Estava sentada em frente ao balcão da cozinha de Gracy, absorta em pensamentos que giravam em torno de como ele era um verdadeiro mentiroso, um filho da mãe.— O que foi? Está pensando no que se meteu ou como eu fico gato com roupa coladinha? — Sua voz ecoou na entrada da cozinha, interrompendo minha reflexão. Levantei os olhos e o vi, com o cabelo molhado grudado na testa, vestindo apenas um short de moletom preto.
— Você é um pau no cu, sabia? Quando ia me contar que tinha um cara quase morto no seu porão? — A raiva fervia dentro de mim, cada palavra carregava um peso de indignação.
— Quando eu visse que era o momento certo. — Ele respondeu, o tom despreocupado, como se a gravidade da situação não o afetasse.
— Você costuma matar as pessoas por diversão? — Perguntei, a incredulidade transparecendo na minha voz. Ele se dirigiu à geladeira, abriu a porta e retirou uma garrafa de água, pausando por um instante com ela em cima do balcão.
— Se eu matasse as pessoas por diversão, você não estaria na minha vida agora, Lia. — Ele afirmou, como se fosse uma verdade universal.
— Então, por que matou ele? — A pergunta escapuliu, quase num sussurro, mas a tensão no ar era palpável.
Ele levou a garrafa aos lábios, tomando um longo gole, como se a água fosse mais interessante do que a conversa.
— Essa água é muito boa, sabia? Bem hidratada e tudo. — Ele desviou o olhar, como se falássemos sobre o clima e não sobre um crime.
— Pare de tentar virar o assunto! É algo sério. — A frustração crescia dentro de mim, meu coração acelerado.
— Não estou vendo nada sério aqui, apenas uma pulga tentando se intrometer no que não foi chamada. — Ele se divertia, seu sorriso cínico aumentando.
— Pulga?! — Fiquei indignada, quase sem palavras.
— Prefere carrapato, piolho ou lêndea? — Ele disparou, um brilho travesso nos olhos.
Eu queria rir da absurdidade, mas a tensão me impediu.
— Você quem me persegue, seu idiota. Se alguém tivesse que ter algum desses apelidos aqui, seria você. — A provocação escapuliu, mas a verdade era clara: eu estava perdida em um jogo de gato e rato.
— Mas parece que o papel está invertendo nessa conversa. Você quem está me perseguindo desde quando saiu daquele lugar. — Ele rebateu, um sorriso no rosto que me deixou ainda mais irritada.
— O que você esconde, hein? Você mente sobre mais alguma coisa ou essa foi a menor atrocidade que já cometeu? — A curiosidade e o medo se entrelaçavam em mim.
Ele hesitou, desviando o olhar como se buscasse algo nas paredes da cozinha antes de finalmente encontrar meus olhos novamente.
— Não iria querer saber qual foi a maior atrocidade que eu já cometi. — A frase saiu em um tom baixo, quase desinteressado.
Cruzei os braços, determinada a não deixar que ele escapasse dessa.
— Se estou querendo saber, é porque eu quero saber. — A firmeza na minha voz soou como um desafio.
— O que iria acontecer? Você iria aceitar tudo calada como se fosse normal? Nem você acredita nisso, Lia. Se soubesse sobre mais coisas do "meu" mundo, iria ficar maluca e desnorteada. — Ele respondeu, o tom de deboche misturado com um toque de verdade.
— Igual você? — A provocação estava ali, mas havia uma preocupação subjacente.
— Só sou maluco e desnorteado quando se trata de você. Acredite, você é o motivo pelo qual vivo torturando e matando algumas pessoas. — Ele afirmou, como se fosse uma confissão banal.
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Gortoz a Ran
FanfictionLia é uma jovem determinada e corajosa, que está disposta a fazer o que for necessário para alcançar seus objetivos e ajudar os outros. Após uma conversa emocionante com seu avô aposentado, que expressou sua falta de honra por nenhum de seus filhos...