27 - Twenty-Seven

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Minha cabeça doía — meus olhos pesavam.

Abri os olhos e o forro de PVC chamou minha atenção. Virei a cabeça para o lado e notei as paredes manchadas; estava na minha casa.

Queria entender como é possível ouvir o silêncio — o barulho do silêncio é a solidão, o eco das lembranças.

Desejava ter Bryan gritando e amassando meus jogos de tabuleiro por ter vencido. Queria a risada estérica de Beatriz e queria que ela me mandasse tomar no cu de novo.

Um sorriso brotou com esse pensamento, mas logo se desfez ao sentir uma dor no estômago.

Contorci o rosto em dor.

Meus olhos quase saltaram da órbita ao lembrar da ligação.

— Puta merda!

Sentei-me com dificuldade, sentindo dor.

Não havia ninguém ali.

Olhei para o meu lado esquerdo na cama e notei meu celular ali. Peguei-o e quase chorei ao ver a tela trincada. Apertei o botão de ligar e quase deixei escapar um sorriso de alívio, mas quando vi a hora, não houve tempo nem para sorrir.

21:36

— Merda!

Levantei-me e me arrependi naquele mesmo instante.

Andei mancando até a porta do quarto, onde havia um espelho para ver como estava minha coxa. Estava enfaixada. Parei de prestar atenção na coxa ao notar a roupa que eu usava.

Um short de dormir preto e apenas um sutiã... Eu não estava com essa roupa, sentia-me limpa, sem um resquício de sujeira.

Fodasse! Precisava me arrumar.

Desci o short, que era levemente folgado, pelas minhas pernas bem depiladas e lisas. Senti um alívio ao ver que minha peça íntima ainda era a mesma, mas quem diabos estava aqui? Eu só lembrava da porra da pancada!

Fui até a mesinha do quarto e peguei minha calça tática preta, subindo-a pela perna. Retirei meu sutiã e coloquei um top preto que tinha algumas fitas puxadas para cima, cobrindo apenas meus seios.

Olhei para o canto do quarto ao lado da cama e caminhei até meu coturno, colocando-o da mesma forma que fazia na EMLA.

Fiz uma trança bem mal feita no cabelo, pois já estava atrasada.

(...)

Empurro a porta de madeira surrada, entreaberta, e adentro o lugar escuro e abafado. O cheiro de suor e adrenalina invade minhas narinas, misturado com o aroma de cigarros e bebidas. Meus olhos se ajustam lentamente à penumbra, revelando uma multidão de pessoas aglomeradas ao redor de um ringue improvisado.

A luz fraca e tênue cria um jogo de sombras, onde figuras musculosas e rostos mascarados se movem freneticamente. O som alto de pessoas gritando, música pulsante e o tilintar de copos sendo erguidos preenchem o ambiente, fazendo meu coração pulsar ainda mais rápido.

Passo entre os espectadores, sentindo os olhares curiosos e desconfiados sobre mim. As conversas sussurradas e risadas abafadas são interrompidas pela minha presença. Mantenho-me firme, ignorando as vozes.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora