— Só estou curtindo o show — disse, com o mesmo sorriso irônico.
— Parece que esqueceram de você.
— Bem, nem tanto, agora que você está aqui — rebati. — Não pareço
mais tão estúpida, não é? Além disso, Galpin provavelmente ficou
preso no trânsito ou algo do tipo. Não é um problema.
Ela assentiu, sem muita certeza. Ficamos em silêncio por mais um
minuto infindável. Eu ficava imaginando se devia começar uma
conversa, mas em seguida me lembrava que estava irritada e fechava
a boca. Devia estar parecendo um peixe, abrindo e fechando a boca
daquele jeito.
O fato de Jenna ser incrivelmente atraente não ajudava; ela se apoiou
no poste oposto ao meu, observando enquanto eu retorcia
nervosamente as mãos.
— Oi!
Eu me virei e sorri, vendo Galpin vir em minha direção. — Oi.
Os olhos passaram por mim e viram Jenna, que o encarava com a
expressão mais gelada que eu já havia visto. Assustadora.
Ameaçadora.
Tentei não apertar os dentes. — Já não é hora de você ir embora,
Jenna?
Ela encarou Galpin por um segundo a mais antes de dar de ombros e
voltar para o seu carro, indo embora sem dizer mais uma palavra. Um
suspiro de alívio escapou pelos meus lábios e relaxei.
— Desculpe, tive que parar para colocar gasolina. As filas estavam
horríveis. Desculpe. Vamos entrar — disse Galpin, indicando as portas
com um movimento de cabeça. Eu sorri e o acompanhei. — Quer
pegar algo para comer? Compro os ingressos.
— Claro. Pode ser pipoca salgada?
— Sim, ótimo. — Ele abriu um sorriso, mas, quando me virei para ir
até o balcão, imaginei se aquela expressão não tinha sido um pouco
forçada. Ah, provavelmente eu só estava imaginando coisas.
Enquanto esperava a pipoca, imaginei se devia ter escolhido algo
menos... bem, algo que não tivesse a chance de ficar preso entre os
dentes. Se acabássemos nos beijando, isso poderia... Suspirei. Eu
era incrivelmente inexperiente em relação às dinâmicas da etiqueta
dos encontros a dois.
Agradeci ao moço do balcão e voltei até o lugar onde Galpin estava
esperando, com a cara fechada.
— O que é que Ortega estava fazendo ali? — ele perguntou. Oh, então
essa era a razão para ele estar com a cara fechada!
— Estava simplesmente... sendo Ortega — murmurei, balançando
negativamente a cabeça.
— Eu não sabia que vocês eram tão próximos.
— Não somos. Aliyah não pôde me dar uma carona, e por isso Jenna...
por isso Ortega foi me buscar.
— Ah. Certo.
Entramos na sala de cinema e os trailers já estavam passando. Deixei
Galpin ir na frente e escolher os assentos. Ele foi para as poltronas que
ficavam mais ao centro. Não no fundo, onde todos os casais iam ficar
se beijando. Eu não sabia se aquilo era uma coisa boa ou não.
— Quer sair para comer alguma coisa depois? — sussurrei, reunindo
coragem.
— Eu já jantei, desculpe... eu não sabia... mas... digo, se você...
— Ah, não, está tudo bem — eu disse, rapidamente.
— Shhhh! — alguém sibilou por trás de nós.
Revirei os olhos e voltei a me recostar na poltrona. Imaginei se Galpin
era do tipo cafona e ia usar a “manobra do bocejo”, fingindo que ia se
espreguiçar e aproveitar para colocar o braço ao meu redor. Ou se
iria tomar conta do apoio para o braço para que eu segurasse na sua
mão. Ou se iria tentar me beijar.
