Capítulo 11

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Fui redirecionada a uma sala com ar condicionado no último. Duas mulheres estavam sentadas em uma poltrona confortável, atrás de uma mesa. Uma usava óculos e a outra tinha mechas loiras no cabelo, ambas da mesma idade, não muito velhas. 

Sorriram quando viu Micael entrar comigo.

— Bom dia, senhor Borges. — A de óculos sorriu. Se fazendo toda em sua frente.

— Bom dia. — Micael sorriu leve mas não deu uma trela. — Trouxe a senhorita Abrahão, ela vai se inscrever no estágio da Lorelai. — Explicou.

— Ah, claro! — A mulher com mechas agilizou o processo, me entregando duas folhas com uma caneta. — É só ler o termo de responsabilidade e assinar as duas vias, por favor.

Tive o papel em minhas mãos, lendo linha por linha, demorando um pouco dentro da sala. Micael esperou, paciente, me observava franzir o cenho em algumas palavras diferentes.
Por fim, assinei e entreguei para a mulher de óculos.
Agora não tinha mais volta.

— Você já conversou com a professora Lorelai? — A com mechas me encarou.

— Sim. Quando eu começo?

— Voce precisa ver com ela. Somos responsáveis por sua matrícula! Somente isso. — Que grosseira!

— Bom... Obrigado por ceder esse tempo para a senhorita Abrahão. — Micael quebrou o clima. — Tenham um ótimo dia!

— Para você também. — As duas responderam em uníssono.

Acompanhei Micael, que saiu da sala com um pouco de pressa. Não estava entendendo mais nada. Minha única preocupação era o que Lorelai poderia aprontar comigo.

— Pronto! Você começa amanhã, creio eu que sim. — Não parou de andar.

— Voce não vai me dizer nada? — Levantei meus ombros. — Como vai ser o estágio?

— Eu não sei de nada relacionado ao estágio, Sophia. — Parou em um canto, puxando minha mão. — Escuta! Não podemos ficar assim.

— Conversando?

— Fazendo qualquer coisa! A Lorelai é doida. — Estava falando baixinho. — Se ela sonhar que estamos conversando, somos pessoas mortas!

— Eu não ligo para ela. — Cruzei meus braços. — Só não vou deixar ela subir em mim. Sei que parte desse estágio é somente para isso!

— Só relaxe, tudo bem? — Me acalmou um pouco. — Vamos voltar para a sala! Já estamos bem atrasados.

Micael saiu primeiro, fui logo em seguida, demorando alguns minutos.

Depois de sua aula, tivemos a aula da Lorelai, que foi bem explicativa por sinal. Observei o lugar de Stephanie vazio e estranhei. Algo estava acontecendo e ela não estava me contando! Foi difícil concentrar, minha mente só queria saber aonde ela estava.

Mandei mensagens escondidas enquanto Lorelai falava à beça, enchendo o quadro branco com suas anotações malucas. Stephanie não me respondeu, o que me deixou mais preocupada ainda.

— Pensei que tivesse desistido. — Lorelai puxou assunto comigo quando a aula acabou. Desci os degraus até sua mesa.

— Com sua chantagem clara sobre o governo? Óbvio que não. — Alfinetei. — Estou pronta para o seu estágio, seja lá o que for. Não sei o que vai fazer comigo.

— Vou estagiar você, oras. — Levantou os ombros. — Começando por agora!

Me entregou uma pilha de livros pesados. Reclamei no mesmo instante. Então isso era um estágio? Eu seria um cachorrinho da Lorelai? Me poupe.

— É sério isso?

— Você queria fazer o que? Não pode reclamar, agora que está trabalhando. — Foi andando até à porta. Eu lhe segui.

— Me sinto no próprio filme do Diabo Veste Prada. — Rosnei.

— O que disse? — Lorelai se virou para me encarar.

— Nada. — Engoli seco. — Para onde vamos?

— Para a biblioteca municipal! Eu vou deixar você aqui quando o horário do estágio acabar. Não se preocupe.

— Vamos sair da faculdade? — Franzi meu cenho.

— Vamos! Eu preciso reler alguns documentos e você vai me ajudar. — Ela foi saindo, e eu, a segui.

Estava sendo difícil levar todos aqueles livros pesados até o carro de Lorelai. Ela acionou o alarme, abrindo a porta de trás, me deixando colocar todos os livros ali.

— Vem, vamos. — Me chamou para subir no carro.

Ok, eu era louca de estar no carro dela, indo para uma biblioteca longe da faculdade. Mas, se ela fizesse algo comigo, ficaria presa para o resto da vida! Eu tinha assinado documentos, tinha provas, caso acontecesse algo.

— Tem mais alguém que vai com a gente? — Puxei assunto para não ficar tão nervosa.

— Só nós duas. — Dirigiu em silêncio.

— Legal. — Observei a paisagem pelo vidro.

Lorelai soltou um suspiro, apertando o volante fortemente.

— Como foi sua relação com o Micael? — Soltou.

Era sério mesmo?

— Lorelai, acho que isso são águas passadas. Ok? O que eu tive com o Micael é algo do passado! Fora que você é minha professora, deveríamos falar de assuntos sobre o curso.

— É, você tem razão. — Continuou a dirigir.

O silêncio perturbador dentro do carro nos atingiu, até chegarmos na biblioteca municipal. Lorelai estacionou na vaga indicada, me ajudando a retirar os livros e caminhar até à entrada.

Porém... Eu me surpreendi mais ainda.

— Boa tarde, senhor Fontana. — Lorelai sorriu ao ver o diretor.

Ele ficou sem graça, sorrindo de volta.

— Stephanie? — Estranhei quando lhe vi, ao lado do homem. — O que faz aqui? — Quis saber, minha curiosidade iria me matar.

Os dois ficaram em transe, como se tivessem culpa no cartório.
Ai tinha, e muito! Eu estava prestes a descobrir.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora