Capítulo 9

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Transar era como academia, mas minha fome triplicava em uma porcentagem altíssima. Imaginei isso quando derrotei dois pratos de macarrão à bolonhesa, que Micael havia feito para o jantar.
Ele riu com o meu desespero, parecia que eu estava passando fome.

— Satisfeita? — Segurou o riso quando parei de comer, deixando o prato na mesa e limpando a boca com um guardanapo de pano.

— Eu não acredito que você fez isso. — O encarei.

— Você sabe que eu cozinho muito bem.

— Não tão bem assim. Mas isso aqui está uma delícia! Eu não sou de comer duas vezes. — Estava tão cheia, se não fosse por isso, eu comeria de novo.

— Para de graça! Eu cozinho muito bem. — Micael se gabou.

Fui respondê-lo mas parei quando uma mensagem de Stephanie chegou no meu celular, perguntando por onde eu estava.

— Algum problema? — Micael percebeu.

— Eu preciso ir! — Me levantei. — Você pode me levar de volta?

— Claro. — Ele também se levantou.

Pensei automaticamente em um único problema.

— É melhor eu ir de táxi. — Cerrei meus dentes.

— Por que? Está de noite! Não vou deixar você andando sozinha por aí.

— E se Stephanie reconhecer o seu carro?

— Ela vai descer por acaso? — Micael franziu o cenho.

— Eu não deveria te contar isso mas... — Coloquei as mãos na cabeça. — Eu contei para ela! Sobre a gente.

— VOCÊ PERDEU O JUÍZO?

— Micael, ela me perguntou! Ela é inteligente, logo de cara sacou algo de estranho entre nós. — Expliquei. — Eu tive que contar. Ela cedeu tudo para mim!

— Nossa, então se alguém te der oitocentos dólares amanhã, você vai contar até que calcinha está usando? Por favor, Sophia. — Micael andou de um lado para o outro.

— Não é bem assim. — Andei até ele. — Ela não vai contar!

— Você confia muito nos outros, hein? Isso era um segredo nosso! E agora? Como vamos fazer? — Se irritou.

— ELA NÃO VAI CONTAR.

— E SE CONTAR? Você não sabe! Se ela abrir a boca, minha carreira profissional vai para o lixo.

— Micael, fica tranquilo. Ok? Stephanie é confiável! Ela jamais contaria um segredo meu.

— Eu odeio isso. — Estava bastante bravo. — Você com essa sua boca aberta para todo mundo que conhece.

— EI! Eu não contei nada para ninguém. Somente Stephanie sabe de nós. — Quem havia se irritado agora, era eu. — Você é ridículo as vezes, sabia? Aposto que contou várias coisas para a Lorelai.

— É diferente! Lorelai é minha namorada. Essa garota é aluna, ninguém sabe o dia de amanhã.

— Fica tranquilo, Micael. Por favor! — Coloquei minhas mãos em seus ombros. — Você sofre demais.

— Quero ser correto com as coisas.

— Você é super correto! Começando pela sua namorada, que está viajando e eu estou aqui. — Debochei. — Realmente, você é muito correto.

— Não vou mais discutir com você. — Saiu andando. — Vamos indo, está ficando tarde!

— Eu disse que vou de táxi.

— Sophia, chega! Eu não vou deixar você ir de táxi em um horário desse. — Micael decretou, bem bravo. Buscou a chave do carro em cima da mesa, andando até à porta. — Vamos indo.

— Droga. — Revirei os olhos e fui.

Durante o caminho, Micael ficou em silêncio. Eu também fiquei, já que não deveria ter contado à ele que eu contei sobre nossa história, para Stephanie. Me senti um pouco mal! Mas depois de tudo que Micael me fez passar, perder a carreira seria o mínimo.

Eu perdi tudo, enquanto ele não havia perdido nada. Como sempre, homens ganhando.

— Pronto. — Micael parou o carro, um quarteirão para baixo. — Está entregue!

— Uau! Preciso andar tudo isso até o condomínio. — Fui irônica. — Você é um grande homem, Borges.

— Eu vou ficar olhando você até chegar na porta do condomínio. Depois, vou ligar o carro e ir para a casa. — Ele entrou na brincadeira, sendo irônico também.

— Cavalheiro. — Retirei o cinto de segurança e dei um beijo no mesmo. — Te vejo amanhã?

— Se Deus quiser.

— Micael! — Bati em seu ombro. — É sério.

— Eu estou falando sério. — Me beijou novamente. — Você poderia ter nascido antes, não é mesmo? É ridículo eu ter essa idade, me pegando com uma adolescente dentro do carro. — Soltou.

Dei risada! Micael nunca havia soltado essa.

— Mas não é bom me pegar dentro do carro? — Sorrimos. — Você não acha divertido?

— Eu acho! Na verdade é muito... Excitante. — Micael sussurrou em meu ouvido, me fazendo rir.

Dei outro beijo no mesmo antes de abrir a porta do carro. Estava saindo quando Micael me parou, com suas mãos fortes. Me fez voltar para dentro, imediatamente.

— O que aconteceu? — Franzi minha sobrancelha.

— O que o senhor Fontana está fazendo aqui?

Micael abaixou o corpo diante do banco, assistindo o carrão importado estacionar em frente ao condomínio. Stephanie apareceu, de roupão, tinha um pacote bem embalado em mãos, conversando com o homem.

— Quem é esse, Micael?

— O diretor da faculdade. — Me encarou. — E pelo visto, ele conhece muito bem a sua amiguinha.

Senhor Fontana conversava com Stephanie, ambos sérios. Eu havia ficado confusa pois não estava entendendo nada.
No final, o diretor ganhou um abraço frio dela, que voltou para dentro.

— Que loucura. — Micael negou com a cabeça.

— Tá. E o que foi isso? — Levantei meus ombros.

— Eu também gostaria de saber.

— Logo a Stephanie? — Fiquei pensativa. — Os dois podem ser parentes. Vai saber!

— Pior ainda. Mas isso não está com cheiro de parentesco. — Nos encaramos. — Acho que não é só a gente que tem segredos, Sophia.

Ficamos quebrando a nossa cabeça com o mais novo enigma:

O senhor Fontana era o quê de Stephanie?

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora