Capítulo 36

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CINCO ANOS DEPOIS.

Caro diário, que mais se parece com uma agenda de compras de supermercado. Muita coisa aconteceu durante esses cinco anos, onde tive a ajuda da minha querida amiga, Stephanie. Eu migrei de faculdade, tive que me mudar de cidade e morar em um alojamento, dividir quarto com três garotas e sofrer meramente por um diploma de direito.

Não tive notícias de ninguém! Muito menos de Micael, que se casou com Lorelai. Como eu sei? Stephanie me contou e eu acabei vendo algumas fotos no Instagram. Mas isso não me interessa mais... Já que, eu estou bem estabilizada. Com apartamento, emprego e tudo do que a vida tem de bom para me oferecer.

Uma boa notícia? Minha mãe voltou a falar comigo! Nos vemos quase todos os finais de semana, passamos juntinhas e às vezes rola algumas compras no shopping, depois, eu levo ela ao aeroporto para o voo de volta. Meu pai não gosta muito de vir até aqui, mas também me comunico com ele.

Aaah, e antes que eu me esqueça! Eu tive todos os documentos para a prisão de Lorelai, que ainda não foi possível realizar. Vamos começar o julgamento na semana que vem, e claro, Micael vai estar na cidade.

Eu não queria que ele estivesse. Mas vai estar!

— Um segundo. — Soltei, havia escutado a campainha tocar.

Fechei o caderno e me levantei, rápida. Ainda estava com a roupa de trabalho no corpo, o coque frouxo dizia que eu estava mais cansada do que nunca.

Destranquei a porta, vendo meu vizinho do lado. Tinha uma forma nas mãos e um rosto envergonhado.

— É... Boa noite. — Sorriu, todo envergonhado.

— Boa noite, Chad! — Sorri mais ainda.

— Eu trouxe para você! — Me entregou. — É de maçã com canela.

— Humm... Torta? — Estava cheirosa! — Obrigada. De verdade.

— Será que você pode... Me emprestar o seu liquidificador? — Chad coçou a nuca.

Eu sabia que Chad não era normal como as outras pessoas, ele tinha um QI à menos, um pouco atrasado, mas eu o adorava do mesmo jeito. Sempre foi prestativo comigo, logo assim que me mudei.

Caminhei até minha cozinha americana, buscando o liquidificador e deixando a torta em cima do balcão. Voltei e entreguei à Chad, que deu outro sorriso envergonhado.

— Te devolvo amanhã de manhã.

— Não se preocupe. — Acenei. — Boa noite!

— Boa noite!

Fechei a porta e tranquei, tendo segurança. Mas antes que pudesse caminhar até o banheiro para tomar banho, o interfone tocou, me dando um susto daqueles.

— Pronto? — Tive o aparelho no ouvido.

Dona Sophia? Desculpe interfonar esse horário mas um cliente da senhora está aqui.

— Um cliente? — Que cliente?

— Sim. O nome dele é Jorge!

— Jorge? — Me peguei pensando em quantos Jorges eu tinha como cliente. — Jorge do que?

— Santana.

— Meu Deus... — Eu estava péssima de lembranças. — Pode deixar subir, eu vou esperar em frente ao elevador.

— Tudo bem. A senhora quer que eu vá junto?

— Não precisa, obrigada. — Sorri leve.

— Vou liberar.

— Ok. — Voltei o interfone na base.

Eu não sai para esperar o tal cliente em frente ao elevador, mas ainda sim estava com medo por não saber quem era. Sim, eu sei, eu era doida de liberar um sujeito desses, mas acontecesse que eu tinha inúmeros clientes pelo estado. Algum Jorge Santana deveria estar precisando do meu trabalho, mas ainda sim, deveria mandar alguma mensagem.

O que foi estranho ao meu ver.

Como uma boa expert em filmes de suspense, esperei o tal Jorge Santana com um prato de vidro atrás da porta. Se ele me atacasse, eu o atacaria também.

A campainha tocou e o tal Jorge Santana era nada mais e nada menos do que Micael Borges.

Ao vivo e em cores.

Deixei o prato cair no chão, espatifando em mil pedaços.

— Parece que caiu. — Micael soltou.

Estava tão... Sexy. Lindo! Ele envelhecia como vinho, como pode? Sorriu sorrateiramente para mim, entrando devagar enquanto andava sob os cacos de vidro que estavam no chão.

— O que você está fazendo aqui? — Fiquei imóvel.

— Parece que temos um encontro amanhã de manhã no tribunal, doutora Sophia Abrahão. — Micael procurou alguma vassoura. — Seu apartamento é lindo.

— Não quero você aqui.

— Não seja tão rude. — Juntou os cacos. — Estou aqui em missão de paz.

— Missão de paz? — Andei até ele, que juntava os cacos. — Você me chamou de puta, vadia e agora está em missão de paz?

— Você ainda está remoendo tudo que eu disse há cinco anos atrás?

— Você casou com uma assassina! Sabe que ela tem culpa pela morte do professor Gaspar e ainda sim finge gostar dela? Que tipo de homem é você?

— Um homem que precisou aturar tudo isso para conseguir algum cargo no estado. — Nos encaramos. — Você sabe da situação! Sabe que ela não me daria paz.

— Você casou com ela! No papel! Dorme com uma assassina e não tem medo do perigo.

— É claro que eu tenho! Se não tivesse medo, não estaria aqui para o julgamento. Eu sei que você é capaz de colocar a Lorelai nas grades.

Fiquei em silêncio. Micael deixou a vassoura de lado, me observando. Se aproximou de mim.

— Os anos se passaram e você ainda continua sendo aquele menininha que eu conheci. — Sussurrou em meu ouvido.

— Sai daqui! — O empurrei. — Eu não sei porquê eu deixei você subir. Aliás, você forjou sua entrada no condomínio.

— Eu tinha que falar com você.

— Já falou, agora pode ir embora.

— Não. — Micael me prensou contra a parede. — Eu fui rude demais com você, naquele ano. No dia do maldito vídeo. — Nos entreolhamos. — Eu sabia que ela tinha culpa mas estava morto de ódio de você! Eu queria te matar!

Seu lábio carnudo encostou em meu lábio inferior, de leve.

— E agora você quer uma chance? — Soltei.

Ganhei uma mordiscada no pescoço.

— Você agora é uma mulher, Sophia. E eu não aguento mais te deixar assim! — Segurou o meu rosto.

— Eu... — Fechei meus olhos. Era como andar de mãos dadas com o pecado!

— Eu quero ser o seu professor em tudo. Em tudo o que você fizer! Tudo! — Deu ênfase.

Assenti, mesmo extasiada pelos lábios carnudos de Micael, percorrendo o meu pescoço.

Fui ágil ao acertar sua boca, o beijando intensamente. Eu estava no erro mas aceitá-lo foi dez vezes pior.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora