Caminhos na Escuridão

6 1 0
                                    


Com tudo pronto, vou até a sala de estar esperar todos com suas bagagens. Minutos depois, vejo minha mãe, Gabriel e Lyon se aproximando, cada um com suas malas prontas. Fomos todos para o carro em direção ao destino do nosso dia de trilha, que prometia ser incrível.

No carro, sinto meu celular vibrar. Quando pego para verificar a mensagem, percebo que é de Lyon. Olho para ele com um olhar perspicaz e questionador. Pergunto o que ele quer, e ele responde dizendo que está entediado e quer fazer algo mágico e interessante. Fico desconfiada e digito na mensagem: "O que de mágico e interessante você está tramando?" Ele responde: "Chega mais perto que você descobre." Ri e olhei para ele com um olhar cúmplice, concordando com a situação.

Ao chegar mais perto, percebo que Lyon está tapando a visão dos nossos pais. Ele faz uma insinuação para que eu me junte a ele, e, meio desconfiada, decido ir. Quando menos espero, debaixo do cobertor, Lyon me surpreende com um beijo.

Com o coração acelerado, percebo que aquilo poderia arruinar tudo. Afasto-me de Lyon com um olhar assustado e, na mensagem, digito: "Você está ficando louco? E se eles nos vissem?" Ele responde: "Ué, mas você não queria saber o que eu estava planejando? Você descobre e ainda acha ruim." Ainda chateada, respondo apenas com um emoji de olhos revirados e fecho a cara para Lyon.

Após minutos, chegamos até a trilha, deixamos nossas coisas em um banheiro dentro dos armários e levamos apenas o necessário para a floresta. Eu não falei com Lyon, andamos por alguns momentos, e o clima estava ficando nublado. No tédio daquela trilha, avistei uma flor linda de cor azulada. Enquanto eles continuavam andando, decidi ir até ela. Afinal, o que poderia dar errado? Sem perceber, acho que acabei me deixando levar pela flor e acabei me perdendo. Fiquei desesperada, mas tentei manter a calma e pedir por socorro. 

Eu tentei gritar por ajuda, mas não obtive sucesso. Por mais desorientada que eu estivesse, continuei andando pela mata em busca de encontrar a saída. Sentia-me inútil, andando em círculos, e imaginava o que poderia acontecer. Será que havia animais perigosos na mata? E se alguém mexesse comigo e eu não soubesse me defender? Comecei a imaginar vários cenários fictícios. Tudo o que eu queria era encontrar a saída e voltar para casa. Sentei-me no chão e comecei a chorar desesperadamente por ajuda.

( Lyon Monteiro ) Sua Visão ;

Eu estava andando junto ao meu pai e minha madrasta quando percebi que aquela maluca da Luna havia sumido. Logo alertei Julia, que era mãe de Luna, e ela entrou em desespero. Meu pai pediu que ela mantivesse a calma, assegurando que a encontraríamos antes do anoitecer. Fiquei preocupado, pois nem percebi quando ela sumiu. Me afastei discretamente e fui em busca da minha amada Luna.

No caminho da floresta, tentei refazer nossos passos. Felizmente, tenho boa memória e sou craque em lembrar das coisas. Com muita calma e cautelosidade, fui retraçando nossos passos na esperança de encontrá-la.

Minutos se passavam, e eu não obtinha sucesso em encontrá-la. O que eu estaria fazendo de errado? O dia claro e ensolarado estava se nublando rapidamente, formando um clima chuvoso. A claridade desaparecia, dando lugar à escuridão iminente. Fiquei ainda mais nervoso, questionando onde aquela maluca havia se metido. A ansiedade aumentava à medida que a escuridão tomava conta da floresta.

Para não me perder junto de Luna, decido voltar para o banker. Após minutos, chego e encontro Julia desesperada e chorando muito, enquanto meu pai e os policiais tentam acalmá-la. Observo a situação e, sem dizer uma palavra, vou até o quarto que seria meu e de Luna. Pego meu celular, abro a galeria e começo a ver as fotos que tiramos juntos. Sem perceber, uma lágrima escorre dos meus olhos. Será que eu estava desenvolvendo sentimentos por Luna ao ponto de sentir sua falta?

Me deito abraçado ao celular e, pela janela, percebo que uma tempestade está começando. Horrorizado, penso que Luna está lá fora enquanto eu lamento uma dor que talvez pudesse ser curada antes de uma tragédia. Levanto-me, seco as lágrimas discretamente, começo a arrumar minhas coisas e decido sair em busca de Luna, não podendo mais permitir que algo de ruim aconteça a ela.

Pelas portas dos fundos, saio sem que ninguém perceba, voltando para a floresta com uma lanterna, capa de chuva, galochas e um desejo determinado de encontrá-la. Dedico-me à busca a noite toda, decidido a não sair dali sem Luna. Continuo andando, gritando seu nome, e, após alguns minutos, ouço o barulho de arbustos se mexendo rapidamente.

Me aproximo com cautela, mas, para minha surpresa, era apenas um gamba. Assim que me vê se aproximar, solta aquele gás fedorento característico e corre para o interior da mata. Meu cheiro, antes neutro, agora tornou-se insuportável. Furioso com o incidente, não permito que isso me abale e continuo minha busca por Luna.

Andando por alguns minutos, avisto uma cabana com luz acesa, indicando que alguém poderia estar morando lá. Decido me aproximar, pensando que Luna poderia estar na área. Chego até a porta e bato, afastando-me na esperança de que alguém atenda, preferencialmente com Luna sã e salva. Ninguém responde. Decido bater novamente, mas antes de tocar na porta outra vez, vejo a maçaneta se mover. A porta se abre, e uma mulher aparece, dizendo "Pois não?" Ao fundo, não deixo de ouvir uma voz masculina perguntando, "Quem é aí, mulher?" com um sotaque característico de pessoas do interior.

A mulher, com simpatia, pergunta o que eu estava fazendo naquela chuva e a essa hora da noite. Explico que estávamos fazendo uma trilha com meu pai, minha madrasta e minha meia-irmã, Luna. Ela se perdeu na mata, e eu vim em busca dela. Pergunto se eles a viram ou se tinham alguma informação que pudesse ajudar.


A mulher logo muda a expressão para triste, dizendo que não viu ninguém nem tem alguma informação sobre Luna. Ela me convida para entrar, alegando que estava frio e eu poderia pegar um resfriado. Mesmo recusando educadamente, ela insiste, e acabo cedendo. A casa era um tipo de chalé, quente e aconchegante.

O esposo da mulher me pede para juntar-me a ele na sala de estar. Ao fazer isso, ele comenta: "Olha, você tem muita cara que nunca viveu essa vida aqui; tudo é simples." Eu fico um pouco incomodado e digo para ele não se preocupar. Começamos a conversar, e ele compartilha sua história com Eliza, sua esposa. Fico curioso e surpreso ao descobrir que apesar de muitos desafios e simplicidade na vida, eles são felizes e levam uma vida normal. Essa experiência me faz refletir sobre as diferentes formas de encontrar a felicidade, mesmo em circunstâncias diversas.

Eliza, a esposa do homem, vem da cozinha com uma toalha e roupas secas e limpas. Ela sugere que eu vá tomar um banho e comenta que preparou uma sopa deliciosa. Agradeço pela gentileza e decido tomar um banho para me livrar da água da chuva.

Enquanto estou no banho, me pego pensando em Luna, relembrando todos os momentos especiais que compartilhamos, inclusive nossa primeira noite de amor. Ela era verdadeiramente especial para mim, e eu sentia uma grande responsabilidade por tê-la ao meu lado, especialmente por ela ter dedicado sua vida inteira a mim enquanto eu estava em coma. A preocupação com seu bem-estar durante este momento difícil intensifica meu desejo de encontrá-la o mais rápido possível.

𝕰𝖓𝖙𝖗𝖊 𝕯𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖔𝖘Onde histórias criam vida. Descubra agora