Capítulo 39

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Harrison e eu estávamos na pizzaria, como combinado. Micael ficou como um encosto, mas entendia sua preocupação, pois era pai. Pelo menos, ele deixou Harrison comigo.

— Está gostando daqui? — Puxei assunto.

— Mais ou menos! Eu não gosto da Lorelai. — Harrison torceu o nariz.

— Entendo bem. — Deixei os talheres. — Como está sendo conviver com ela?

— Ela não é uma boa madrastra. — Soltou. — Eu não sei o que meu pai viu nela, ainda mais depois disso.

— Harrison, você precisa entender que eu e seu pai não estamos mais juntos. Lorelai é mulher dele agora! — Segurei sua mão. — É difícil, eu sei.

— Mas eu não quero conviver a minha vida toda com ela. Não vejo a hora de sair de lá!

— Isso vai demorar. — Soltei um risinho.

Harrison achou graça também, rindo em seguida. Ia comer mais um pedaço de pizza quando Micael apareceu, como eu disse em cima, igual à um encosto.

— Harrison, precisamos ir! — Avisou o garoto.

— Desculpa mas... Você quer se juntar com a gente? — Fui debochada. — Já é a terceira vez que você atrapalha o nosso jantar. — Sorri falsa.

— Não me interessa se eu atrapalhei. Preciso que você se despeça da Sophia para irmos! — Encarou o filho, que bufou.

— Mas por que? — Harrison não queria ir.

— Lorelai passou mal. Não está bem e não gosto de deixar ela sozinha! — Micael engoliu seco, me encarando.

— Dane-se. — Harrison deu de ombros.

— O que é isso, garoto? Eu não te dei essa educação. — Micael esbraveceu.

— Micael, por favor. — Me levantei.

Eu estava cansada de discutir por nada. Micael sentiu isso, quando me viu passar a mão no rosto, sem vontade de ganhar aquela guerra.

— Vamos. — Micael fez Harrison se levantar contra sua vontade. Colocou a mão no bolso e antes de sair, pagou toda a conta.

Eu terminei minha pizza sozinha, entristecida e com vontade de chorar. Li as trezentas mensagens que Dylan estava me mandando, mas ignorei todas, como uma boa pessoa à parte.

Fui para casa, depois de meia-hora, tentando entender o caos que estava na minha vida. Eu precisava prender a Lorelai, depois, pensar em como devolver Micael ao seu habitat natural e seguir a minha vida.

Mas era praticamente impossível seguir a minha vida com Micael ao meu lado.

— Boa noite, dona Sophia.

O porteiro assentiu. Dobrou o jornal que estava segurando.

— Boa noite. — Sorri leve. — Alguma correspondência hoje? — Eu não era de perguntar, mas acabei aceitando o horário e a brecha.

— Nenhuma. — Mostrou os lábios. — Um rapaz está esperando a senhora, na garagem.

— Um rapaz? — Dylan... Ah não!

— Ele disse que falou com a senhora agora de pouco. — O porteiro deu de ombros. — Quer que eu dou um jeito?

— N-não. Não precisa. — Balancei minha cabeça. — Eu vou ver quem é.

Passei pelo hall e entrei na garagem, mais precisamente no térreo. Fiquei com medo de ser a própria Lorelai querendo alguma vingança, mas revirei o olho quando reconheci o carro.

Como ele conseguia entrar aqui com suas mentiras baratinhas?

— Eu não acredito.

Me escorei na porta do carro, empinando minha bunda e soltando um riso incrédulo.

— Pode acreditar. — Micael sorriu cúmplice. Otário!

— Como você entra no meu condomínio sem a minha autorização?

— Primeiro: o condomínio não é seu. Segundo: eu usei sua autorização! Por isso estou aqui.

— O que você quer de mim, Micael?

Ele suspirou, abriu a porta do carro e saiu. Fiquei ereta novamente, esperando suas palavras.

— Eu quero entender o que você está fazendo com a gente.

— Não existe mais a gente.

— É sério que vamos terminar desse jeito? — Abriu as mãos. — Está difícil para mim também!

— Micael, você casou com a sua própria inimiga, que é minha inimiga também. Eu não posso fazer nada. — Gesticulei, nervosa. — Ela se aproveitou de você, assim como você se aproveitou dela.

— Eu nunca me aproveitei dela.

— E enquanto a sua autorização do estado? Vai me dizer que isso não foi um proveito? — Cruzei meus braços.

— Ah, por favor! — Blefou. — Minha autorização saiu faz tempo.

— Então por que você se casou com ela?

Micael ficou em silêncio, não soube me responder.

— Vamos, me diga! Por que você se casou com ela?

— Será que a gente pode subir e conversar civilizadamente?

— Por que você não pode me dizer aqui?

— Será que dá para você compreender? — Ele levantou as sobrancelhas. — Por favor! Eu só vou conversar com você, não vou te comer.

Mesmo eu querendo muito...

— Tudo bem. Vamos subir! — Blefei enquanto Micael me acompanhava até o elevador mais próximo.

Eu sabia que era errado, mas ali tinha muito mais do que um casamento.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora