acontecer?
— Você está trocando mensagens com Mickey
— Sim.
— Foi por isso que perdeu.
Ela riu e negou com a cabeça. — Certo, você tem razão. Ei, se
importa de eu levar Mickey ao cinema hoje à noite? Depois que o
festival acabar.
— Claro. Não tem problema. Acho que consigo carona com outra
pessoa.
— Talvez seu pai possa levá-la. Ele trouxe Isabel para o festival, não
foi?
— Sim. Eles estão por aqui em algum lugar.
De repente, em um piscar de olhos, eu estava cercada. Havia pelo
menos uma dúzia de garotas querendo saber se era verdade — eu
havia mesmo acabado de ficar com Ortega na barraca do beijo? Tipo,
era sério isso?
Elas queriam saber todos os detalhes sórdidos. Com um suspiro,
expliquei que Naomi havia entrado em pânico... ah, sim, houve
língua... o quê? Não, eu não sabia se gostava dela daquele jeito ou
não... talvez? Não sei.
E... sim, aquele havia sido o meu primeiro beijo.
Todas elas estava inegavelmente morrendo de inveja, é claro. Mas
queriam saber se eu ia namorar com Ortega. Claro, nenhuma queria
realmente Ortega comprometida. Queriam uma Ortega solteira com quem
pudessem flertar e em quem pudessem babar (provavelmente ao
mesmo tempo).
Mas todo mundo queria saber.
A notícia correu rapidamente — mensagens, telefonemas, e como
todo mundo estava no festival mesmo... minha popularidade foi às
alturas. Fiquei totalmente perdida.
Alguns dos alunos do segundo ano passaram pela barraca e uma
garota apontou para mim. — Foi aquela ali que ficou com Ortega.
No começo, fiz careta. Mas, pensando bem, há coisas piores pelas
quais poderia ficar famosa.
— Você quer namorar com ela? — perguntou Aliyah quando finalmente
estávamos sozinhas, depois de o festival terminar. O grêmio
estudantil e algumas outras pessoas ainda estavam recolhendo as
coisas das barracas e contando o dinheiro. — Pensei que já o havia
superado.
— Eu superei, sim. Não sei. Estamos falando de Jenna. Sabe?
— Não sei ao certo. Primeiro porque ela é minha irmã. Segundo
porque conheço bem ela.
— Talvez. Mas você sabe do que estou falando... Meio que odeio a
sua irmã, mas meio que gosto dela.
— Bem, se você não tem certeza, então não faça nada. Será que
você precisa conversar com ela ou coisa assim?
Ignorei aquela última parte. — Não sei se eu iria querer isso, também.
Se acabarmos juntas, o que acho totalmente improvável de qualquer
maneira, e as coisas não terminarem bem, acho que isso poderia
estragar nossa amizade. E não quero que isso aconteça.
— Que coisa mais brega, Emma.
— Cale a boca.
— Mas eu estava pensando a mesma coisa... quinhentos e cinquenta
— murmurou ela, colocando a pilha de dinheiro de lado. — Se vocês realmente começassem um relacionamento e depois terminassem de
uma maneira complicada, talvez você não quisesse passar muito
tempo comigo. E eu sentiria a sua falta.
— Eu também sentiria a sua. Só um pouco.
— Obrigado... — disse ela, ironicamente, e nós duas rimos.
— Vai ser bem esquisito quando eu vir a sua irmã
— Vai mesmo.
— Que reconfortante, Aliyah — falei, sarcasticamente. Dei um tapa em
seu braço. — Será que você não pode me apoiar um pouco?
Ela deu de ombros. — Não acho que você deva namorar minha irmã
de qualquer maneira. É estranho. E meio nojento.
— Para você.
— Exato.
Balancei a cabeça. — Aliyah, aqui só tem quinhentos e quarenta e nove.
— Ah, droga. — Ela me passou outra nota de um dólar e coloquei-a
na pilha. Ainda bem que eu estava conferindo tudo que ela contava.
— Seu pai vai vir te buscar?
Neguei com um aceno de cabeça. — Ela teve que virar motorista de
táxi para Isabel e seus amigos logo depois que eles saíram, então não
vai ser possível. Vou ver se pego uma carona com alguém. Já que
você está me largando para ficar com a sua nova namorada.
— Não estou te largando! Você disse que não havia problema!
Perguntei antes!
Eu ri. — Calma, estou só zoando com a sua cara!
Aliyah revirou os olhos.
No final, contamos seiscentos e quatorze dólares. Nossa barraca teve
a maior arrecadação do festival, algo bem impressionante. Talvez
tenha sido porque não tivemos que comprar um estoque de ursos de
pelúcia gigantes ou salsichas e pães para fazer cachorro-quente. Aliyah
foi embora com Mickey, enquanto fiquei para ajudar a recolher um
pouco da sujeira deixada pelos visitantes com Joel, que ainda estava
resmungando por ter perdido a aposta com Aliyah
— A culpa é sua, na verdade. Sério, você é que me deve trinta
dólares.
— Por quê?
— Se vocês não tivessem montado uma barraca do beijo, os caras
não estariam fazendo fila na esperança de conseguir um beijo de
língua rápido — disse ele, com o rosto e o tom de voz inocentes. —
Por isso, passe para cá minhas trinta pratas.
Eu ri, esbarrando no seu ombro. — Nada disso. E não foi culpa
minha. Ou você, tipo “ah, meu Deus”, precisa muito saber de cada
detalhe do meu primeiro beijo?
Falei aquilo com um tom de voz histericamente animado, e Joel fingiu
uma expressão de puro horror. Riu e devolveu o esbarrão com o
quadril. — Certo, certo, guarde seu dinheiro! Me poupe disso!
Ouvimos alguém tossir atrás de nós e viramos para ver Jenna, que
erguia uma sobrancelha para mim; com uma rápida olhada, mandou
Joel se afastar.
Ele se virou para recolher alguns palitos de algodão-doce e
embalagens de cachorro-quente.
Bosta. O que faço agora?
Que diabos ela estava fazendo aqui?Jenna moveu a cabeça, e Joel me deu um cutucão sugerindo que o
seguisse.
Olhei para ele me mostrando indefesa, mas Joel já estava indo
conversar com algumas das outras pessoas.
Segui Jenna até o estacionamento. Havia embalagens e rótulos
jogados por toda parte, junto com pedaços de comida que as gaivotas
ainda não haviam comido.
— Aliyah disse que você estava sem carona para casa e que eu devia
vir buscar você.
Por quê? Por que a minha melhor amiga agia desse jeito às vezes?
Provavelmente, ela pensava que estava me fazendo alguma espécie
de favor.
Mas, sério? Ela ignorou o miniataque de pânico que tive algumas
horas antes e disse a Jenna para me levar para casa?
— Claro. — O que mais deveria dizer? Ela nem tinha mencionado o
beijo.
Isso era uma coisa boa ou não?
— Espere... você não veio de moto, não é mesmo?
— Não — disse ela, rindo. — Vim com o carro, já que você detestou
tanto a moto.
— Graças a Deus — suspirei, e o ouvi rir outra vez. Subitamente,
meu coração ficou todo esquisito, saltando de um lado para outro e
virando cambalhotas. Provavelmente era apenas nervosismo. Quase
desejei que ela houvesse trazido sua moto — apenas para que não
houvesse a oportunidade de que um silêncio esquisito surgisse entre
nós.
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The Kissing Booth
FanfictionEmma Myers vive um dilema romântico: Ela está apaixonada pela irmã mais velha da sua melhor amiga, mas não pode ficar com ela, pelo menos é o que ela acha. *Essa história é uma adaptação do livro A Barraca do Beijo* (Jenna é uma personagem intersexu...