Até o momento, não sabia se o encontro estava indo bem ou não. Ele
havia chegado atrasado, mas tinha sido bastante educado desde que
chegou. Galpin não havia tentado nada, mas talvez eu estivesse
exagerando nas coisas. Será que era somente nos livros e filmes que
os rapazes tomavam a iniciativa ou beijavam as garotas logo no
primeiro encontro? Talvez ele simplesmente estivesse tão nervoso
quanto eu. Provavelmente era isso; ele tinha todo direito de estar
nervoso com as ameaças que Ortega fazia a qualquer garoto que
olhasse para mim, e especialmente se quisesse algo mais.
Aquilo era ridículo. Às vezes, eu odiava Jenna.
O FILME TERMINOU E NÓS SAÍMOS. GALPIN COMEÇOU A PUXAR
ASSUNTO — primeiro sobre aquele filme, em seguida sobre os tipos
de filme que eu gostava. Ele gostava de filmes de ficção científica e
thrillers. Eu preferia filmes de ação ou românticos. Não gostávamos
muito dos mesmos tipos de filme.
Não tínhamos gostos muito parecidos na música, também.
Mas ele era legal e uma pessoa fácil de conversar.
Nós simplesmente... não parecíamos ter muita coisa em comum.
Conversamos durante todo o trajeto de volta, e ele parou bem diante
da minha calçada. Desafivelei o cinto de segurança, mas não saí do
carro. Tentei agir de maneira descontraída, como via nos filmes.
(Sempre achei que os filmes eram uma excelente fonte de
informação. Foi muita sorte ter assistido Todas Contra John no fim de
semana.) — Bem, obrigada, Galpin — eu disse, sorrindo. — Me diverti
bastante.
— Sim. Devíamos sair mais vezes. Você ainda tem o meu número?
— Bem, eu não o perdi desde o começo da noite. — ri, nervosa, e ele
sorriu. Percebi que ele olhava meus lábios e minha pulsação
acelerou. Oh, céus. Oh, meu Deus! Ele iria me beijar agora, não é?
Oh, meu Deus.
Ele se aproximou. Sim, ele definitivamente ia me beijar.
Meu primeiro beijo. O meu primeiro beijo seria com Doohan Galpin
Ele era legal, fofo e uma pessoa com quem era fácil simpatizar... mas,
sinceramente, eu não sentia nada por ele. E se eu acabasse ficando
presa no piercing que ele tinha na língua, se ele me desse um beijo
daqueles? Não estava pronta para isso, de jeito nenhum.
Completamente despreparada. Mas estava acontecendo. Ele estava
se aproximando cada vez mais... Meu primeiro beijo!
Recuei.
Virei o rosto e o beijei na bochecha.
Em seguida, saí do carro, antes que pudesse me sentir constrangida
demais pelo que havia feito. Sorri e acenei, depois fui até a porta da
frente o mais rápido que pude, enquanto tentava dar a impressão de
que estava tudo bem.
Entrei em casa, fechei a porta e encostei nela. Soltei um suspiro
gigantesco e deslizei até o chão, afundando a cabeça nas mãos.
— Eu sou uma idiota.
Galpin provavelmente não me chamaria para sair de novo. Não que
estivesse completamente convicta de que eu iria querer sair de novo,
mas não conseguiria dizer “não” se me chamasse. Afinal de contas,
um único encontro não era o suficiente para conhecê-lo direito,
especialmente devido ao meu nervosismo.
Após algum tempo, consegui me arrastar até a cama, ignorando as ligações de Aliyah pela primeira vez. Não queria lidar com aquilo agora.
Queria somente ficar brava comigo mesma por algum tempo por
causa do fracasso do meu primeiro encontro.
É exatamente por isso que não vou ficar na barraca do beijo, pensei,
dando um sorriso torto.
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The Kissing Booth
FanfictionEmma Myers vive um dilema romântico: Ela está apaixonada pela irmã mais velha da sua melhor amiga, mas não pode ficar com ela, pelo menos é o que ela acha. *Essa história é uma adaptação do livro A Barraca do Beijo* (Jenna é uma personagem intersexu...