11 Eleven.

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Eu me olhei no espelho do banheiro e percebi que estava vestindo suas roupas. Eu estava usando sua calça tática e uma camiseta preta. Pelo menos ele me deu uma roupa que se encaixava no padrão da escola. Quando saí do banheiro, percebi que ele não estava lá dentro. Deixei minhas roupas sujas em cima de uma cadeira em frente a uma mesinha próxima ao armário.

Minha garganta ainda estava ardendo, pois eu não tinha tomado o remédio. Tossi três vezes seguidas e decidi refazer meu coque no banheiro. Foi quando ouvi a porta do quarto se abrir e vi ele se apoiando na parede enquanto me observava. Acidentalmente, meus olhos desceram pelo seu corpo, mas rapidamente desviei o olhar para o espelho.

— A calça está um pouco grande — ele comentou, analisando a roupa em mim.

— É... — respondi, sentindo que ele queria puxar assunto. Por que ele não podia simplesmente ficar em silêncio até eu sair?

Fiz meu rabo de cavalo e coloquei a esponja para fazer o coque novamente. Ele continuava ao meu lado, encostado na parede, olhando pela janela ao lado da sua cama.

—Por que você decidiu entrar nessa escola? Por que exatamente essa? — ele perguntou.

— Bem... Na verdade, foi meu avô que me recomendou —respondi.

Não era uma mentira.

Olhei para ele novamente e percebi que ele já não me olhava. Ele continuava encostado na parede, mas agora estava olhando para a janela ao lado de sua cama.

— Entendi... Seu avô é da parte da sua mãe ou do seu pai?

— Da minha mãe.

Ouvi ele murmurar.

— Ele é militar? — ele perguntou.

— Pelo que eu sei, sim.

— Em qual área?

— Não tenho certeza, mas ele gosta muito de desenhar. Ele costumava desenhar casas, prédios e algumas escolas.

—  E você sabe quais escolas ele desenhou?

Franzi a testa.

— Por que você está tão interessado nisso?

— É um assunto... de interesse.

Terminei de fazer o coque e fui calçar meu coturno. Saí do banheiro e passei por ele, me sentando na beirada da cama.

— Você entrou nessa escola por causa dele? — ele perguntou.

— Por que você quer saber?

O encarei enquanto amarrava o cadarço do coturno para que ficasse firme.

Vi ele olhar para baixo e um sorriso lateral escapar.

— Você entrou por causa dele — ele afirmou.

Voltei minha atenção para o coturno.

— Não tenha tanta certeza.

— Às vezes, não é bom fazer algo pelos outros, você nunca sabe as consequências.

Consequências?

Terminei de amarrar o coturno do lado direito e fui colocar o do lado esquerdo.

— Eu tenho um futuro, não é tão ruim passar por isso.

— Como você sabe que terá um futuro?

Essa pergunta era estranha. Por que ele estava tão interessado nisso?

— Porque eu tenho certeza de que vou ter um futuro — respondi.

— Eu não acho — ele retrucou.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora