Capítulo 12

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— Sophia?

Stephanie soltou um risinho sem graça, ainda estava ao lado do senhor Fontana, que ficou em silêncio, apenas observando o que se passava.

— Você sumiu! Eu te liguei várias vezes e não consegui falar com você. — Expliquei.

— Ela estava me ajudando com os novos materiais da faculdade. É o dever dela! — Senhor Fontana finalmente falou, me deixando sem entender.

— Dever dela? — Franzi o cenho enquanto olhava para Lorelai.

— Stephanie faz parte do conselho de turma. — Lorelai sorriu. — Você não sabia disso, Sophia?

— Não. — E estava irritada por não saber daquilo. — Pensei que tivesse acontecido alguma coisa. — Silabei.

— Bom que estão todos bem, não é mesmo? — Lorelai olhou os dois, puxou meu braço de leve. — Vamos, Sophia? Temos muita coisa para fazer! — Foi saindo.

Eu a segui, ainda olhando torto para Stephanie, que estava sem reação enquanto me esperava entrar dentro da biblioteca, junto com Lorelai.

Andei pelo lugar calmo e silencioso, antigo, com quadros esquisitos que dariam medo durante à noite. Lorelai achou uma mesa redonda, jogando sua bolsa em cima e logo após, os materiais que eu estava levando.

— Sente-se. — Puxou uma cadeira.

— Obrigada. — Me sentei, ajustando meu corpo no lugar. — O que vamos fazer?

— Vamos trabalhar! — Empurrou um bloco de papel em minha direção. — Eu preciso que você encontre Gaspar nessa lista imensa.

— Gaspar? — Fiz uma careta. — O que é essa lista? — Folheei mas achei tudo esquisito.

Parecia uma lista telefônica com centenas de nomes. Alguns grifados, alguns apagados e alguns em uma fonte de chamar a atenção. Que doideira.

— É uma lista do governo, de professores. — Começou a falar. — Eu preciso que você apague todos os nomes com Gaspar, por favor.

— Você tem aval para fazer isso? — Cutuquei.

— Eu tenho aval de fazer muita coisa, Sophia. — Lorelei me fuzilou com o olhar. — Começando pelo Gaspar.

Busquei um marca-texto rosa, dentro do estojo que Lorelai havia trago.

— Quem é Gaspar? — Comecei a procurar, levando o marca-texto levemente sob a folha.

— É sério que você vai ficar me perguntando? — Lorelai se irritou.

— Eu preciso saber o que eu estou fazendo! — Me defendi. — Começando por essa lista estranha e o Gaspar. Quem é ele? — Lhe encarei.

— Gaspar era um professor. Micael ficou no lugar dele. — Soltou. — Mais alguma pergunta?

— E por que ele saiu desse cargo tão alto do governo? Digo... Ele era um professor de uma faculdade excelente de Nova Iorque. — Quis saber mais. Lorelai não estava gostando nada disso.

— Qual foi, garota? Você sabe de alguma coisa que eu não sei?

— Óbvio que não! — Disfarcei. — Eu só fiquei curiosa.

Lorelai bufou como uma criancinha, antes de buscar um caderno com folhas antigas, cheio de anotações. Ficou cansada ao me observar, pensando no que dizer. Ela não tinha por onde correr, eu devia muito à ela.

— Ele só foi um professor. Apenas isso! Micael ficou no lugar dele e agora está tudo bem. — Manteve a postura, parecia até que estava nervosa.

— E você sabe onde ele está?

— Não sei. É por isso que você precisa apagar todos os nomes possíveis que estiverem aí. — Lorelai estava perdendo a paciência. Mais uma pergunta e ela me bateria, com certeza!

Eu cansei de detona-la com as minhas perguntas sem fim, prendendo o meu foco no nome Gaspar, riscando todos que eu encontrava, em cada folha passada. No final do nome, existia um número, que mais parecia um protocolo.

Enquanto Lorelai não estava vendo, eu anotei, na palma da minha mão, escondendo dela qualquer informação que eu ganhava sobre o tal de Gaspar.

No fim, depois de quatro horas, Lorelai teve dó de mim, ajuntando os materiais para me levar de volta à faculdade.

— Está com fome? Podemos tomar um café no Starbucks. — Sugeriu.

Meu telefone vibrou no mesmo instante. Peguei o aparelho de dentro do meu bolso, verificando quem era.

Micael:
"Oi, você ainda está com ela?"

Apaguei a tela rapidamente.

— O que acha? — Lorelai me perguntou de novo.

— Ãn, perdão. — Balancei minha cabeça. — O que disse?

— Eu perguntei se você está com fome! Podemos tomar um café no Starbucks. Você gosta?

— Gosto! Eu adoro, para falar a verdade. — Sorri amarelo. — Eu super topo! — Distrai Lorelai, que assentiu.

— Então vamos.

Meu celular vibrou, de novo.

Micael:
"Vou te buscar para jantar aqui em casa. Dessa vez, Harrison vai estar comigo"

Corri um pouco para alcançar Lorelai, que já estava na porta do motorista, entrando dentro do veículo. Fui às pressas, chegando um pouco ofegante.

— Você tem planos para hoje à noite? — Perguntei, disfarçando o máximo possível.

— Vou visitar a minha mãe em Jersey. — Começou a dirigir.

— Sua mãe mora lá? Que legal! — Assenti. — Eu já muito para Jersey nas férias do meu pai.

— Você mora com aquela garotinha?

— A Stephanie? — Lorelai assentiu. — Sim, nós dividimos o apartamento. Ela é super legal!

— Hum. — Não expressou muita reação. — Eu vi o jeito que você ficou preocupada com ela. E vi o jeito que ela ficou estranha quando você viu ela.

— Você também percebeu? Quer dizer... — Mordi a ponta dos meus dedos. — Eu não sabia que ela fazia parte do conselho.

— Sophia, tem coisas que a gente não precisa saber. Entende? — Lorelai me olhou rápida, voltando a prestar atenção no trânsito. — Às vezes você precisa se esforçar um pouco à mais, para ganhar alguns privilégios da vida.

Ok, eu estava realmente com medo daquela conversa. Lorelai sabia de algo a mais sobre Stephanie e o senhor Fontana. Porém, não iria me dizer nada. Ficar soltando piadinhas durante o caminho seria o seu pontapé inicial.

Ela me deixou no estacionamento da faculdade, agradeceu pelo dia e me lembrou que amanhã teríamos mais trabalho. Voltei a buscar o meu celular novamente, lendo as mensagens que Micael estava me mandando, extremamente preocupado.

Eu retornei com uma ligação.

— Oi. Onde você está? — Caminhei até o portão.

— Em casa. Onde você está?

— Eu acabei de chegar da biblioteca. Lorelai está indo para a mãe dela, você sabia disso?

— Sim, ela me avisou hoje mais cedo. — Fez uma pausa. — Vou te buscar, ok?

— Agora?

— Já está anoitecendo.

— Eu vou para casa e depois te ligo, pode ser? Não podemos dar tanta pista assim!

— Ok. Fico no seu aguardo. Até mais!

— Até.

— Eu te amo. Se cuida!

Eu desliguei, somente. Era difícil dizer que eu ainda o amava, depois de tudo. Eu o amava, mas Micael precisava de uma lição.

Meu Professor - Coast | 2ª Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora