Capítulo 16

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Lorelai deu sua aula em condições nada legais, eu diria. O tempo todo passou mal, andava de um lado para o outro, respirava fundo e algumas vezes saía para ir ao banheiro, sempre correndo.

Eu fiquei pensativa por Micael ser papai de novo, porém, ele me dizia que não tinha relações com Lorelai.

Mas Micael era um cachorro! Era lógico que ele e Lorelai tinham relações. A pílula do dia seguinte dizia tudo...

Ou também, Micael poderia estar levando um belo par de chifres, igual ele estava dando em Lorelai.

— Fim de aula, pessoal. — Ela apagou o quadro branco, respirou fundo.

Fechei meu caderno e arrumei minhas coisas, indo até ela.

— Lorelai, eu...

— Está dispensada hoje, Sophia. — Me encarou. Não estava bem, seu rosto pálido me assustou.

— Você quer que eu chame alguém?

— Não precisa! Eu estou bem. Só preciso me alimentar um pouco e tomar um ar fresco. — Passou a mão nos cabelos.

— Tem certeza?

— Sim. Pode ir! Tire o dia de descanso hoje. — Deu de ombros, voltando a arrumar suas coisas, que estavam em cima da mesa. — Merda! — Bufou.

— É nítido que você não está bem, Lorelai. Eu vou chamar alguém, ok?

— Chame o Micael, por favor. — Colocou as duas mãos abertas em cima da mesa, como um apoio.

Fiquei sem reação. Ela não queria que eu o chamasse, mas não tinha outra alternativa! Sai correndo até à sala dos professores, em busca de Micael, que já deveria estar lá.

Entrei com tudo no ambiente reservado dos maiores da faculdade, me deparando com ele, de pé, perto da pia. Tomava um café, tranquilo.

— Sophia? — Franziu o cenho. — O que faz aqui?

— A Lorelai está passando mal. Vamos! — O chamei.

— Passando mal? — Deixou o copo descartável em cima de um balcão escuro, correndo atrás de mim.

Mesmo que eu odiasse ela, não queria que nada acontecesse. Meu medo era de Lorelai passar mal na sala vazia, já que todos os alunos não ligaram que ela estava ruim. Lorelai sabia disfarçar muito bem.

— Como assim ela passou mal? O que aconteceu? — Micael andava um pouco mais rápido.

— Ela passou mal! Estava conversando e do nada... Enjoos, tontura, essas coisas. — Avisei. — Você anda transando com ela, Micael? — Comecei meu interrogatório.

— Isso é coisa de se perguntar?

— Eu quero saber! Você anda transando com ela? — Parei no meio do caminho, colocando as mãos na cintura.

Micael andou um pouco mais, mas parou quando me viu de mãos atadas, esperando por uma resposta que me convencesse.

— Você está com medo dela estar grávida? — Abriu suas mãos.

— Você é um cachorro! Não pensa em como o Harrison vai agir com a notícia?

— Sophia, ela não está grávida! Isso eu tenho certeza.

— E como você se garante?

— Eu só transo com ela de camisinha. Impossível ela estar grávida!

— E a pílula do dia seguinte?

— Isso são em casos mais raros, Sophia. Quando ela está menstruada, ou então, a camisinha rasga sem querer.

— Então a camisinha já rasgou? — Bati meus pés. — Não adianta você tentar me comprar com essa sua história barata, Micael! Se ela estiver grávida, adeus Sophia.

— Meu Deus do céu, como você é turrona! — Estava se irritando. — Vamos ver como ela está? Ficar discutindo no corredor não vai agregar em nada.

Voltamos a andar mais rápido até a sala, onde Lorelai estava. Micael passou como um furacão, vendo a namorada sentada na poltrona acolchoada, de olhos fechados e o rosto pálido. Agachou-se até o corpo dela, preocupado.

— O que houve? Como você está? — Passou a mão em seu rosto.

— Me sinto ruim. — Respondeu à Micael. — Minha cabeça fica girando quando eu fecho os olhos. Minha boca está amarga!

— Vamos, eu vou te levar no hospital.

— Não tem necessidade, Micael.

— É claro que tem necessidade. — Se irritou. — Você está mal! Precisa saber o que tem.

Lorelai levantou-se contra a sua vontade, na ajuda de Micael, que estava atencioso enquanto tirava ela da poltrona. Passou o braço da namorada atrás do dele, levando até à porta, enquanto eu ficava como uma panaca, sem saber de nada.

Como fui dispensada do estágio de Lorelai, por hoje, decidi desfrutar os cantos da faculdade, que eram imensos. Comecei pela biblioteca e parei em uma sala desativada, com centenas de documentos parados.

Ok, parecia filme de terror, então, dei meia-volta e voltei para a biblioteca. Andei pelos corredores e decidi perguntar para a bibliotecária se ela conhecia algum Gaspar.

Eu tinha que saber quem era esse homem!

— Olá, bom dia! — Me empoleirei no balcão grande. — Você poderia me dar uma informação?

— Claro. — Ela foi atenciosa.

— Por acaso você sabe quem foi Gaspar? Ele estava nos documentos de professores.

— O senhor Gaspar? — Ela levantou uma sobrancelha. — Ele já faleceu há um bom tempo.

Engoli seco.

— Faleceu? — Fiquei surpresa com essa notícia.

— Sim, um tempo atrás. Ele era marido da professora Lorelai, do curso de Direito.

MEU DEUS!

— E-e... — Gaguejei. — Você sabe do que ele morreu? Quer dizer... Doença?

— Na verdade ninguém sabe do que ele morreu. Parece que foi um acidente de carro! A professora Lorelai não fala disso com ninguém, não gosta nem de tocar no assunto. — A mulher disse tudo, literalmente tudo.

Eu não sabia o quê fazer. Tive várias respostas ao mesmo tempo, agora sim, poderia começar as minhas buscas.

Só não me lembro de ter apagado dentro da biblioteca. Eu desmaiei?

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora