Entre Cicatrizes e Novos Começos

6 1 0
                                    

Dois anos se passaram desde aqueles momentos turbulentos no hospital. A vida seguiu seu curso, e as cicatrizes emocionais começaram a se curar lentamente. O hospital e as tramas daqueles dias pareciam um capítulo distante, mas a história continuava. Eu havia feito 19 anos, e Lyon não participou daquele momento junto a mim.

Sentei-me ao lado dele e comecei a atualizar sobre tudo que se passou. Contei a ele que Gabriel, após vários tratamentos, melhorou de sua depressão, e não via a hora de te ver bem. Narrei vários momentos engraçados e outros legais, passando a tarde inteira compartilhando as novidades. 

Um dia, enquanto eu estava ao lado de Lyon no hospital, um lampejo de memória atravessou minha mente. Era o aniversário dele, uma data que costumávamos celebrar com alegria e entusiasmo. Rapidamente, compartilhei minha lembrança com minha mãe e Gabriel, que estavam um tanto perdidos com o tempo devido às circunstâncias.

Ao percebermos que a data especial estava próxima, decidimos transformar o quarto do hospital em um pequeno refúgio de celebração. Minha mãe e Gabriel saíram em busca de um bolo e alguns presentes, enquanto eu organizava alguns detalhes para tornar aquele dia memorável para Lyon.

Compramos balões coloridos, enfeitamos o quarto com fotos que retratavam momentos felizes e espalhamos um clima festivo. O ambiente hospitalar começou a ganhar vida com as cores vibrantes e os sorrisos de esperança.


A atmosfera no quarto do hospital era tensa quando Gabriel e minha mãe decidiram nos deixar a sós. A presença de Felipe ali, após tanto tempo de distância e silêncio, criou um ambiente carregado de expectativas e incertezas.


A atmosfera no quarto do hospital era tensa quando Gabriel e minha mãe decidiram nos deixar a sós. A presença de Felipe ali, após tanto tempo de distância e silêncio, criou um ambiente carregado de expectativas e incertezas.

Eu sei que as coisas entre nós não estão bem, e eu entendo por quê," começou ele, desviando o olhar por um instante. "Eu errei, Luna. Minhas palavras foram impulsivas, e eu deveria ter lidado com tudo de maneira diferente. Estive refletindo sobre minhas atitudes e percebi o quanto te magoei."

Apenas o olhei e comecei a lembrar dos nossos momentos, especialmente da nossa primeira noite de amor, que foi tão especial. Como poderia aquele amor forte se apagar daquela forma? Em meio às lembranças, senti um misto de emoções que me levaram a abraçá-lo, dizendo que o amava. Sua reação foi semelhante, e em um abraço apertado, compartilhamos o peso do tempo perdido.

Então, ele olhou nos meus olhos com seriedade e disse que tinha outra coisa para contar. Brincando para aliviar a tensão, eu o encorajei a desembuchar, limpando algumas lágrimas de emoção que escapavam dos meus olhos. A ansiedade tomava conta, mas eu estava determinada a enfrentar o que quer que fosse que ele precisasse revelar.


Eu não acreditei quando ele pronunciou aquelas palavras. Com uma calma aparentemente infinita, Felipe contou que, após nosso término, seu pai conseguiu uma maneira de quitar todas as dívidas. Com isso, ele encerrou seu relacionamento com Barbara. No entanto, em um desdobramento que eu não poderia prever, ele revelou que, tempos depois, Barbara havia se ajoelhado e implorado por seu perdão. Surpreendentemente, ele aceitou suas desculpas e afirmou que agora estavam em um relacionamento sério.

Embora eu tenha desejado felicidades a eles, por dentro, eu estava completamente destruída. Foi uma tortura para mim, pois foram com Felipe que todos os meus momentos especiais começaram. Ele foi meu primeiro namorado, meu primeiro tudo, e assim, sem mais nem menos, a chama que existia em nosso amor se apagou, e eu me fechei para ele.


Após a nossa conversa, Felipe saiu do quarto, deixando-me sozinha com minhas emoções tumultuadas. À medida que a porta se fechava, um abismo de lembranças se abria diante de mim. O peso da realidade e as imagens vívidas dos nossos momentos juntos me atingiram em cheio.

Flashbacks inundaram minha mente, relembrando cada detalhe dos nossos dias de amor e cumplicidade. Desde o primeiro beijo até a nossa primeira relação, todos esses momentos pareciam agora distantes, como lembranças de um tempo que não poderia ser recuperado.

Enquanto os flashbacks se sucediam, uma onda de tristeza tomava conta de mim. Lágrimas escapavam dos meus olhos, e eu me desabava no choro. Cada lembrança era como uma faca, cortando minha alma e reforçando a sensação de perda.

Senti-me inundada pela melancolia daquilo que foi e não seria mais. O quarto do hospital, que deveria ser um refúgio de esperança, transformou-se em um palco de dor e saudade. Sozinha, entregue às minhas lágrimas, permiti-me sentir a profundidade da perda e começar o difícil processo de cura.

Enquanto o sol se punha lá fora, a penumbra do quarto refletia meu estado de espírito. Erguendo-me aos poucos, respirei fundo e decidi enfrentar o que viria pela frente. A dor ainda pulsava, mas a certeza de que cada lágrima era um passo em direção à cura acendeu uma centelha de esperança.

Com a determinação de quem reconhece a própria força, olhei para o futuro com um misto de receio e coragem. A jornada seria árdua, mas a promessa de um amanhã diferente guiou-me na busca por reconstruir não apenas a mim mesma, mas também os destroços de um amor que se desfez.

A cama do hospital, que já testemunhara tantas histórias de superação, agora era palco de uma jornada diferente. Aqui, eu não estava apenas curando feridas físicas, mas também navegando pelos abismos emocionais que o reencontro com Felipe desencadeou. 

Minha mãe logo entra no quarto para me dar um abraço forte, falando palavras de consolo e esperança. Ela assegura que esses momentos são passageiros e que, em breve, tudo se resolverá. Me vejo envolta por suas palavras reconfortantes, mas ao mesmo tempo, uma confusão se instala em minha mente.

Enquanto tento processar a situação e ponderar sobre o futuro, dedicado por tanto tempo à recuperação de Lyon, percebo-me sem esperanças de que ele acorde ou demonstre algum sinal de melhora. Dois anos se passaram, e a incerteza paira sobre o destino dele.

De repente, gritos ecoam do lado de fora do quarto. Confusa, tento entender o que está acontecendo. Gabriel surge, clamando por misericórdia. Rapidamente, percebo que são os médicos, vindo com a intenção de desligar os aparelhos. Todos perderam a esperança de que Lyon esteja vivo.

O desespero toma conta de mim, e instintivamente, me coloco entre os médicos e as máquinas. Sou puxada para longe, desequilibrando-me e caindo no chão frio. Entretanto, o choque é substituído por um sentimento indescritível quando vejo a cena diante de mim.

𝕰𝖓𝖙𝖗𝖊 𝕯𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖔𝖘Onde histórias criam vida. Descubra agora