25 - Twenty-Five

2.4K 185 43
                                    

Senti meu corpo afundando em uma escuridão profunda, sem ar, sem visão

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Senti meu corpo afundando em uma escuridão profunda, sem ar, sem visão.

Olhei desesperado para o lado e me deparei com meu reflexo em um vidro quebrado... Leon.

Meus olhos tão sombrios quanto meu subconsciente, minhas mãos cortadas subindo lentamente em direção ao meu rosto, tocando os hematomas arroxeados. Meu cabelo e roupas molhados, o espelho quebrado... eu estava quebrado.

Segui os movimentos de Leon pelo meu rosto e senti a dor latejar em minha face... doía.

Lágrimas brotaram em meus olhos e escorreram lentamente, tão devagar quanto meu coração batendo, desejando parar de funcionar por completo.

Meus olhos arderam com a água que me afogava, odiava essa sensação.

Ouvi gritos ao longe e tentei nadar para a superfície, mas não conseguia. Olhei mais uma vez para o lado e vi o rosto do monstro que me atormenta em todos os lugares que vou.

Seu sorriso revelava sua crueldade e desprezo por mim. Suas mãos molhadas denunciavam silenciosamente mais uma de suas torturas.

Meu lábio tremia de frio e ouvi o som de rachadura, logo em seguida percebi que seu rosto estava se desfazendo... como um boneco de ventríloquo.

- Não se aproxime dela!

Seu grito foi angustiante, tão angustiante que me fez acordar suado e gritando.

- Não!

Meu coração batia rápido, indo contra todas as minhas vontades de fazê-lo parar de uma vez por todas.

Agarrei meus cabelos negros até sentir a ardência aumentar. Minhas lágrimas rolavam desesperadamente, quase senti o sangue se misturar a elas.

- Não...

Sussurrei enquanto lembrava de seu rosto dentro do carro, seu olho falso substituindo o original, seus cabelos negros penteados...

- Por favor...

Pedi em um sussurro, lembrando de Lia caída sangrando no meio da rua, em frente à placa do seu carro.

- Deixe ela...

Lutei enquanto me lembrava de suas mãos no corpo da minha mãe, contra a vontade dela.

- Me deixe...

Clamei enquanto recordava e sentia suas agressões, todas aquelas que nunca me deixaram, aquelas que carrego e carregarei sempre comigo, aquelas que nunca conseguirei deixar de pensar.

Minhas lágrimas rolavam pelo meu rosto e terminavam sua trajetória no tecido da minha camisa, meu lábio tremia em nojo e ódio contra aquele homem que um dia eu tentei chamar de pai, minhas mãos tremiam ao lembrar do dia em que tive que estragar seu olho para conseguir nos livrar dele, meu ossos estalavam lembrando fisicamente das surras, minha pele derretia ao lembrar do seu toque em meu corpo, minha cabeça latejava ao lembrar de seus murros contra ela, minha bochecha ardia ao lembrar dos tapas deferidos contra ela, meu estômago se revirava ao lembrar da vontade de vomitar depois de tudo.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora