Despertar de Esperanças

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Fazia muito tempo que eu não sabia o gosto de um beijo, e anos se passaram desde a última vez que o pratiquei. De repente, entrei em realidade e o empurrei, dizendo que precisava sair dali. No entanto, esquecendo completamente do meu pé machucado, acabei caindo, e a dor intensificou-se a ponto de eu soltar um grito. Lyon e minha mãe vieram correndo até o quarto, perguntando o que havia acontecido. Eu expliquei que havia esquecido do meu pé e tentei ir até o banheiro, mas estava tudo bem.

Minutos após esse episódio, o médico, que minha mãe havia chamado, finalmente apareceu. Ele examinou meu pé e disse que estava tudo bem, que não havia fratura, apenas uma leve torção. Nada que uma semana de repouso não resolvesse. Todos ficamos aliviados e felizes com a notícia.

À noite, eu estava deitada, descansando na cama, quando ouvi passos e batidas na porta. Para a minha surpresa, era Lyon trazendo meu jantar. Fiquei feliz e encantada por sua gentileza e cavalheirismo. Ele se aproximou de mim, preocupado, e perguntou se eu precisava de algo. Apenas acenei a cabeça, indicando que não.

Lyon então explicou que trouxera aquilo para mim comer, para me recuperar rapidamente. De repente, sem eu esperar, ele pegou a colher e disse que iria me alimentar. Fiquei surpresa e hesitei, mas Lyon riu da situação, garantindo que mesmo que eu não quisesse, ele faria isso por mim. Rimos juntos por alguns minutos, olhando um para o outro.

Minutos se passaram, e eu terminei minha refeição. Lyon se despediu gentilmente e foi para seu quarto. Eu me aprontei para dormir, pois estava cansada e exaurida; minha energia estava pedindo por descanso. Não tinha um dia agitado assim há anos, mas, pelo menos, era bom ter um dia animado do que um dia triste e delicado.

Logo, mexendo no meu celular sem perceber, acabei pegando no sono. Os eventos do dia giravam em minha mente, especialmente a atenção carinhosa de Lyon. Enquanto adormecia, minha esperança persistia, desejando secretamente que ele recuperasse completamente a memória e que em breve pudesse confessar todos os sentimentos que eu podia perceber surgindo entre nós. O mistério envolvendo sua amnésia tornava tudo ainda mais intrigante, e eu mal podia esperar para descobrir o desenrolar dessa história. Então, com esses pensamentos, mergulhei no mundo dos sonhos, ansiosa pelo que o amanhã poderia trazer. 

Uma semana se passou desde aquela noite em que Lyon, ainda envolto em mistério, permanecia em meus pensamentos. Agora, ao despertar, senti uma energia renovada no ar. Os raios de sol invadiam o quarto, iluminando meu semblante animado. Levantei-me da cama com um sorriso, ansiosa pelo novo capítulo que se desenhava em minha vida.

A manhã estava repleta de atividades, pois a viagem organizada por minha mãe finalmente havia chegado. Empolgada, arrumei minhas malas cuidadosamente, garantindo que cada item estivesse no lugar certo. O destino era desconhecido para mim, mas a expectativa e a curiosidade eram combustíveis mais do que suficientes para minha felicidade.

Enquanto organizava minhas roupas em meu quarto, Lyon bateu à porta, interrompendo minha tarefa. Ele entrou com um sorriso amigável, observando a bagunça que eu havia criado.

"Vejo que está ocupada. Precisa de uma mãozinha para organizar tudo?" sugeriu Lyon, ainda sorrindo.

Rindo da minha própria desordem, concordei com a ajuda. "Seria ótimo! Parece que minhas roupas decidiram ter uma festa por aqui."

Lyon se sentou ao meu lado no chão, e juntos começamos a dobrar e organizar as roupas. Sua habilidade surpreendente para lidar com a tarefa tornou o trabalho mais rápido e divertido. Enquanto conversávamos, a atmosfera descontraída proporcionava momentos de descontração e risos.

Enquanto Lyon estava concentrado em organizar as roupas, eu o observava com admiração. Sua beleza era evidente, e a gentileza em seus gestos criava uma conexão especial entre nós. Por um momento, minha mente divagou para imagens do que poderia ser nossa vida juntos, namorando e compartilhando momentos especiais etc.  

Vi que aquela bagunça havia desaparecido e agradeci a Lyon pela sua gentileza. Não me contive e fui lhe dar um abraço. No entanto, quando menos esperava, Lyon caiu no chão, desmaiando da mesma forma que nos episódios passados. Corri para chamar ajuda, e Gabriel veio imediatamente, juntamente com minha mãe. Eles tentaram acordar Lyon por alguns minutos, mas não obtiveram sucesso. Minha mãe sugeriu levá-lo para o hospital, e assim o fizemos.

Chegando ao hospital, Lyon foi levado para uma sala enquanto eu e minha mãe aguardávamos ansiosas do lado de fora, junto com Gabriel, que estava visivelmente nervoso e preocupado. Eu também sentia uma mistura de nervosismo e medo, pois não estava pronta para outra tragédia. No entanto, decidi afastar pensamentos negativos e manter uma postura positiva.

Após cerca de 10 minutos de espera angustiante, a médica chamou a gente para uma conversa. Entramos na sala do hospital e vimos Lyon ainda desacordado. Gabriel, em choque, perguntou o que estava acontecendo e se Lyon estava bem. A médica explicou que estava tudo sob controle, era apenas uma crise, e isso poderia ser um sinal de que sua memória estava retornando.

Um alívio imenso tomou conta de mim, e desejei sinceramente que fosse verdade. Finalmente, aquele suspense de dois anos atrás poderia estar chegando ao fim. Eu poderia confessar meus sentimentos para Lyon e, quem sabe, finalmente ouvir o que ele teria a me dizer antes do acidente e do coma.

A médica tranquilizou-nos, assegurando que tudo estava sob controle, o que nos trouxe um suspiro coletivo de alívio. Eu estava faminta, assim como todos nós, já que apenas tínhamos tomado café da manhã e o almoço estava sendo preparado quando o episódio ocorreu.

Surgiu a ideia de irmos a um restaurante que ficava embaixo do hospital, e todos concordaram. Enquanto comíamos, notei o olhar preocupado de Gabriel. Minha mãe tentou acalmá-lo, assegurando que tudo ficaria bem, pois a médica havia explicado que era apenas uma crise.

Após a refeição, retornamos ao hospital. Dirigimo-nos à sala onde Lyon estava internado, e, ao chegarmos, percebemos sua mão mexendo. Parecia que ele estava despertando. Trocamos sorrisos e nos aproximamos, observando Lyon finalmente recobrar a consciência. Ele olhou para mim e disse: "Luna?", depois voltou o olhar para Gabriel e disse: "Pai? Onde estou? O que aconteceu? Acho que acordei atrasado para a escola."

Ele tentou se levantar, mas gemeu de dor ao perceber os aparelhos conectados a ele. Gabriel pediu para que Lyon mantivesse a calma, enquanto a curiosidade e a preocupação enchiam nossos olhos. O momento era de alívio misturado com o receio de que Lyon pudesse estar confuso sobre o que aconteceu nos últimos anos.


Continua....

𝕰𝖓𝖙𝖗𝖊 𝕯𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖔𝖘Onde histórias criam vida. Descubra agora