Meu Professor - Coast | 2ª Temporada

Capítulo 35

— Soph?

Harrison abriu a porta enquanto franzia o cenho. Foi estranho me ver ali, naquele horário.

— Oi, meu bem. — Passei apressada. — Creio que seu pai ainda não chegou, não é mesmo? — Balancei minhas mãos, como se tivesse feito alguma burrada.

E realmente... Eu fiz!

— É. Ele vai chegar daqui à pouco! — Avisou. — Aconteceu alguma coisa? — Ele franziu o cenho novamente.

— Não, quer dizer... Nada. — Congelei meu sorriso. — Eu só quero falar com o seu pai mesmo.

— Tá bom. — Harrison deu de ombros. — Você quer jogar Roblox?

O que raios seria Roblox?

Minha boca balbuciou para responder Harrison mas fui parada pela porta da frente se abrindo, revelando Micael, abalado e abatido demais. Odiou em me ver ali, de pé, ao lado do seu filho.

— O que você está fazendo aqui? — Bateu de frente comigo, bastante bravo.

— A gente precisa conversar! — Engoli seco.

— Eu não tenho mais nada para conversar com você. — Micael saiu andando, foi direto ao último quarto do apartamento. — Uma vadiazinha como você, de quinta. DE QUINTA! — Bateu a porta de um guarda-roupa velho, me assustando.

— MICAEL, EU POSSO EXPLICAR. TÁ BEM? — Fiquei em sua frente. — Eles me drogaram! Eu não lembro de nada do que aconteceu naquela noite.

— Nossa, não pareceu. — Foi debochado. — Aliás, pareceu que você estava gozando muito de felicidade no vídeo.

— Micael, por favor! — Comecei a chorar. — Eles armaram para mim! Eu não sabia de nada... Eles deram alguma coisa, na minha bebida. — Atropelei nas palavras.

— Sabe de uma coisa? Eu estou pouco me fodendo se colocaram alguma coisa na sua bebida ou então, você fazer uma queixa porquê foi estuprada. — Micael levantou os ombros. — Eu tentei te ajudar! E você, como sempre, foi irresponsável e vadia. — Cuspiu as palavras. — Eu tenho nojo de você! Sempre tive nojo de você! Fica fingindo que está sofrendo por aí mas não passa de uma putinha como as suas amigas.

Aquilo doeu, como dois chutes seguidos no peito. Engoli meu choro mas não fui capaz de ficar em silêncio, respirando sorrateiramente para Micael, que acabava comigo.

— Ficou feio para você mesmo! — Ele assentiu. — Ninguém sabe que temos um caso. Eu ainda continuo com a Lorelai e você... Vai ficar o resto da vida com vergonha. Você passou vergonha em frente à vários alunos, e digo mais, o vídeo já deve estar circulando por aí. — Eu queria me matar. — Achei que você prestasse, Sophia.

— Eu não tive nada a ver com isso, Micael. Eu juro... — Tentei segurar sua mão. — Por favor, não faça isso comigo. POR FAVOR!

— ME SOLTA E SAI DA MINHA CASA! — Me empurrou. — Se você não sair daqui agora, eu faço pior do que um vídeo de você dando pra dois ao mesmo tempo.

— Vai ser assim?

— Você morreu para mim, hoje. — Suas palavras me deram medo. — E não adianta dizer que está arrependida, porquê você não está!

Tomei fôlego para responder Micael à nível.

— Foi ela! — Apertei minhas mãos. — Ela matou o Gaspar!

— Quem?

— A Lorelai matou o Gaspar! — Assenti como uma doida, diversas vezes. — Dylan me contou o porquê. Ele sabe da gente e quis se vingar, porquê você namora ela.

— E você vai usar isso para passar uma borracha na putaria que você vez? — Micael cruzou os braços.

— Se você não abrir o olho, a Lorelai vai fazer a mesma coisa com você, Micael. Só quero que seja esperto com isso!

— Pelo menos ela é fiel à mim. Se fosse igual à você, eu estaria morto. — Soltou. — Agora, por gentileza, saia da minha casa antes que eu chame a polícia.

— Micael...

— SOME DA MINHA VIDA, GAROTA! — Gritou. Abriu a porta e esperou que eu passasse por ela.

Foi como expulsar um cachorro de rua, sem ao menos ter explicações certeiras. Passei por Harrison, que estava agachado perto da mesa, segurava os joelhos e estava com o rosto inchado pelo choro recente. Não tive coragem de despedir do menino, eu não estava sendo tão forte assim.

Quando sai do apartamento, andei sem rumo, chorando. Minha cabeça latejava só de pensar em como voltar para a faculdade. Depois do caos. Dylan e Davison destruíram a minha vida!

— GRAÇAS A DEUS! — Stephanie gritou quando me viu passar pela porta do apartamento. — ONDE VOCÊ SE ENFIOU? EU LIGUEI CENTENAS DE VEZES.

— Eu quero morrer. — Me joguei no sofá.

— Sophia... — Ela se sentou ao meu lado. — Eu sei que não é o momento mas... Por que?

— Eu não tive culpa de nada!

— Na verdade você teve sim. — Ela assentiu. — Deixou o Micael, mentiu para ele e saiu com os gêmeos.

— Eles drogaram a minha bebida.

— Sophia, não sabemos de fato o que aconteceu mas você precisa parar com isso. Entende?

— Parar com o que? Eu só queria saber da verdade e eu descobri!

— Que verdade?

— A Lorelai matou o pai do Dylan! O pai do Dylan é o Gaspar! — Me levantei.

Stephanie colocou as mãos no rosto, um pouco preocupada. Ficou de pé junto comigo, me dando um abraço de urso.

— Eu como sua amiga, tenho uma ideia para você!

— Como?

— Eu acho que... Você deveria sumir durante um tempo. — Nos encaramos. — Eu posso te ajudar na transferência de faculdade e então, você pode seguir cursando até se formar, sem ninguém na sua cabeça.

— Você quer dizer que... — Minha voz se amarrou. Tive vontade de chorar novamente.

— Sem condições de você voltar para lá agora, Sophia. Todos já tem o vídeo! Você virou o assunto e isso não vai acabar em semanas. — Stephanie fez uma careta. — Eu posso te ajudar a mudar de vida! Se você aceitar, é claro.

Chorei mais do que deveria. Stephanie ainda tinha esse pensamento sobre mim. E até que, o que ela disse não era tão ruim assim. Eu deveria me reerguer mas não iria conseguir ficando por lá.

Eu iria sentir saudade do Micael, principalmente. Mesmo ele me odiando agora, eu tinha que mostrar que Lorelai era uma assassina e por ela em seu devido lugar.

Talvez eu aceitasse a ideia de Stephanie.

— Acho que você pode me ajudar. — Segurei em suas mãos.

— Vou te ajudar em tudo o que for preciso! Entendeu? Eu quero te ver imponderada. Quero te ver mudada! Quero te ver uma... Advogada de sucesso. — Ela começou a chorar. — Mostre ao Micael e à todos que você não é a errada da história.