Caminhamos até chegarmos em frente à casa dele, sem grandes novidades. Era um muro simples feito de tijolos básicos, com um portão preto que parecia ter visto dias melhores. Ao atravessar o portão, nos deparamos com um deslumbrante jardim, repleto de rosas e tulipas bem cuidadas. Fiquei realmente encantada com aquela visão, especialmente com a passagem de pedras brancas que serpenteava entre as flores. As cores vibrantes pareciam trazer vida ao ambiente, e por um momento, consegui esquecer a dor que pesava sobre mim.
Interrompi minha caminhada e me agachei para observar mais de perto. Havia rosas brancas e tulipas brancas, e enquanto as tocava, pude sentir a suavidade das pétalas. A fragância leve e doce das flores parecia envolver-me, trazendo uma sensação de paz que eu não sentia há muito tempo. Era um contraste tão forte com a confusão que reinava na minha mente.
— Gostou? — Saí dos meus devaneios.
— Sim, gostei muito! Isso é incrível, como você conseguiu criar tudo isso?
No entanto, ele não respondeu à minha pergunta e continuou caminhando. O silêncio me deixou intrigada, como se houvesse mais por trás daquela beleza.
— Foi difícil cultivar todas essas flores? — Mais uma vez, ele não deu resposta. Decidi então não insistir no assunto; não fazia diferença afinal. A beleza do lugar era quase mágica, mas a falta de interação dele me deixava confusa.
Continuamos a caminhar e logo avistamos uma casa típica, com uma varanda à frente e uma porta que parecia convidativa. O balanço na varanda balançava suavemente com a brisa, e ao entrar na casa, fui envolvida por um ar de aconchego.
A casa era comum, mas muito acolhedora. Tinha uma atmosfera familiar, embora nada me viesse à mente. A sensação de estar em um lugar seguro era reconfortante, mas ao mesmo tempo, havia um vazio que eu não conseguia ignorar.
— Sente-se na sala, já volto.
Era por volta das 8 da manhã, e o dia começava a ganhar vida. Ele não me indicou onde ficava a sala, mas de alguma forma, eu sabia. Um sofá cinza ficava de frente para a televisão, com uma mesa no centro. Sentei-me no sofá e olhei para as minhas mãos, notando que as cicatrizes estavam inchadas. Um formigamento percorreu meu corpo, e cocei o local, como se a dor pudesse ser apagada com um simples gesto.
Logo ele ficou parado ao meu lado, estendendo o braço em minha direção, segurando uma toalha e algumas roupas unissex.
— Tome.
Olhei para ele e brinquei:
— É normal ter roupas desse estilo?
Ele cruzou os braços, e a expressão no seu rosto mudou, como se estivesse avaliando a situação.
— O que você quer dizer com 'desse estilo'?
— Bem, roupas unissex.
Pude ver um sorriso malicioso se formar em seu rosto.
— Por que a pergunta? Quer saber se eu trago outras pessoas aqui?
Isso me deixou intrigada. Não era comum ver homens que moram sozinhos com roupas assim. A ideia de que ele pudesse ter uma vida social ativa me deixou um pouco insegura.
— Eu? Claro que não. — Me levantei e tentei passar por ele, mas ele me bloqueou.
— Você não sabe mentir.
Ele disse, enquanto eu encarava seu rosto e percebia que ele parecia mais descontraído, como se estivesse gostando daquela interação.
— Nunca conheci um homem que tivesse roupas para qualquer situação.
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Gortoz a Ran
FanfictionLia é uma jovem determinada e corajosa, que está disposta a fazer o que for necessário para alcançar seus objetivos e ajudar os outros. Após uma conversa emocionante com seu avô aposentado, que expressou sua falta de honra por nenhum de seus filhos...