33 - Thirty-Three

1K 107 15
                                    


Estava sentada em frente ao balcão da cozinha de Gracy, absorta em pensamentos que giravam em torno de como ele era um verdadeiro mentiroso, um filho da mãe.

— O que foi? Está pensando no que se meteu ou como eu fico gato com roupa coladinha? — Sua voz ecoou na entrada da cozinha, interrompendo minha reflexão. Levantei os olhos e o vi, com o cabelo molhado grudado na testa, vestindo apenas um short de moletom preto.

— Você é um pau no cu, sabia? Quando ia me contar que tinha um cara quase morto no seu porão? — A raiva fervia dentro de mim, cada palavra carregava um peso de indignação.

— Quando eu visse que era o momento certo. — Ele respondeu, o tom despreocupado, como se a gravidade da situação não o afetasse.

— Você costuma matar as pessoas por diversão? — Perguntei, a incredulidade transparecendo na minha voz. Ele se dirigiu à geladeira, abriu a porta e retirou uma garrafa de água, pausando por um instante com ela em cima do balcão.

— Se eu matasse as pessoas por diversão, você não estaria na minha vida agora, Lia. — Ele afirmou, como se fosse uma verdade universal.

— Então, por que matou ele? — A pergunta escapuliu, quase num sussurro, mas a tensão no ar era palpável.

Ele levou a garrafa aos lábios, tomando um longo gole, como se a água fosse mais interessante do que a conversa.

— Essa água é muito boa, sabia? Bem hidratada e tudo. — Ele desviou o olhar, como se falássemos sobre o clima e não sobre um crime.

— Pare de tentar virar o assunto! É algo sério. — A frustração crescia dentro de mim, meu coração acelerado.

— Não estou vendo nada sério aqui, apenas uma pulga tentando se intrometer no que não foi chamada. — Ele se divertia, seu sorriso cínico aumentando.

— Pulga?! — Fiquei indignada, quase sem palavras.

— Prefere carrapato, piolho ou lêndea? — Ele disparou, um brilho travesso nos olhos.

Eu queria rir da absurdidade, mas a tensão me impediu.

— Você quem me persegue, seu idiota. Se alguém tivesse que ter algum desses apelidos aqui, seria você. — A provocação escapuliu, mas a verdade era clara: eu estava perdida em um jogo de gato e rato.

— Mas parece que o papel está invertendo nessa conversa. Você quem está me perseguindo desde quando saiu daquele lugar. — Ele rebateu, um sorriso no rosto que me deixou ainda mais irritada.

— O que você esconde, hein? Você mente sobre mais alguma coisa ou essa foi a menor atrocidade que já cometeu? — A curiosidade e o medo se entrelaçavam em mim.

Ele hesitou, desviando o olhar como se buscasse algo nas paredes da cozinha antes de finalmente encontrar meus olhos novamente.

— Não iria querer saber qual foi a maior atrocidade que eu já cometi. — A frase saiu em um tom baixo, quase desinteressado.

Cruzei os braços, determinada a não deixar que ele escapasse dessa.

— Se estou querendo saber, é porque eu quero saber. — A firmeza na minha voz soou como um desafio.

— O que iria acontecer? Você iria aceitar tudo calada como se fosse normal? Nem você acredita nisso, Lia. Se soubesse sobre mais coisas do "meu" mundo, iria ficar maluca e desnorteada. — Ele respondeu, o tom de deboche misturado com um toque de verdade.

— Igual você? — A provocação estava ali, mas havia uma preocupação subjacente.

— Só sou maluco e desnorteado quando se trata de você. Acredite, você é o motivo pelo qual vivo torturando e matando algumas pessoas. — Ele afirmou, como se fosse uma confissão banal.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora