Meu Professor - Coast | 2ª Temporada

Capítulo 21

A sala do senhor Fontana era mais agradável do que parecia. Me sentei de frente com a sua mesa, vendo ele fazer o mesmo, estranhando por eu estar ali.

— Senhorita Abrahão, algum problema?

— Na verdade eu gostaria de fazer algumas perguntas. — Acho que eu o assustei! — Se me permite, é claro.

— Depende das suas perguntas. — Ele cruzou as mãos em cima da mesa. — Mas pode me dizer! Algo de errado?

— O senhor sabe que eu estou fazendo estágio com a professora Lorelai, sim? — Ele assentiu. — Perfeito! O senhor sabe, também, que eu ganhei um cargo de excluir os nomes de antigos professores. — Fiz aspas com os dedos. — E percebei que a lista em que eu recebi, possui Gaspar em mais ou menos... Treze folhas. — Fiz uma careta.

— E?

— Eu descobri que Gaspar foi um professor da faculdade. Estou certa?

— Sim, ele foi um ótimo professor e ex-marido da professora Lorelai.

— E o que houve com ele? — Me fiz de desentendida.

— Ele morreu em um acidente de carro. — Era sério mesmo? — Creio que a professora Lorelai não quis te contar, ela guarda isso com ela até hoje.

— E por que ela gostaria de apagar todos os nomes que possui na lista? Quer dizer... Ela poderia fazer uma homenagem, não é mesmo? — Fiz outra careta.

— Isso é problema dela, senhorita Abrahão!

Ok, eu não ganharia mais nada com aquela conversa.

— Mais alguma coisa que eu posso resolver?

— Não. Na verdade o senhor me tirou uma grande dúvida. — Me levantei. — Obrigada por tirar um tempinho comigo, senhor Fontana.

Eu queria me matar quando me virei, saindo da sala do senhor Fontana, em rumo à minha casa. Eu não tinha mais provas de Gaspar e já estava me tirando a paciência ficar procurando.

Stephanie e eu combinamos de comer uma pizza à noite, saindo pela primeira vez depois de muito tempo. Foi divertido! Minha cabeça precisava espairecer um pouco. Micael tirava a minha paciência.

— E então, o que ele queria com você? — Stephanie me serviu um refrigerante.

— A mesma ladainha de sempre! Por que vamos ficar assim? Por que isso? Por aquilo? — Imitei Micael enquanto ela ria.

— Hilário! Simplesmente hilário.

— Ele é um babaca! — Revirei os olhos. — O pior é que eu amo ele. Mas não posso me envolver de novo, sem saber o que realmente fazer.

— Eu acho que você deveria desencanar dele, ou então, se vingar.

— Eu já disse que vingar é uma palavra extremamente forte. — Apontei para Stephanie, que rendeu as mãos.

— Ok, entendi.

Nossas pizza haviam chegado.

— Você viu os alunos novos que chegaram? — Peguei um pedaço.

— É... Não? — Stephanie levantou a sobrancelha. — Da nossa sala?

— Sim! Eles são gêmeos e gatos. — Lembrei dos dois. — Dylan é o sem educação e Davison o educado.

— Então você já conversou com os dois?

— Eu me esbarrei com o sem educação e depois o Davison chegou, para pedir desculpas.

— Ah, então você já explorou a carne nova no pedaço. — Stephanie segurou o riso, me zoando.

Focamos em comer a nossa pizza, sem gracinhas. Estranhei quando Stephanie perdeu o seu brilho, olhando para a porta da pizzaria, que havia feito um barulho no mesmo segundo.

— Família feliz?

Não havia entendido a sua pergunta, só tive certeza quando me virei, avistando Harrison, Micael e Lorelai. Ambos se dirigiram até a bancada da pizzaria, segurando alguns cardápios.

— Ele me persegue, só pode. — Balbuciei.

— Ou ele colocou um GPS na sua perereca! — Stephanie gargalhou.

Revirei os olhos e deitei um pouco meu corpo na poltrona fofa da pizzaria, me escondendo dos três. Harrison faria um escândalo se me visse, e eu não queria confusão agora.

Pedi para que Stephanie fizesse caretas se os três vissem que estávamos ali, mas foi tranquilo. Somente no final que ela piscou, indicando que Micael tinha ido embora, porém, nos visto.

— Caraca, que tensão. — Ela soltou. — Já pode se levantar.

— Ufa. Eu odeio me sentir assim!

— Eu não sabia que ele tinha filho grande. Quer dizer, o menino já é um mocinho. Você sabe quem é a mãe?

— É uma longa história que eu posso te contar depois, bem depois.

— Tá. — Stephanie bebeu seu refrigerante. — E enquanto ao Micael, você já se decidiu?

— Eu não quero ter mais nada com ele, por enquanto. Primeiro eu quero saber quem foi o tal de Gaspar e depois eu posso pensar no que fazer.

— Você deveria fazer o seu pé de meia, sei lá.

— Pé de meia?

— É! No segundo semestre você poderia procurar um estágio, ou então, jogar currículos nas advocacias. A Lorelai não vai te dar uma vida boa e fixa, ela te odeia.

E era verdade! Eu tinha que focar na minha vida. O estágio não me daria o futuro que eu sempre sonhava. Stephanie estava certa!

— Você pode me ajudar quando o segundo semestre chegar, né?

— É claro! Podemos procurar algo juntas, se você quiser.

— Me animei um pouco. Obrigada.

O resto da noite foi exatamente assim. Falando mal de Micael e planejando os empregos para a chegada do segundo semestre.

Saímos tarde de lá, vi no visor do celular de Stephanie, quando a mesma pediu um Uber para irmos embora dali. Durante o caminho, lembramos que havia lição de casa da Lorelai e pelo destino, esquecemos completamente de fazer.

O que nos arrancou mais risos!

— Valeu, tio. — Stephanie agradeceu o Uber. Achei engraçado, batendo a porta, deixando o carro ir.

Paramos em frente ao condomínio.

— Espera! Eu vou buscar a chave. — Me avisou.

— Será que você pode ir logo? A pizza está quente. — Reclamei pela embalagem estar queimando a palma da minha mão.

Stephanie balançou a chave quando achou, devolvi a embalagem de pizza mas parei ao ver o chato do Micael, pela décima oitava vez no meu dia.

— Boa noite, meninas. — Sorriu como um cão sem dono, ainda mais colocando as mãos dentro do bolso da calça.

— Boa noite. — Stephanie ficou sem graça. — Eu vou subindo então, tá? Te vejo depois.

— Tá bom. — Vi ela entrar no condomínio, nos deixando à sós.

Encarei Micael, querendo esmurra-lo à todo custo.

— Eu vi vocês.

— Jura? — Debochei.

— Será que a gente pode sair daqui? Por favor!

Assenti, mesmo não querendo ir. E assim, eu fui.