Capítulo 42

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Mas apertei os dentes e continuei onde estava.
— Por favor — ela acrescentou finalmente após algum tempo.
Entrei. Quando Jenna se acomodou no banco do motorista, ela suspirou. —
Obrigado. Fiz que sim com a cabeça. — Você não precisava ter gritado tanto.
Depois de um segundo ela disse: — Eu sei. Desculpe. Fiquei ali, sentada, mexendo nos fiapos dos rasgos do meu jeans. — Millie não fez nada, sabia?
— Ela ia fazer.
— Nós saímos só para tomar um pouco de ar. Isso é crime?
— Foi isso que ela disse?
— B-bem, sim... — vacilei.
Jenna soltou um longo suspiro, apoiando a cabeça no volante do carro, exasperada, antes de endireitar o corpo e se virar para me olhar nos olhos. Parecia estar muito mais calma agora, embora um pouco frustrada.
— E você realmente achou que ela quis dizer que vocês duas iam sair para tomar ar fresco?
— No começo, sim.
— Emma, isso é exatamente o que eu venho tentando lhe dizer. Você é ingênua demais em relação as pessoas.
— E quem é a culpada por isso? — retruquei, retorcendo-me no meu assento para encará-la com uma expressão irritada. — Se você não fosse tão superprotetora e deixasse que as garotas me convidassem
para sair, eu não seria tão ingênua e inocente, nem tão gentil! Você é a maior hipócrita do mundo, Jenna Ortega.
Jenna me encarou por um breve instante antes que seus lábios viessem tocar os meus. Foi somente um beijo rápido, e ela foi a primeira a se afastar.
— Bem, essa é uma maneira de ganhar uma discussão — disse ela com um sorriso torto.
— Não é justo. Você trapaceou. E não ganhou.
— Ah, é mesmo? — Ela olhou os espelhos antes de dar a partida no carro e sair dali. Eu detestava a maneira que Jenna dirigia, sempre bem perto do limite de velocidade. Ela não dirigia, simplesmente; forçava o carro até o limite máximo com o qual conseguiria sair impune.
— Sim, é sério. Não foi nada justo.
— Então vá em frente e conclua seu argumento, Emma. Fique à
vontade. Abri a boca, pronta para soltar os cachorros sobre ela outra vez,
mas... fiquei em silêncio. O que era mesmo que eu estava dizendo? Seus beijos eram inebriantes demais. Não conseguia recuperar minha linha de raciocínio.
Ela abriu aquele sorriso torto outra vez. — Ganhei.
— Você não perde por esperar, Jenna — resmunguei. — Ainda vou descontar essa.
— Estou ansiosa por isso. — Percebeu que eu a estava olhando e piscou para mim. Senti a vermelhidão começar a tomar conta das minhas bochechas, e esperei que estivesse escuro demais para ela conseguir notar. Ficamos rodando por cerca de vinte minutos. Minha janela estava baixada, e eu sentia a brisa fria da noite no meu rosto. Nenhuma de nós dizia nada, mas não era um silêncio daqueles que causam uma
sensação ruim. Quando ela finalmente parou o carro, desafivelei o cinto e saí do carro. Tive que olhar duas vezes quando percebi que ela não havia me levado de volta para a minha casa.
— Por que estamos aqui? — perguntei, olhando ao redor, e vi que ela saía do carro também.
Ela deu de ombros. — A festa ainda não acabou, Emma.
A maneira como ela disse aquilo me fez corar outra vez, e tentei agitar a cabeça para espairecer as ideias. — Mas... mas onde estão seus pais?
— Eles têm um seminário em outra cidade amanhã, e resolveram ir esta noite para não correrem o risco de se atrasarem viajando de manhã. Pensei por um momento que talvez eu devesse simplesmente ir para
a minha própria casa, mas o clima estava bem frio. E a noite estava escura. Podia haver todo tipo de gente mal-intencionada pelas rua àquela hora da noite.
Pelo menos foi isso que eu disse a mim mesma enquanto a seguia
para dentro. Mas será mesmo?
Só queria ficar com Jenna por mais algum tempo.

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora