Tudo estava indo mal, como eu vou ficar no pelotão dele?! A sensação de desespero me acompanhava enquanto o relógio marcava 05:30 da manhã. Eu já estava me arrumando, sabendo que ele havia colocado um comunicado que queria todos de camiseta preta na parte de fora da escola, no campo. Essa manhã estava se tornando um pesadelo antes mesmo de começar.
Coloquei minha calça bombacha, calcei os coturnos, vesti a camiseta preta e prendi meu cabelo em um coque. O movimento era automático, mas a tensão corria pelas minhas veias.
Hannah havia acabado de se sentar na cama, ainda parecendo meio perdida no sono.
— Que porra, ainda tá escuro.
— Pode crê, para ele está tarde — respondi, tentando desviar a atenção da minha própria inquietação.
— Ele quem?
— O diabo do Gracy.
— Ah! Verdade, sinto muito por você.
Ela caiu de novo na cama, e eu não pude evitar um sorriso. Hannah era sonâmbula e sua falta de preocupação era um contraste com a minha ansiedade crescente.
Olhei para o relógio: 05:40. Ele queria todos lá antes das 06:00. O pensamento de não estar lá a tempo me fez acelerar os passos e sair do quarto. O corredor estava vazio, e o único som era o vento lá fora. Será que já estavam todos lá? A incerteza era desconfortável.
Acelerei meu ritmo e passei pela porta. Ué? Só estavam Gracy e Luke. O campo parecia desolado, e isso só aumentou meu nervosismo.
Me aproximei, e logo Luke, que estava sentado ao lado de Gracy, me fitou.
— Lia! Sente-se aqui.
Ele bateu no concreto ao seu lado. Me aproximei e me sentei, sentindo uma mistura de alívio e tensão.
Luke se virou para mim.
— Porque seu braço não está mexendo quando anda?
Ah, droga! Eu estava tentando evitar mexer meu ombro, mas parecia que hoje eu ia pagar horrores por isso. A dor estava se acumulando e a pressão do tempo não ajudava.
— Ahm...
Ia responder, mas fui cortada por Gracy.
Ele olhou para o relógio.
— Donfort... Você tem 10 minutos para que todos estejam aqui.
Luke se levantou e começou a correr em direção à escola. O silêncio era opressivo, e eu não ousei abrir a boca até que Gracy quebrou a tensão.
— Não chore hoje.
Encarei a lateral de seu rosto, seu maxilar marcado, seu nariz perfeitamente reto e seus olhos encarando o nada. Como ele podia falar assim, como se soubesse da minha fragilidade?
— Porque eu iria chorar?
— Só estou avisando, não vá pensando que é fácil.
Olhei para frente e logo para o relógio. 05:55. O tempo estava se esgotando e a pressão aumentava.
— Se não chegarem, se atrasarem 1 milésimo, você desce para a posição e conforme eles forem chegando, eles vão descendo e só levantam quando todos chegarem, provavelmente será seu amigo o último.
05:56. Escutei uma barulheira vinda de dentro da escola e pude ver eles saindo. Vinte passaram. A ansiedade crescia.
— Desce para a posição de flexão, assim eles entendem que é para eles irem juntos.
Como ele conseguia ser tão seco? A indiferença dele me deixava ainda mais insegura.
Me levantei e ele se levantou logo em seguida. Desci para a flexão, fechei minha expressão, e a dor no meu ombro era insuportável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gortoz a Ran
FanfictionLia é uma jovem determinada e corajosa, que está disposta a fazer o que for necessário para alcançar seus objetivos e ajudar os outros. Após uma conversa emocionante com seu avô aposentado, que expressou sua falta de honra por nenhum de seus filhos...