Capítulo 4

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Eu estava de volta no meu querido emprego, onde morri de raiva quando a porta do elevador se abriu. Marco estava em frente à minha mesa, de cara fechada e com os braços cruzados.

Me aproximei.

— Boa tarde. — Lhe encarei. — Algum problema?

— O menor de todos. Pode assinar a sua demissão!

COMO É QUE É?

— O-oi? — Engoli seco, digerindo as palavras que acabei de escutar.

— Sua demissão! — Bateu com a palma da mão no meio da folha, que estava em cima da mesa. — Você pode ajuntar suas coisas e sair assim que puder.

— Vai me despedir porquê eu não sai com você? — Blefei, tirando sarro.

— Anda logo, garota! — Estava bravo.

Respirei fundo quando peguei a caneta, pronta para assinar as três vias do documento. Antes, reli rápido o que pedia, ficando atenta se eu ganharia alguma quantia de dinheiro ou se Marco seria tão filho da puta assim.

— Aqui está. — Entreguei as folhas. — Quando posso pegar o dinheiro? — Fui mais clara o possível.

— Foda-se, garota! Eu vou dar a merda do seu dinheiro amanhã. Eu quero que você suma daqui. — Quase gritou.

— Tudo bem. — Fiquei um pouco assustada. — Sua empresa não tem nenhuma norma? Por exemplo... Eu não vou ir até um psicólogo para saber como estou me sentindo, ou então, me desligar de todos...

— Mais uma palavra e você vai ficar sem nada. Está entendendo? — Marco estava furioso de raiva comigo. Acredito que Chay tenha contado uma história totalmente diferente, ou então, Mel caiu em cima.

Eu, agora, era uma desempregada oficialmente.
Que legal!

Voltei pelo elevador com alguns papéis que Marco havia me dado, todos assinados. Liguei para Stephanie antes de pedir um táxi, indo para a casa de Mel, tentando saber qual seria o meu destino.

Eu só fazia merda. Por que eu só fazia merda?

— Stephanie? — Ela havia atendido.

— Oi. Tudo bem?

— Tudo sim, quer dizer... — Passei pela porta, observei o apartamento em silêncio. — Sabe aquela proposta que você me fez hoje de manhã? — Fiquei sem graça de entrar no assunto, de novo.

— Sobre você morar aqui comigo?

— Sim, essa mesmo! — Entrei no meu quarto. — Acho que preciso agilizar esse processo. Eu acabei de ser demitida e agora não sei o que fazer.

— Onde você está? Eu posso te buscar agora!

— Agora? — Ela era um anjo. — Eu vou te passar o endereço, tudo bem?

— Claro. Vou estar esperando.

— Ok.

Me apressei em passar o endereço de Mel à Stephanie, que demorou meia-hora até chegar no condomínio. Liberei para que pudesse entrar, conversando com a mesma enquanto arrumava minhas coisas, que eram poucas.

— Que babaca! — Stephanie soltou, estava deitada na cama. — Sua amiga não disse nada sobre isso?

— Acho que ela ficou em cima do muro. Não sei. — Dei de ombros. — Stephanie, você tem certeza que eu não vou ser um incômodo na sua casa?

— Sophia, é claro que não! Eu posso te ajudar a arranjar alguma coisa mais pra frente. Pode ser?

— Claro que pode! Fora que eu vou ficar mais tranquila quando estiver trabalhando. Consigo te ajudar.

— Eu até agradeço a ajuda, por enquanto, entendo que você não tem nada em mente mas quer me ajudar. — Pausou. — Eu ganhei o apartamento dos meus pais, fora o carro que a minha mãe me deu. — Sortuda! — Eu ganho mesada também, então, não fica pesado para mim.

Uau! Stephanie era mimada até demais.

— Você nunca trabalhou?

— Não, meu pai queria que eu focasse nos estudos. — Contou. — E está dando certo! Não faço nada de errado e ainda por cima ganho tudo o que eu quero. — Soltou um risinho.

— Isso é ótimo, Stephanie.

Meu estômago se revirou um pouco, ao lembrar que meus pais queriam isso para mim também. Os caminhos foram outros... Completamente.

— Podemos ir? — Ela se levantou.

— Acho que eu peguei tudo. — Observei minhas bolsas, bem cheias. — Vou deixar um bilhete para Mel, junto com a cópia da chave.

— Perfeito. — Stephanie sorriu leve, me ajudando com as mochilas e bolsas.

Era errado o que eu estava fazendo mas não podia perder oportunidades como aquela. Ainda seguia desconfiada de Stephanie, sobre me dar tudo de bom e do melhor, do dia para noite. Eu não tinha mais Micael para ajudar nos meus problemas, não tinha dinheiro para enfrentrar a minha situação e claro, não seria obrigada em passar perrengue para viver do jeito correto.

Stephanie morava em um condomínio quase igual o de Mel, clássico, não tão chique mas confortável. Subimos de elevador e entramos em seu apartamento, que era uma graça. Cozinha americana, uma sala perfeitamente arrumada, móveis novíssimos em folha.

Ela tinha até um piano!

— Seu apartamento é lindo. — Fiquei admirada em ver.

— Obrigada. Se quiser deixar a mochila no quarto de hóspedes, pode deixar. — Caminhou até o banheiro.

— Vou deixar. — Entrei em um corredor, seguindo até o quarto de hóspedes, que seria o meu agora.

Deixei minhas coisas em cima da cama de solteiro, verifiquei o quarto com poucos móveis e me admirei em olhar a vista tranquila da cidade.

A única pessoa que me ajudaria resolver todos os meus problemas não estava aqui. Eu não podia ligar, muito menos mandar uma mensagem e me encontrar com ele.
Micael agora tinha dona, estava mudado, completamente.

O que eu iria fazer? Não conseguia mais pensar em nada!

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora