Capítulo 15

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Eu pensei que isso só acontecia em filmes, mas comigo foi exatamente como nos filmes. Enquanto estava ali, escondida debaixo da cama, exposta à qualquer perigo que fosse: Lorelai, eu senti medo por ser flagrada e não saber o que fazer em seguida.

Escutei a conversa dos dois, já que ela falava alto demais. Além de chata, era surda.

— O bebê está dormindo? — Perguntou à Micael.

— Deve acordar daqui à pouco. Qual o motivo da visita tão cedo?

— Não posso mais te visitar? Eu fiquei com saudade.

Escutei o barulho de beijo sendo estralado. Eca!

— Você poderia me visitar mas... Não tão cedo.

— Micael, pare de drama. Ok? Você iria acordar do mesmo jeito, não é tão cedo assim.

— Como foi na sua mãe ontem?

— A mesma coisa de sempre. Ela reclamando da vida, meu irmão chato que ainda não saiu da casa dela... Essas coisas.

— Que engraçado! Achei que seu irmão fosse morar com a namorada.

— Pelo visto não foi.

— Que chato.

— Você já viu os papéis?

— Que papéis?

— Do nosso casamento! Eu já te falei que até o fim desse ano, quero estar casada com você.

Minha boca foi até o chão, como os desenhos animados. Filho da puta! Além de me manter como amante, ele iria se casar?

— Lorelai, acho melhor vermos isso depois. O que você acha?

— Micael, eu não vou mudar de ideia!

— Tudo bem. Só estou dizendo que precisamos de um tempo longo para conversar sobre isso. O Harrison precisa se adaptar!

— O Harrison isso, o Harrison aquilo... Tudo é em torno desse moleque?

— Exijo respeito com o meu filho!

— Quer saber? Eu não quero mais discutir esse assunto com você. Prefiro que você aceite o casamento de uma vez, as coisas vão sair melhores do que o previsto.

— Você está me ameaçando então?

— Estou te alertando! O mais rápido casarmos, mais rápido o governo te integra como responsável coordenador de professores em Nova Iorque.

— Você venceu! Acho que podemos falar disso na semana que vem, estou cheio com algumas coisas.

— Que tipo de coisas, Borges?

— Tem a ver com o Harrison, mas eu não quero que você se meta. Como já conversamos!

— Sem tempo para discutir do Harrison com você.

O salto dela ecoou por alguns segundos.

— Você já levou ele ao médico?

— Harrison não está doente.

— Mas acho que ele é doente, Micael. Nada contra, muito menos não quero te assustar... Mas você não acha que ele pode ter um grau leve de autismo?

— Lorelai, sério? Por que você faz esses comentários idiotas? O Harrison é uma criança super saudável!

— Mas é inteligente e abusado demais para ser uma criança. Veja isso no pediatra! Ele com certeza deve ter sequelas por conta da mãe que morreu.

VADIA! VADIA! VADIA! Eu queria estrangular aquela vagabunda loira velha e ridícula. Mordi os ossinhos da minha mão, com uma raiva intensa, de tudo que ela estava falando.

— Te vejo mais tarde. Por favor, Lorelai!

Micael estava alterado quando andou até à porta, retirando Lorelai à todo custo do apartamento. Esperei alguns segundos para sair debaixo da cama, e como previsto, enchi Micael de tapas no rosto, descendo para o seu corpo.

— Cachorro! Cachorro! Cachorro! Cachorro! — Continuei estapeando.

— Ei! Dá para você parar?

— VOCÊ VAI CASAR COM ELA E NÃO ME DISSE NADA! — Queria muitas satisfações. — Desde quando você vai casar com ela?

— Eu não vou casar com ela! Vou ficar enrolando até eu conseguir fazer alguma prova do estado, que me dê o mesmo cargo, só que de um jeito mais... Limpo.

— Micael, todo mundo sabe que é impossível fazer essa prova do estado. Você precisa dela para ser alguma coisa, isso é ridículo. — Bufei.

— Eu sei que é ridículo, que é medonho mas eu não tenho o que fazer. Ela é uma ameaça! Louca! Viu o que ela disse do Harrison?

— Vontade de matar ela. — Fiquei em transe. — E você nem disse nada. Que tipo de pai é você?

— Eu tirei ela daqui! Minha cabeça nublou só de saber que ela estava falando um monte.

— Ela é ridícula! — Revirei os olhos. — Eu preciso achar alguma coisa que acabe com ela, de uma vez.

— O que você precisa fazer agora é agilizar e ir para a faculdade. Lorelai já deve estar à caminho! — Micael encarou o relógio da sua cabeceira.

— Acabou que a gente nem curtiu. — Me lamentei.

— Se você não estivesse tão cansada ontem, talvez curtiríamos. — Micael me abraçou, me deu um beijo leve nos lábios.

— É, mas acontece que eu estava bem cansada mesmo. Não tinha como negar!

Micael riu leve, me beijando mais uma vez. Agilizei o processo e me despedi, me desfazendo da sua blusa larga e voltando a me vestir, com a roupa que estava em meu corpo.

Eu tinha poucas horas para estar na faculdade sem dar pistas de que estava no apartamento de Micael. Quando cheguei no apartamento de Stephanie, tudo estava calmo. Confiei que ela não estava por lá, mas estranhei em ver a chave de seu carro, no mesmo lugar de sempre.

Um cheiro másculo invadiu a cozinha, indo para o corredor. Algum menino estava com ela, e eu, como sempre, atrapalhando o momento.

Não ousei em chegar perto de sua porta. Tomei meu banho, me troquei e sai rapidamente para a faculdade.

O carro de Lorelai já estava por lá quando sondei o estacionamento dos professores. Provável que ela estaria me esperando.

— Bom dia. — Entrei com tudo na sala, imaginando estar atrasada.

— Bom dia. — Ela arrumava suas coisas na mesa de madeira. — Fez o que eu te pedi?

— A lista de nomes? Apaguei todos possíveis! — Me referi à Gaspar.

— Bom trabalho.

— O que significa aquele número ao lado? Um código de referência? Protocolo? — Comecei a cutucar.

— Um número qualquer. Por que?

— É que todos os números estão iguais! — Congelei o meu sorriso. — Somente o dele. Os outros estão diferentes, achei estranho.

— Faça somente o que eu te pedir, entendeu? Se bancar a C.S.I comigo, vamos ter problemas!

— Ótimo! Eu só queria saber o que estava fazendo, como já te falei centenas de vezes. — Engoli seco.

— Você é abusada, não... — Lorelai paralisou, colocou as mãos na boca rapidamente.

— Ei, você está bem? — Fui lhe acudir. Segurei em suas mãos.

— Acho que sim. — Tinha os olhos fechados. — Tudo ficou preto. Eu preciso sentar!

— Sente-se aqui. — Puxei a poltrona atrás da mesa. Lorelai se sentou, respirando fundo. — Você iria vomitar?

— Não fale essa palavra, garota! — Fez uma careta. — Eu estou bem. Acredito que seja uma queda de pressão.

Fiquei lhe observando, esperando que Lorelai aprumasse o seu estado.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora