei-me no banco do passageiro.
— Desculpe — falei, um pouco ofegante. — Mas não é ruim fazê-lo
esperar um pouco, não é? — Ri, nervosamente, olhando para ela pelo canto do olho.
Em seguida, soltei um gemido alto. — Jenna! O que você está fazendo
aqui?
— Aliyah tinha que terminar algumas coisas. O que significa que vou ser
a sua chofer.
— Se você tivesse me contado, teria chamado um táxi, ou pedido ao
meu pai para me levar. Por que Aliyah não me mandou uma mensagem
avisando?
— Imaginei que ela havia feito isso.
— Não.
— Bem, então, não sei. — Jenna se virou para me encarar com um
olhar crítico.
Eu estava beliscando o meu blusão nervosamente. — Estou bem
assim? Não sei se essa peça é casual demais ou coisa do tipo...
graças a um certo alguém, nunca fiz isso antes.
Ela sorriu, seco. — Está legal.
— E o meu cabelo?
— Bom? — ela respondeu, sem muita convicção. Jenna engatou a
marcha do carro e deu de ombros. — Pelo menos você está vestida
como uma pessoa normal.
— O que você quer dizer com como uma pessoa normal?
— Normal para você. Afinal, você não está exibindo pele demais nem
nada do tipo.
— Uau. Acho que isso foi quase um elogio?
— Na verdade, não. Mas, Emma, se esse cara tentar qualquer coisa...
estou falando sério. Qualquer coisa...
— Jenna. Ele é um garoto. Eu sou uma garota. Muitas pessoas se
beijam na primeira vez que saem juntas, você sabe. Duvido que ele
vá tentar fazer com que eu durma com ele no meio do filme. Não é de
você que estamos falando.
Jenna deu de ombros, com a cara um pouco emburrada. — Eu só
estou dizendo...
Ficamos em silêncio por algum tempo.
— Acho que falei mais com você nesta última semana do que durante
todo o ano passado — comentei, casualmente.
— Sim. Muito esquisito.
Revirei os olhos. Sim, definitivamente não havia nada entre nós,
mesmo que eu ainda sentisse aquela atração por ela. Jenna era
totalmente indiferente em relação a mim, com exceção daquele
comportamento superprotetor. Todo o tempo que desperdicei tendo
ela como minha crush...
Mesmo assim, ela era realmente bonita — especialmente com os
cabelos caindo sobre os olhos e a luz do painel do carro encobrindo
seu rosto daquele jeito.
Você vai sair com um garoto! Hello-o! Terra chamando Emma!
Repreendi a mim mesma mentalmente. — Obrigada pela carona.
Você pode parar aqui.
— Tudo bem. Você vai precisar de uma carona de volta para casa?
— Galpin disse que me levaria. Se isso não acontecer, ligo para o meu
pai ou para o Aliyah
— Certo
Revirei os olhos e saí do carro, caminhando até as portas do cinema.
Olhei ao redor. Nada de Galpin. Será que ele havia me dado o cano?
Dei uma olhada no saguão do cinema, mas também não estava ali...
Onde ele estava?
Minhas palmas começaram a suar um pouco; meu estômago estava
tomado por uma multidão de borboletas.
Depois de uns dois minutos mandei uma mensagem para ele,
dizendo Estou aqui. Você já entrou?
Pronto. Perfeito. Não parecia ser uma mensagem muito desesperada
nem nada do tipo. Mandei e esperei três minutos e meio até a
resposta chegar.
Estou quase chegando.
Ah, que maravilha. Agora era eu quem estava esperando. Encostei
em um poste na calçada, olhando para o meu celular como se
estivesse fazendo alguma coisa. Na verdade, estava somente abrindo
e fechando aplicativos aleatórios. Esperava não dar a impressão de
que estava tão preocupada e nervosa quanto realmente me sentia.
— Levou um bolo?
Eu quase saltei com o susto, e acertei um tabefe no peito
incrivelmente rijo de Jenna. — Não me assuste assim! Não, ele está a
caminho.
Ele abriu um sorriso irônico. — Achei que você tinha dito que queria
deixá- lo esperando.
— Bom, eu...
— Eu lhe disse.
— Jenna, vá para casa. Você está me stalkeando?

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora