Capítulo 20

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Dois dias depois.

Lorelai estava oficialmente de molho, como uns dizem, de atestado. Forte, bem forte! Ninguém sabia o que havia acontecido de fato, mas aulas de Direito foram substituídas pelas aulas do trouxa do Micael, que não sabia absolutamente nada da matéria dele.

Idiota, mil vezes idiota.

— Lição de casa, pessoal! Página trezentos e quinze, com resumo no e-mail da professora Lorelai. Ok? — Micael deu um sorriso fajuto, depois de ajuntar suas coisas, que estavam espalhadas pela mesa grande.

— Quer sair hoje? — Stephanie me observou, enquanto eu guardava o meu material.

— Sair? — Achei graça e novo. Nunca saímos desde que entramos na faculdade. Foi bastante novo!

— É, sair! — Estava animada. — A gente podia comer uma pizza ou então, ir para uma balada.

— Balada? Não, por favor não. — Eu tinha pavor de baladas. — Eu aceito a parte de comer uma pizza e...

— Senhorita Abrahão, eu posso falar com você? Um segundo.

Micael apareceu em nossa frente, como um cachorro que caiu da mudança. Stephanie foi rápida em guardar o seu material, saindo às pressas. Cerrei meus olhos e respirei fundo, tomando toda paciência que eu, ainda, tinha.

— Não precisa me chamar de senhorita Abrahão, todos já foram.

— Vai ficar nessa até quando?

— Até quando eu quiser. — Sorri falsa. — Meu sonho é a sua mulherzinha chata passar por aquela porta, sabia?

— A Lorelai está doente! E eu quero saber o por quê de você ficar assim comigo.

— Você já se decidiu como vai tratar o Harrison?

— Já conversamos sobre isso.

— Micael, na boa! Não tem como a gente ficar junto. Você precisa da Lorelai para subir na vida, se tudo der errado, a culpa é minha. Estou errada? — Esperei que ele falasse algo, porém, recebi o silêncio. — E eu não posso me prender em você de novo. Você destruiu a minha vida!

— Destruir é uma palavra drástica demais, você não acha?

— Ah, você não acha? A minha mãe não...

— Já entendi. A sua mãe não fala mais com você por minha causa. Você quer que eu vá até a casa dela? Mande flores? Escreva um livro extenso do que a filha dela já fez?

— Vá para o inferno, por favor! — Mostrei o dedo do meio, me levantando.

— Nossa, que atitude de menina mimada que você tem. Parabéns, senhorita Abrahão. — Bateu três palmas firmes, irônico.

— Me deixa, Micael. Ou eu vou ser obrigada a conversar com a Lorelai, à sós. — Nos encaramos.

Micael ficou tenso, umedecendo os lábios, sem dizer absolutamente nada. Terminei de descer as escadas, saindo da sala.

Sai bem rápida que não havia me dado conta de esbarrar com... UM SEM EDUCAÇÃO!

— Porra, olha para onde anda, caralho!

O garoto alto e magro, de olhos verdes e cabelo lisinho me soltou uma dessa. Usava uma jaqueta de couro, com uma calça super-apertada que jamais passaria na minha bunda.

— Sua mãe não te deu educação? — Soltei enquanto ele ia e sumia pelo corredor. Ganhei um famoso dedo do meio, sem o seu olhar para trás.

Ousado, muito ousado.

— Na verdade ela deu sim. Mas não entrou na cabeça dele o suficiente.

Me assustei quando, praticamente, vi a cópia dele em minha frente. Pisquei três vezes para saber se realmente era real.

— É... — Gesticulei, um pouco confusa.

— Somos gêmeos. — O garoto soltou um riso. Me estendeu a mão. — Prazer, Davison! E aquele é o meu irmão, Dylan.

— Prazer. — Demos as mãos, em um aperto de três segundos. — Sejam bem vindos.

— Obrigado. — Ele estava envergonhado pelo irmão. — Você poderia me dizer aonde é a sala de Direito?

— Essa aqui, bem aqui. — Eu também estava bem sem graça. — A aula já acabou. Quer dizer. — Neguei com a cabeça rapidamente. — A professora está de atestado.

— Lorelai? — Ele franziu o cenho. — Que ótimas boas vindas, não é mesmo? — Abriu as mãos.

Ele era diferente dos outros garotos. Parecia mais velho, com a alma mais velha. Diferente do grosso do irmão dele. Eu gostei de conversar com Davison! Ele parece ser divertido.

— Atrapalho?

Micael apareceu diante de nós dois, tinha sua bolsa entre os ombros e não gostou de presenciar a cena. Como sempre.

— O senhor deve ser o professor Borges, não? — Davison estendeu sua mão, apertando a de Micael. — Me chamo Davison Bruck! É um prazer em conhecê-lo.

— Então você é o novo Bruck. — Micael puxou sua mão. — Seu irmão também veio?

Como ele sabia?

— Sim, ele acidentalmente esbarrou na... — Davison me encarou, pois não sabia o meu nome.

— Sophia. — Disse rápida, para complementar a história.

— Exatamente! Na Sophia. Eu fiquei para tomar as desculpas, o meu irmão não é nada generoso. — Davison pigarreou. Com certeza, Dylan dava muito trabalho.

— Enfim. — Micael nos observou. — Seja bem vindo à universidade! A primeira regra é não ficar conversando nos corredores, você pode levar uma advertência. Assim como a senhorita Abrahão, que tem seis no quadro de anúncios semestrais. — Micael me encarou, enquanto sorria falso.

— SEIS? — Arregalei meus olhos. — Mas eu nem fiz nada!

— Agora sete. — Sorriu falso novamente. CACHORRO! — Tenham uma ótima manhã, alunos.

Micael saiu andando, Davison me olhou surpreso, depois de perder as palavras que estava prestes a anunciar.

— Ele é sempre bravo assim?

— Ele é um idiota! — Bufei.

— Se você analisar, todos os professores são assim. — Colocou as mãos no bolso da calça. — Nos vemos por aí, Sophia. Até mais tarde! E desculpe pelo meu irmão.

— Não precisa se preocupar. Ele vai aprender a conviver nesse hospício. — Coloquei um pouco de medo, tirando mais risos de Davison, que saiu andando.

Procurei meu rumo, tirando uma folga de Lorelai, que estava de atestado. Eu havia me cansado de procurar sobre Gaspar, talvez voltaria a me concentrar quando ela voltasse.

Ou não.

— Senhor Fontana, será que podemos conversar?

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora