Capítulo 36

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A manhã de segunda-feira chegou rápido demais. Eu já estava
preparada para contar às garotas sobre o meu beijo e de Jenna, pois
sabia que elas iriam querer saber de tudo nos mínimos detalhes.
Estava pronta para os olhares carregados de inveja que iria receber.
E também preparada para refutar qualquer insinuação que elas
pudessem fazer sobre Jenna e eu começarmos um relacionamento.
Nós duas estivemos ocupadas demais com nossos próprios afazeres
para nos encontrarmos no dia anterior, mas trocamos mensagens.
Ainda me sentia alegre e esfuziante por dentro ao me lembrar da sua
última mensagem quando escrevi que ia dormir: Doces sonhos.
Aquilo era muito diferente do habitual para Jenna, mas, ainda assim,
eu gostei.
Um carro parou diante da minha casa, então corri para o andar de
baixo e gritei um “tchau” por cima do ombro.
— Oi — disse a Aliyah, sorrindo ao sentar no banco do passageiro.
— Oi! Por que você está tão feliz? Achei que estaria morrendo de
medo do dia de hoje, depois de toda aquela situação na barraca do
beijo.
Dei de ombros. — Não sei. Tem algum motivo para que eu não possa
estar de bom humor?
— Bem, em primeiro lugar, hoje é segunda-feira. Em segundo, você
não costuma ficar tão contente assim de manhã. Pode acreditar no
que eu digo, te conheço muito bem.
Dei de ombros de novo. — Não reclame. Estou de bom humor. É só o
que importa.
Aliyah riu. — Tudo bem, então...
Quando chegamos à escola, mal consegui sair do carro antes de ficar
cercada por gritinhos e perguntas. Parecia que absolutamente todas
as garotas queriam que eu descrevesse o beijo.
— Ei, deem um pouco de espaço para ela respirar, pessoal! — Ouvi
Aliyah rindo.
— Ahhh, você teve muita sorte. Eu queria estar lá. Eu acho que
mataria alguém para poder beijar Ortega. Não consigo acreditar que
você fugiu da raia, Naomi.
— Eu não a culpo. Deve ter sido assustador quando percebeu que
teria que beijar Ortega.
— Queria que fosse eu.
— Não acredito que você conseguiu beijar Ortega.
— A situação não ficou estranha com Aliyah?
— Não — bufei. — Claro que não! Aliyah é a minha melhor amiga.
— Sim, mas você beijou a irmã dela. E vou lhe contar, não foi só um
beijo rápido — acrescentou Cath, agitando as sobrancelhas de
maneira bem sugestiva.
— Sim, mas é Aliyah
— Já conversou com Ortega desde o festival?
— Você gosta dela, Emma? — Subitamente Farmer estava bem diante do
meu rosto. — Ela não é a sua crush?
— Eu mal consigo formar uma frase inteira quando estou perto dela
— riu outra pessoa
— Você não é a única!
— Emma é a única garota que consegue falar com Ortega.
— Não entendo como você consegue agir de maneira tão normal
perto dela — disse Johnna.
Dei de ombros. — Eu cresci com ela, porque sempre estava com Aliyah.
E não sei, Farmer — disse, virando-me de frente para ela. — Ela é
apenas Jenna.
— Apenas Jenna? — gritaram todas elas, chocadas. Mordi a
bochecha. Eu realmente precisava começar a pensar antes de falar
esse tipo de coisa. — É de Ortega que estamos falando! Como você é
capaz de dizer uma coisa dessas?
— Olhem, vou falar com alguns dos rapazes. Beijei Jenna. Sim, foi
ótimo.
Mas será que podemos simplesmente deixar a vida seguir em frente?
Estou meio enjoada de falar sobre isso.
Senti que estava sendo ríspida, e tentei não atravessar o
estacionamento pisando duro demais.
Quando finalmente alcancei Aliyah e os outros garotas, soltei um
enorme suspiro de alívio.
— Aquilo parecia bem divertido — disse Aliyah, casualmente.
Eu o cutuquei com uma cotovelada nas costelas.
— Ah, meu Deus! Tipo, você tem que nos contar tudinho! Meu Deus!
Não acredito que você beijou Ortega! Tipo, ah, meu Deus! — disse
Joy com a voz em falsete. As garotas começaram a rir, e revirei os
olhos.
— Nem comece com isso. Por favor, estou implorando.
— Não se preocupe, nós não vamos perguntar nada — disse Moosa.
— Mas falando sério. Vocês não estão namorando?
— Não.
Ele acenou afirmativamente com a cabeça. — Legal.
— Por quê? Está interessado? — Pisquei os olhos, agitando os cílios
para fingir um flerte.
— Talvez — disse ele, rindo. Em seguida, acrescentou: — Não,
somente...
você sabe. Boatos.
— Vou dizer isso a Jenna da próxima vez que falar com ele — eu
disse, séria, fazendo todos os garotos rirem e darem ligeiros
empurrões em Moosa, de um lado para outro. — Deixe uma
ambulância a postos.
— Touché.
— Ah, tem uma coisa — disse Warren, subitamente. — Eu havia me
esquecido. Meus pais vão viajar na próxima sexta-feira, então vocês
sabem o que isso significa, não é?
— Festa! — gritou Aliyah, cumprimentando-o com um high-five. — Da
hora!
— Mas não espalhe demais a notícia. Não quero que as coisas
fiquem loucas demais.
— Claro, sem problemas — concordaram todos.
— Você vem à festa, Emma? — perguntou Warren, já que eu não havia
feito nenhum comentário.
— Com certeza. Mas vou ficar só nas bebidas sem álcool desta vez.
Não quero me arriscar a sentir vontade de pular pelada na piscina de novo.
— Que droga, Emma. Você acabou de destruir todos os meus sonhos —
murmurou Cameron, rindo em seguida.
Aliyah me olhou com ar de dúvida. — Não se preocupe, Emmy. Vou
ficar de olho em você.
— Não vai, não. Vai estar ocupado demais beijando Mickey — disse
Oliver, fazendo todos rirem.
O sinal tocou, e entramos no prédio da escola para começar as aulas.
Aliyah e eu Recebemos menção honrosa do diretor por angariar tanto
dinheiro com a nossa barraca. Mas isso não foi a única coisa que
recebi.
Houve muitos comentários e assobios dos rapazes que passavam por
Ortega e eu.
Aquilo estava realmente começando a me incomodar. Nada tão
ofensivo quanto o que foi dito depois da festa de Aliyah e Jenna. Mas, o
jeito como eles falavam, estava realmente fazendo meu sangue
ferver.
Na quinta-feira, toda aquela empolgação já havia se dissipado. Novos
rumores e fofocas surgiram em meio aos alunos, o que serviu para
deixar o meu caso de lado. Não poderia estar mais feliz.
Já estava de saco cheio de tanto falar sobre beijar Ortega no festival.
Cansada de ouvir as meninas falarem sobre a toda a inveja que
sentiam. E exausta dos garotos olhando para mim de um jeito
diferente pelos corredores, porque agora eu já não era mais tão
inocente.
E então, naquele que acabou sendo o ponto alto da minha semana,
fui para a casa de Aliyah na quinta-feira à tarde, como havíamos
combinado, e descobri que ela não estava lá.

The Kissing BoothOnde histórias criam vida. Descubra agora