15 Fifteen

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Por que, de repente, eu seria sua?

— Assim, de repente? — O empurrei e ele me soltou.

Olhei para seu rosto, e um sorriso forçado brotou nos meus lábios.

— Sou sua? Desde quando isso? Eu era apenas uma aluna, não há motivo para você ter criado essa ideia na sua cabeça. Na verdade, não sou de ninguém, nem mesmo sou minha.

Cada palavra que saía da minha boca era um eco da verdade. Se eu realmente fosse minha, saberia o que desejava, o que queria para mim mesma. Mas, no fundo, eu estava perdida, sem saber quem realmente sou.

Meu olhar se desviou para a escola em chamas, e, em um impulso, empurrei-o para o lado e corri em direção ao inferno que antes era meu refúgio. Não ouvi seus passos atrás de mim; naquele momento, minha única preocupação era salvar aqueles que ainda estavam dentro.

Ao cruzar a entrada da escola, fui recebida por uma cena devastadora. Os escombros se espalhavam por todo lugar, e o calor do caos se fazia palpável. Corpos jaziam no chão, e pedaços de parede cobriam alguns alunos, como se o destino tivesse decidido brincar com suas vidas.

A visão de um garoto, seu corpo esmagado sob os destroços de uma parede que desabou, formando uma poça de sangue ao seu redor, me causou uma repulsa profunda.

— Merda... — ouvi alguém murmurar, enquanto um dos alunos lutava para se libertar de uma pilha de pedras.

Corri em sua direção, mas parei ao notar o curativo em seu olho.

Olhei para ele e, por um breve instante, uma vontade incontrolável de sorrir diante daquela situação absurda me dominou.

— Me ajude... — ele pediu, a voz falhando enquanto tentava estender a mão na minha direção.

— O que está doendo mais, o corpo ou o olho? — perguntei, notando o esforço em seu rosto sujo enquanto tentava se levantar.

— Sua vadia... — ele disparou, com desprezo.

— Está tentando me insultar? Sou eu quem pode te salvar, e você me xinga? — retorqui, indignada.

Ele lutava contra as pedras, desesperado.

— Não me deixaria aqui.

— Por que não? Seria uma excelente oportunidade para um desgraçado estuprador como você morrer — declarei, cheia de desprezo.

Desprezo por aqueles que machucam, que destroem a dignidade alheia, era uma chama que ardia em meu interior.

— Ajude-me logo, sua puta — ele implorou. Aproximei-me, agachei-me à sua frente e segurei seu rosto, olhando diretamente em seus olhos.

— Pessoas orgulhosas que se acham superiores não conseguem sobreviver nem por um segundo em uma sociedade como a nossa. Você é um desses orgulhosos que ouve alguém pedir socorro e não ajuda, ou é aquele que faz os outros implorarem por socorro. Um 'Por favor' ou um 'Me solta' — sorri para ele, observando seu maxilar se contrair. Afundei minhas unhas em suas bochechas. — E lembra do que eu disse sobre pessoas como você não conseguirem permanecer na sociedade? Olha quem está precisando de ajuda agora, alguém que fez outros gritar por socorro enquanto impunha suas mãos sem permissão. Você está sem um olho por minha causa e agora está pedindo minha ajuda para te salvar, porque sabe que está à beira da morte. E adivinha? Eu vou me recusar a te ajudar, assim como você se recusou a me soltar.

Soltei seu rosto e me levantei.

— Volta aqui!

Escutei seu grito, mas continuei a andar, decidida, até encontrar Hannah e Luke.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora