39 - Thirty - Nine

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Gritem, comentem, me xinguem no direct do Instagram.

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Abri meus olhos ao escutar uma respiração pesada, entrecortada por soluços que flutuavam pelo ar do cômodo como uma melodia triste, quase insuportável. O peso sobre meus cílios era intenso, como se o mundo ao meu redor estivesse me chamando para um sono profundo, mas eu resisti. Quando finalmente olhei ao redor, meu olhar se fixou em Gracy, que estava no chão, sua crise me cortando o coração em pedaços.

Levantei-me, silenciosa, como se cada movimento pudesse quebrar a fragilidade do momento. O semblante dele estava inchado, uma tempestade de emoções se desenrolando em seu rosto quando ele se virou para mim, e seus olhos, normalmente tão vibrantes, agora eram um mar de desespero.

— Ei, tá tudo bem — murmurei, tentando infundir um pouco de calma na tempestade que o consumia. Aproximei-me, cada passo meu era um esforço para não alarmá-lo ainda mais.

— Desculpa... — ele sussurrou, uma confissão que pairou no ar entre nós, carregada de um significado que eu mal conseguia compreender.

Do que ele estava falando? Essa pergunta ecoava em minha mente, mas não consegui formulá-la em palavras.

— Ei... — encostei minha mão em seu ombro, mas sua reação foi um golpe. Ele se esquivou, como se meu toque fosse uma chama que queimava.

— Eu tentei... eu tentei impedir... — suas palavras vinham entrecortadas por longos suspiros, e as lágrimas escorriam como se quisessem levar consigo toda a dor que ele carregava. — Eu apanhei... eu fui afogado... eu fui rasgado... eu tentei tirar ele de perto — ele segurou a camiseta com força, como se quisesse se agarrar a algo que ainda o conectasse à sanidade.

Sem pensar, sem medir as consequências, segurei seu rosto entre minhas mãos e me ajoelhei diante dele. Queria que seus olhos encontrassem os meus, que eles vissem que eu estava ali, que não havia como fugir daquela conexão. Seus olhos, embaçados pelas lágrimas, refletiam a luz que atravessava a janela, e eu desejei poder absorver toda a dor que os preenchia.

Passei minha mão pela sua testa, afastando os fios de cabelo que estavam colados pelo suor. Era um gesto simples, mas carregado de amor.

— Meu amor... — as palavras escaparam de minha boca antes que eu pudesse pensar. No instante em que as pronunciei, percebi o impacto que tiveram. Seu pulmão pareceu travar, e ele ficou imóvel, como se o tempo tivesse parado.

— Diga de novo — ele pediu, sua voz um sussurro quase inaudível.

Meu coração disparou, como se estivesse prestes a explodir. Aquele momento era tão intenso que as palavras pareciam ter um peso insuportável. Seus olhos imploravam por mais, e eu sabia que ele precisava daquelas palavras como um náufrago precisa de terra firme.

Com um impulso, meus braços foram em direção ao seu pescoço, envolvendo-o em um abraço caloroso. Era um gesto de proteção, de amor, e logo senti seus braços se erguerem lentamente, envolvendo minha cintura, como se quisesse me manter ali para sempre.

— Você sabe o nome dele? — ele perguntou, sua voz ainda tremendo.

— Não lembro de nada dele, apenas dos olhos. Seu rosto apareceu em um pesadelo, mas não por completo — respondi, a lembrança me fazendo sentir um frio na espinha.

Ouvi o som de sua garganta se apertando enquanto ele engolia em seco.

— Lia, eu preciso falar sobre... — sua frase foi abruptamente cortada por um estrondo ensurdecedor do lado de fora da casa.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora