Minha cabeça doía — meus olhos pesavam.
Abri os olhos e o forro de PVC chamou minha atenção. Virei a cabeça para o lado e notei as paredes manchadas; estava na minha casa.
Queria entender como é possível ouvir o silêncio — o barulho do silêncio é a solidão, o eco das lembranças.
Desejava ter Bryan gritando e amassando meus jogos de tabuleiro por ter vencido. Queria a risada estérica de Beatriz e queria que ela me mandasse tomar no cu de novo.
Um sorriso brotou com esse pensamento, mas logo se desfez ao sentir uma dor no estômago.
Contorci o rosto em dor.
Meus olhos quase saltaram da órbita ao lembrar da ligação.
— Puta merda!
Sentei-me com dificuldade, sentindo dor.
Não havia ninguém ali.
Olhei para o meu lado esquerdo na cama e notei meu celular ali. Peguei-o e quase chorei ao ver a tela trincada. Apertei o botão de ligar e quase deixei escapar um sorriso de alívio, mas quando vi a hora, não houve tempo nem para sorrir.
21:36
— Merda!
Levantei-me e me arrependi naquele mesmo instante.
Andei mancando até a porta do quarto, onde havia um espelho para ver como estava minha coxa. Estava enfaixada. Parei de prestar atenção na coxa ao notar a roupa que eu usava.
Um short de dormir preto e apenas um sutiã... Eu não estava com essa roupa, sentia-me limpa, sem um resquício de sujeira.
Fodasse! Precisava me arrumar.
Desci o short, que era levemente folgado, pelas minhas pernas bem depiladas e lisas. Senti um alívio ao ver que minha peça íntima ainda era a mesma, mas quem diabos estava aqui? Eu só lembrava da porra da pancada!
Fui até a mesinha do quarto e peguei minha calça tática preta, subindo-a pela perna. Retirei meu sutiã e coloquei um top preto que tinha algumas fitas puxadas para cima, cobrindo apenas meus seios.
Olhei para o canto do quarto ao lado da cama e caminhei até meu coturno, colocando-o da mesma forma que fazia na EMLA.
Fiz uma trança bem mal feita no cabelo, pois já estava atrasada.
(...)
Empurro a porta de madeira surrada, entreaberta, e adentro o lugar escuro e abafado. O cheiro de suor e adrenalina invade minhas narinas, misturado com o aroma de cigarros e bebidas. Meus olhos se ajustam lentamente à penumbra, revelando uma multidão de pessoas aglomeradas ao redor de um ringue improvisado.
A luz fraca e tênue cria um jogo de sombras, onde figuras musculosas e rostos mascarados se movem freneticamente. O som alto de pessoas gritando, música pulsante e o tilintar de copos sendo erguidos preenchem o ambiente, fazendo meu coração pulsar ainda mais rápido.
Passo entre os espectadores, sentindo os olhares curiosos e desconfiados sobre mim. As conversas sussurradas e risadas abafadas são interrompidas pela minha presença. Mantenho-me firme, ignorando as vozes.
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Gortoz a Ran
FanfictionLia é uma jovem determinada e corajosa, que está disposta a fazer o que for necessário para alcançar seus objetivos e ajudar os outros. Após uma conversa emocionante com seu avô aposentado, que expressou sua falta de honra por nenhum de seus filhos...