Parei para refletir sobre aquilo por um momento. Para ser sincera,
nunca tinha pensado nisso. Não havia entrado em pânico achando
que havia alguma coisa errada comigo simplesmente por eu não ter
um namorado. Meio que havia aprendido a conviver com aquilo, por passar
tanto tempo com Aliyah; e que, por esse motivo, os garotos não me
viam como uma garota que gostariam de chamar para um encontro
romântico.
— Você sabe que é a unica mulher na minha vida, Aliyah — provoquei.
Ela ergueu o rosto e piscou para mim, e mandei um beijinho em
resposta. Ambos rimos e ela voltou a se ocupar com o desenho das
letras.
— Mas, falando sério. Você só ficou sabendo disso agora?
— Sim. Um grupinho das garotas me contou, porque elas queriam
saber todos os detalhes e fofocas do que aconteceu hoje de manhã.
Não que houvesse alguma coisa que pudesse virar fofoca. Disse a
elas que Jenna pensa em mim somente como uma irmã mais nova.
— Acho que ela assumiu uma versão extrema do papel da irmã
superprotetora — concordou Aliyah. — Mas provavelmente eu faria o
mesmo, se estivesse no lugar dela. Especialmente depois da maneira
com a qual aqueles caras agiram com você hoje...
O lápis se quebrou na mão dela.
— Ei, fique calma — falei, com a voz baixa.
Aliyah jogou as metades do lápis quebrado para longe e puxou outro de
trás da orelha. — Desculpe. Mas eles realmente me deixaram bem
puta aquela hora.
— Não me diga.
— Ah, deixe para lá. A questão é que Jenna tem toda a razão em mandar os rapazes ficarem longe de você. Você é muito ingênua, e
acabaria se magoando bem facilmente.
— O quê? — gritei, indignada. — Como assim sou “muito ingênua”?
Aliyah deu de ombros outra vez. — Às vezes você é gentil demais,
Emmy. Não de uma maneira ruim. Só estou querendo dizer que...
bem, você sabe. Você tem uma chance enorme de se apaixonar por
algum babaca que vai acabar te magoando.
— Ah. Entendi.
— Estou só tentando cuidar de você. E Jenna também.
— Bem, obrigada... eu acho.
— Por nada... eu acho — zombou ela, rindo. Disparei uma
borrachinha de escritório da mesa do lado contra seu braço. Ela a
desviou com um tapa e continuou trabalhando, enquanto eu a
observava e conversava.
Ainda estava me perguntando por que Jenna havia chegado ao ponto
de avisar os outros garotos para que não se aproximassem de mim.
Aquilo era incrivelmente injusto. Eu faria dezessete anos dali a dois
meses. Nunca havia sido beijada, nunca tive um namorado, nunca saí
para um encontro romântico.
Era uma falta de consideração incrível da parte de Jenna. Que direito
ela tinha de interferir na minha vida desse jeito? Claro, era ótimo
saber que ela se importava comigo — mas ela não precisava impedir
completamente os outros rapazes de se aproximarem de mim!
Quando perguntei a Aliyah exatamente o que Jenna havia feito para
assustar os rapazes quanto a mim, ela disse: — Jenna disse que, se
alguém fizesse qualquer coisa que pudesse magoar ou machucar
você, iriam se ver com ela.
Suspirei comigo mesma. Parecia bem claro que Jenna Ortega me via somente como uma irmã mais nova vulnerável e ingênua demais,
mas não consegui evitar de desejar que ela houvesse feito aquilo por
razões diferentes.
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The Kissing Booth
FanfictionEmma Myers vive um dilema romântico: Ela está apaixonada pela irmã mais velha da sua melhor amiga, mas não pode ficar com ela, pelo menos é o que ela acha. *Essa história é uma adaptação do livro A Barraca do Beijo* (Jenna é uma personagem intersexu...