Capítulo 37

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— Chega!

Empurrei Micael, que deu um sorriso sarcástico. Passou a mão direita no lábio, me dando visão da sua aliança enorme.

— Entendi. — Ele assentiu. — Vai ficar se fazendo de difícil?

— Difícil? Você praticamente cagou a minha vida. — Andei de um lado para o outro. — E vem cá, você não está casado? Que cara de pau!

— Você está prestes à colocar a Lorelai na cadeia. Não tem o por quê de ficarmos separados!

Como ele ousa em falar aquilo? Meu Deus!

— Você deveria ter o mínimo de respeito com ela. Mínimo. — Diminui meus dedos. — Ela é sua esposa, Micael. E você está aqui, comigo. Me procurando como um maluco.

— Eu te procurei porque você aprendeu a lição.

— Que lição? Você me jogar na rua como um feto foi uma lição? Me poupe. — Revirei os olhos. — Eu não quero você na minha casa.

— Já estou aqui.

— Mas pode sair, começando por agora.

Andei até à porta, abrindo para Micael, que ficou sem reação. Ele balbuciou algo mas desistiu de brigar comigo, sabia que perderia feio.

Soltei minha porta, que fez um estrondo terrível quando bateu.

— Inferno. — Grunhi.

Eu não podia aceitar o Micael novamente, ele era podre e tóxico para mim.

De tanto pensar, o dia seguinte me veio com dois telefonemas, um em cima de outro. Eu não estava atrasada para ir ao tribunal mas estava batendo a hora de chegar em meu escritório. Como sabem, Lorelai tinha audiências comigo e meus clientes...

Você não imagina quem seria os meus clientes.

— Já estou chegando. — Coloquei minha blusa com pressa, abotoando os botões. — Te vejo em dez minutos.

Eu foram os dez minutos mais demorados da minha vida.

Tomei café às pressas, dirigi às pressas e cheguei atrasada em meu escritório. Dylan amassava um copo descartável.

— Você disse que estaria aqui há dez minutos.

— Eu me atrasei. — Passei por ele. — Perdão.

— Perdão? Eu poderia ter feito mil coisas em trinta minutos. — Entramos na minha sala. — Você parece que não dormiu bem.

— Eu... Eu... — Encarei minha mesa de madeira, com cheiro de eucalipto. — Micael foi em casa. — Olhei para Dylan. — Ontem à noite.

— Está de sacanagem comigo?

— Não. — Nos entreolhamos. — Ele é um safado, sem vergonha que só quer se aproveitar da situação!

— E você caiu na dele? — Dylan ficou bravo. — Você não aprendeu, Sophia? Esse cara quer acabar com você! Ele acha que você vai voltar de quatro para ele.

— Dylan, a minha história com o Micael é somente minha.

— Não senhora. — Ele negou com o indicador. — Essa história também é minha, à partir do momento que você decidiu dividir uma cama de casal comigo, fora os jantares com super clima de romance.

— Dylan, nós não somos namorados! — Soltei, me odiando por dentro. — A gente fica alguma vezes mas eu sou a sua advogada. Não posso sair por aí falando que eu transei com o meu cliente.

Ele bufou.

— E o Borges vai ficar atormentando você?

— Ele não vai fazer isso. Eu garanti ontem!

— Sei. — Ele ficou meio mexido. — Vamos ao que interessa... Enquanto a puta da Lorelai?

— Enfim, eu estava pesquisando uns documentos que ganhei por e-mail do advogado de Michigan. Parece que o seu pai deixou metade da divisão de bens à ela, o que claro, não dá a razão dela ter matado. — Expliquei.

— Dá para você falar mais claro? Eu não entendo essa sua língua de tribunal.

— Nós já sabemos que a Lorelai matou o seu pai. Porém, não temos provas concretas. — Cerrei meus dentes. — Mas, parece que na segunda audiência vamos ter algumas cartas na manga.

— Que tipo de cartas? Ela precisa ser presa, Sophia. Ela matou o meu pai!

— Tudo bem! Mas precisamos de provas. Não podemos chegar no tribunal e mandar ela presa. Precisamos de qualquer tipo de prova existente no mundo.

— E quais são as cartas na manga? — Dylan fez aspas com os dedos.

— No dia em que o seu pai morreu, eles estavam em uma viagem de namorados. Certo?

— Paris.

— Isso. Paris. — Sorri leve. — E depois disso, seu pai teve o incidente que o matou. — Fiz aspas com os dedos. — Eu vou trazer o dono do hotel em que eles estavam hospedados. Ele sabe de todo o ocorrido.

— E como você achou ele?

— Contatos. — Andei até uma escrivaninha. — Quanto mais provas tivermos, melhor para nós.

Dylan me olhou de cima à baixo.

— Por favor, eu só quero que ela vá presa. Por favor!

— Eu preciso que você fique em paz. Ok? — Segurei suas mãos. — Não faça nada que seja além de você. A Lorelai está ferrada na minha mão. Só saio de lá quando ver ela atrás das grades.

— E o Micael também.

Franzi meu cenho, sem entender.

— Como?

— O Micael também! Ele é cúmplice! Ele sabe de toda a história e ainda casou com ela.

— Dylan...

— SOPHIA, ELE SABE! Ele casou com ela para ganhar a autorização do estado. Detalhe, as más línguas dizem que ela forjou a entrada dele com um mestrado falsificado.

— Quem te disse isso, Dylan? — Fiquei perplexa.

— Cindy me contou! Ela trabalha no departamento de estudos de Nova Iorque.

Fiquei pensativa. O Micael seria capaz de fazer isso?

— Precisamos ver isso depois.

— Não, não precisamos ver isso depois. Precisamos ver isso agora! — Ele segurou meu rosto. — Eu quero os dois na cadeia. São dois mentirosos! Os dois precisam de uma lição.

— E você precisa se acalmar. — Tirei suas mãos do meu rosto. — Você quer um café?

— Não. — Ele se afastou. — Eu quero sair com você hoje.

— Dylan...

— Por favor! Só... Sair. Espairecer a cabeça, tomar uma cerveja ou um vinho.

— E acabar nua na sua cama? — Segurei meu riso.

— É uma opção. — Sorriu amarelo. — Melhor do que acordar nua na cama do Borges safado.

— Você não esquece ele mesmo.

— Impossível esquecer o que ele fez com você.

— E impossível esquecer o que você fez comigo.

Nós encaramos novamente. Dylan não gostava daquele assunto, apesar de ter pedido desculpas trocentas vezes. Eu relevei, mas gostava de cutucar a onça com vara curta.

— Desculpa, de novo.

— Não vamos entrar nesse assunto. Temos um assunto mais difícil para resolver!

Dylan assentiu, saindo comigo em busca de provas para prender Lorelai.

E Micael.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora