Capítulo 19

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Harrison levantou a blusa do pijama que estava usando, fez carinho em sua barriga estufada e por fim, deixou uma careta que fez até Micael rir.

— Comeu muito, garotão? — Perguntou ao filho, que assentiu.

— O molho da Soph é uma delícia! — Fechou os olhos e sorriu. — Eu vou sonhar com ele.

— Só o molho dela? Eu fiz o macarrão! — Micael se justificou, ficando com... Ciúmes?

— Acho que seu pai está com ciúmes, Harrison. — Me levantei, busquei os pratos que estavam na mesa, os retirando.

— Não estou com ciúmes, só estou dizendo que você fez o molho. — Micael me deu o prato. — Pode deixar que eu lavo.

— Não precisa, está tudo bem. — Sorri leve. Deixei os pratos na pia.

— O que vamos comer de sobremesa, pai? — Harrison perguntou à Micael, que segurava o riso.

— Moleque, você tem o quê na barriga?

— Não podemos deixar de ter sobremesa! Na casa do José, tem sobremesa em quase toda a refeição. — Contou para o pai, indignado por não ter sobremesa.

— Acontece que na casa do José... — Micael parou.

Harrison esperou o final, mas não recebeu. Eu os observei de longe, pronta para parar qualquer frase que Micael fosse soltar.

— Harrison, eu posso fazer um bolo de cookie para você amanhã, que tal? — Fui de encontro com ele.

— Bolo de cookie? — Ele torceu o nariz. — Cookie é um biscoito! Como podem fazer um bolo disso? — Ficou pensativo.

— Existem receitas de várias coisas, acredite! — Toquei seu cabelo.

— Tudo bem, amanhã eu quero meu bolo de cookie. — Achei graça da sua postura.

— Para a casa, Harrison! — Micael ordenou. — Você já encheu o saco da Sophia demais.

— Deixa ele! — Me virei para Micael, um pouco irritada.

Harrison bocejou, saiu da cadeira e me deu um beijo demorado na bochecha. Seguiu caminho ao quarto, e Micael, foi logo atrás.

Eu fiquei na função de limpar a cozinha e lavar toda a louça suja do café da manhã. Enquanto Micael verificava se Harrison estava mesmo dormindo, eu ficava por ali, dando alguns ajustes, que por sinal, ficou impecável.

— Tudo ok. — Micael apareceu.

Massageou meus ombros, dando um beijo longo em meu pescoço. Fechei meus olhos mas parei qualquer pensamento impuro.

— Micael, eu já disse centenas de vezes que não quero interferir mas você precisa rever o modo que fala com o Harrison! — Me virei, cruzando os braços e me escorando no batente da pia.

— De novo isso?

— De novo sim! Eu sei que você ia falar merda na hora do jantar para ele. — Voltei ao assunto. — A mãe do José faz sobremesa porquê ele tem uma mãe, né? — Me irritei.

— Sophia, qual foi? Eu me dobro para ser um ótimo pai ao Harrison. Não posso fazer muito! — Aumentou o tom de voz.

— É claro que você pode! Começando por saber tratar o Harrison do jeito certo. Se está errado? Converse! Se está faltando algo? Converse! — Andei de um lado para o outro. — Ele precisa de amor, Micael. Ele precisa de acolhimento!

— Está querendo dizer que o Harrison não tem amor o suficiente?

— É, é isso que eu quero dizer. — Perdi a paciência. — Ele não tem uma figura materna, então, ele se espelha em você. Mas à partir do momento que você solta as garras e é um tremendo bosta na frente dele, as coisas mudam.

— Um bosta. — Micael repetiu. — Você realmente não sabe o que acontece aqui dentro.

— Realmente, eu não sei. — Debochei. — Aliás, eu nem sei por quê eu estou aqui. — Nos encaramos. — Sua namorada está mal, você deveria ver como ela está.

— Que chata você, hein! Desde quando você ficou tão mimada?

— Mimada? — Gargalhei irônica. — Eu cresci, Micael! Depois de tudo que você me fez passar, eu ainda estou aqui. E não faço a mínima ideia do por quê.

— Começou o momento chatice demais.

— Vai para o inferno! — Blefei, saindo.

Micael foi rápido, segurando a minha mão.

— Onde você vai?

— Sair daqui. Além de você ser um merda, não recebe opinião alheia. — Me desgrudei dele mas não consegui. — Será que dá para você me soltar? Eu vou gritar!

— E por que você vai gritar? Não sei porquê essa raiva toda em cima de mim. — Nos fuzilamos com o próprio olhar. — Eu amo você.

— Legal.

— Sophia!

— Micael, por favor. — Fechei meus olhos. — Tire suas mãos de mim. Eu vou pra casa e você deveria ver como Lorelai está.

— Vai ser assim então?

— Quando você aceitar que errado é errado, a gente conversa. Pode ser?

Micael me deixou ir, e eu, sai pela porta da frente sem dar satisfações.

Me sentia mal por atiçar Harrison com meu carinho e deixar Micael cuidar do resto, mas, eu não era a mãe dele e Micael precisava desse toque necessário, mais do que tudo.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora