Capítulo 17

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— Garota... Ei!

Escutei uma voz, particularmente conhecida. Abri meus olhos, me acostumando com a claridade que vinha da luz. Eu ainda estava na biblioteca, deitada em duas cadeiras.

— Minha cabeça. — Reclamei, me sentando devagar. — O que aconteceu?

— Eu te apaguei!

Um velho rabugento parou ao lado da bibliotecária. Tinha uma verruga no canto dos lábios, era feio, parecia que havia saído de um filme de terror.

— POR QUE VOCÊ ME APAGOU? — Me desesperei, ficando de pé o mais rápido que pude.

Quem era aqueles dois? O que queria comigo?

— Por que você quer tanto saber do professor Gaspar? — O velho queria satisfações.

— O que você é do professor Gaspar? — Perguntei, um pouco trêmula. — Não se mova, ou eu vou gritar.

— Garota, você está procurando pêlo em ovo. — A bibliotecária negou com a cabeça. — Eu só te falei para ver se você termina essa busca ridícula por ele. Não vá atrás de mais nada!

— E por que eu não poderia ir atrás? — Rebati.

— Porquê todos que foram atrás, sempre se deram mal. — Advertiu.

Eu não fiquei até o final para saber mais informações, pois estava com medo daquele dois loucos, principalmente do velho.

Sai correndo de onde eu estava, sempre verificando se ele viria atrás de mim, com a mesma coisa que me apagou minutos antes. Corri até a primeira sala de alguma coisa, parando para buscar ar.

— Sophia? — Stephanie se assustou. — Aconteceu alguma coisa?

— Preciso sair daqui. — Respirei fundo.

— Vamos indo! Eu estou de carro. — Soltou.

— Então vamos!

Sai com Stephanie até o seu apartamento. Durante o caminho, não toquei no que havia acontecido, já que Stephanie era uma figurinha enigmática do meu álbum. Eu queria perguntar o por quê das saídas com o senhor Fontana, mas preferi o silêncio.

— Você caiu? — Stephanie perguntou, enquanto fazia uma baliza perfeita.

— Sim. — Comprei a sugestão da mentira. — Eu bati a cabeça sem querer, mas está tudo bem.

— Tem certeza? Se quiser, podemos ir em um posto médico. — Desligou o carro.

Eu não aguentei, tinha que fazer isso!

— Stephanie. — Me preparei para a pergunta que mudaria tudo. Até minha estadia, se fosse possível. — Sei que não é da minha conta mas o que você e o senhor Fontana tem em comum? — Nos encaramos.

Minhas mãos estavam abertas no painel novo do carro, se escorando. Minha cabeça estava virada para ela, esperando uma resposta digna. O que eu recebi? Três piscadas de olho e um suspiro longo.

— Sophia...

— Eu contei do Micael para você, acho justo receber uma informação, por consideração. — Soltei.

— Eu saio com o senhor Fontana. — Ficou em transe, olhando para frente. Não teve coragem para me encarar novamente. — Eu menti para você! Não ganhei nada dos meus pais.

Ok, essa tinha me pegado de surpresa.

— Eu comecei a fazer programa com ele para conseguir sair do estágio da Lorelai. — Engoliu seco. — Ela pagava muito pouco e ficar na estadia da faculdade é horrível! Então, eu comecei a sair com ele.

— E ele te deu tudo?

— Tudo e mais pouco! — Fez uma pausa. — Me deu o carro, o apartamento e sempre me dá um dinheiro para gastar com o que eu quiser.

— E o seus pais?

— Eu não falo mais com eles, Sophia. — Assim como eu! — E eu te chamei para morar comigo porque preciso de um apoio, entende?

— Você quer parar com isso?

— Quero. — Stephanie secou suas lágrimas. — Eu não gosto dele de verdade! Eu não posso conhecer outros meninos, sempre tenho que ficar presa à ele. — Me encarou, dessa vez. — É como um ciclo sem fim.

— Uau, eu... — Eu não sabia o que dizer. — Eu não sei o que te dizer, quer dizer... — Estava sem palavras. — Posso te ajudar a sair dele, os estágios da Lorelai não são muita coisa mas consigo arranjar algo melhor depois, quem sabe. — Disponibilizei um ombro amigo.

— Obrigada. — Stephanie segurou a minha mão. — Acho que temos segredos em comum.

— Sim, agora nós temos! — Sorri leve, vendo ela fazer o mesmo. — Pode contar comigo! Só quero que não minta para mim de novo, tudo bem?

— Eu fiquei com receio de você estranhar, mas depois da história com o professor Borges, me tranquilizei um pouco.

— É... Isso são águas passadas. — Me endireitei, tentando trocar de assunto.

— Na verdade... Não. — Stephanie fez uma careta.

Eu não havia entendido.

— Oi?

— Sophia, não precisa mentir. Eu sei que vocês ainda estão se encontrando, e ele vem te buscar aqui!

— Quem te disse isso? — Soltei uma gargalhada falsa. — Está viajando? — Gesticulei.

— Jamais! Eu vi o dia que o senhor Fontana estava aqui e ele estacionou duas quadras para baixo. — Stephanie era rápida, até demais. — Só quero que tome cuidado.

— Eu preciso dar uma lição nele, Stephanie. — Abri a porta do carro, descendo.

— Que tipo de lição? — Ela fez o mesmo, por fim, alarmou o veículo antes de irmos até o elevador.

— Eu ainda não sei! Mas o Micael precisa saber que eu não sou idiota. A qualquer momento ele pode me dar um pé, ainda mais com a Lorelai.

— Saquei! Você quer se vingar dele.

— Vingar é uma palavra muito forte! Eu preciso fazer com que ele sofra um pouco, do mesmo jeito que fez comigo. Amo ele mas, não posso aceitar tudo de novo. — Fiquei pensativa.

— Acho legal você fazer isso mas precisa pensar bem no que está fazendo! Lorelai não pode sonhar que vocês estão juntos, tecnicamente. — Fez aspas com os dedos.

Saímos do elevador e entramos no apartamento de Stephanie.

— Eu estava na biblioteca antes de você me encontrar. Um velho me apagou com alguma coisa e a bibliotecária me disse várias coisas sobre o professor Gaspar. — Andei de um lado para o outro.

— Professor Gaspar? — Stephanie franziu o cenho.

— É! Você nunca ouviu falar?

— Nunca. — Soltou outro riso. — Onde você achou esse cara?

— Na lista que a Lorelai pediu para eu apagar o nome dele. Faz parte do estágio! — Lembrei de contar. — Ela me disse para apagar o nome dele, de todas as folhas. Depois, eu fui pesquisar algo e não achei nada. Por fim, fui até a biblioteca e perguntei... Ela me disse que ele era ex-marido da Lorelai.

Vi Stephanie ficar um pouco chocada com a história, se sentando no sofá.

— E onde ele está?

— A mulher disse que ele morreu de acidente.

— Acidente? — Fez uma careta. — Ou a Lorelai matou ele?

Por essa, nem eu esperava.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora