30 - Thirty

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Surpresa! ☺️

....
Sentia a queimação nos meus pés, à medida que aumentava a velocidade com cada passo largo que dava. A adrenalina pulsava em minhas veias, quase como um eco do passado, trazendo à tona lembranças que eu tentava desesperadamente evitar. As memórias daquela noite inundavam minha mente, mas eu não conseguia revivê-las. Elas estavam lá, como sombras, mas eu não conseguia tocar nelas, não conseguia dar forma ao que havia acontecido.

Desejava sentir suas mãos em volta da minha nuca, habilmente entrelaçando meus cabelos, mas não conseguia. A falta daquela conexão física me deixava inquieta, como se um pedaço de mim estivesse faltando. Ansiava pela sensação do seu hálito quente no meu ouvido, enquanto suas mãos audaciosamente percorriam meu corpo, mas não conseguia. Era como se a lembrança de sua presença estivesse se esvaindo, e isso me deixava angustiada.

Sonhava em provar o sabor da sua língua nos meus lábios macios, mas não conseguia. A ideia de tê-lo por completo era um desejo latente, que me consumia. Sentia-me angustiada com aquele olhar sobre mim, tão perverso e possessivo. Seus olhos negros eram capazes de disparar raios quando pousavam sobre meu corpo e meus olhos. Eles pareciam saber tudo sobre mim, desnudando minha alma sem que eu dissesse uma única palavra.

Uma sensação de ansiedade tomou conta de mim, e diminuí minha corrida, puxando o ar para dentro dos meus pulmões novamente. O suor escorria pelo meu corpo e se dissipava ao tocar minha camiseta preta, como se cada gota carregasse um peso que eu não conseguia suportar. O pôr do sol estava perfeito, a mescla de laranja e amarelo enquanto o sol se punha, contrastando com a confusão em minha mente.

Olhei para o gramado ao meu redor e sorri ao ver uma criança brincando com seu cachorrinho, uma cena tão simples, mas que me trouxe um pouco de alívio. Eu estava na praça principal da cidade, não muito cheia, mas também não vazia. Caminhei em direção a um banco de concreto fixado no gramado e sentei-me, permitindo-me descansar, mesmo que por um breve momento.

Olhei para a família a cerca de 20 metros de distância, três crianças e sua mãe, e uma dor atingiu meu peito, a dor da perda. Onde vocês estão? Minha família não é a melhor, mas também não é a pior. Não consigo sentir ódio por ninguém, não importa o que tenham feito comigo, e eu me odeio por isso. Essa incapacidade de sentir raiva, de me vingar, me deixava em um estado de confusão constante.

Fui tirada dos meus pensamentos quando ouvi meu celular vibrar no bolso de trás da minha calça legging. Liguei a tela e meus olhos se fixaram em um número desconhecido brilhando no visor.


(******) Onde você está? Deveria estar em casa agora.

A pergunta me pegou de surpresa.

Eu poderia saber quem é?

(*****) Você sabe muito bem quem é, McKenzie.

Infelizmente, eu sei.

(*****) Leprosa.


Senti um frio na barriga ao perceber o que isso significava. (*Você bloqueou este contato.*)

Desliguei o celular e o coloquei de volta no bolso. Levantei-me e permiti-me caminhar em direção à minha casa, um lugar que agora parecia tão distante de mim.

(...)

Abri a porta e coloquei as chaves em cima de uma mesinha. Tirei meus tênis e os deixei no chão ao lado da porta, como se quisesse deixar para trás todo o peso do mundo. Despi minha regata, ficando apenas com meu sutiã preto simples cobrindo meus seios, uma sensação de vulnerabilidade me invadiu.

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