26 - Twenty-Six

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Desci da moto da Beatriz e, em um gesto impulsivo, arremessei o capacete no gramado da casa abandonada onde venho passando os dias. A casa, com sua estrutura robusta, parecia ter sido negligenciada pelos antigos donos, que, por algum motivo, não souberam negociar o que possuíam. O pessoal da cidade sussurra que é mal-assombrada, mas a única assombração ali sou eu, e isso é inegável.

Cruzei a porta de madeira, que estava bem pregada, e que se mostrava um tanto quanto empoeirada. Era evidente que os antigos proprietários a abandonaram, pois os móveis estavam cobertos por lençóis, como se ainda guardassem as memórias de um passado que se foi. Joguei-me sobre o plástico que cobria o sofá, mas logo me arrependi ao observar a poeira subir em nuvens ao meu redor.

— Que droga — reclamei, levantando-me rapidamente. Estava marcando meu território naquela casa, mas já começava a sonhar com o dia em que, com uma boa quantia de dinheiro, poderia chamá-la de minha.

Fiquei parada, olhando ao redor, imersa em pensamentos sobre por onde deveria começar a arrumar primeiro, quando senti meu celular vibrar no bolso traseiro da minha calça legging. Com um movimento rápido, retirei-o e, ao olhar para a tela, notei um número desconhecido piscando. Ele vinha me ligando há dias, mas eu simplesmente ignorava.

Apertei o botão de desligar e joguei o celular no sofá, frustrada. Em seguida, levei minhas mãos até a barra da minha camiseta colada e a puxei para cima, expondo meu sutiã que cobria meus seios.

— Por onde começar? — perguntei para mim mesma, coçando a cabeça, enquanto tentava organizar meus pensamentos.

Com uma determinação silenciosa, amarrei meu cabelo cacheado em um coque despretensioso, olhando em volta. Sempre tive a mania de limpar algo quando tudo parecia dar errado. Minha mãe e meus irmãos haviam sumido, e eu me via sozinha nessa merda de cidade. O resto da família parecia ser composta por desgraçados que só pensavam em dinheiro.

(...)

Depois de limpar a casa e finalmente remover os plásticos empoeirados, sentei-me novamente no sofá, apoiando minha cabeça na parte de trás acolchoada enquanto olhava para cima, perdida em pensamentos.

— Por que sinto que deveria conversar com você? — murmurei, intrigada. Não sabia quem era essa pessoa, nem por que era tão importante para mim, mas, de alguma forma, eu não a queria morta.

Levantei-me do sofá mais uma vez e fui até o quarto, onde peguei os papéis dobrados que estavam em cima da cama. Quando me virei na sala dos oficiais e vi Gracy, fui rápida em enfiar o máximo que conseguia no meu bolso traseiro, mesmo sem saber o que eram.

Desdobrei o primeiro papel e, para minha surpresa, eram apenas cinco nomes:

Lia McKenzie 
Blake 
Elijah 
Charles 
Luke 
Ethan 
Dominik 

Parei de ler assim que percebi que eram os nomes das pessoas do meu pelotão. Era surpreendente eu ser a primeira da lista. Onde eu estaria se tudo aquilo não tivesse acontecido?

Dobrei novamente o papel que estava em minha mão e o coloquei em cima da mesa. Em seguida, me direcionei ao outro e o desdobrei. Quase senti meus joelhos irem de encontro ao chão com as imagens que encontrei pregadas naquela folha de papel A4.

Antony estava caído sobre a cama, e o sangue coagulado se fazia presente em seu corpo. Deixei a folha sobre a mesa e abri a outra logo em seguida. Quase tive vontade de vomitar, mas não durou muito, pois reparei bem na imagem à minha frente.

Era uma imagem mais nítida, a de seu pescoço, onde tinha o desenho de uma serpente cravado em sua pele, junto com seu sangue. Meus olhos arderam, e vi minha visão embaçar devido às lágrimas. Senti o papel úmido e o joguei contra a mesa, assistindo-o deslizar lentamente sobre ela.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora