08 Eight.

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- Como vou ter certeza que é você? Como vou ter certeza se posso confiar em você? Como posso ter certeza que não é igual aos outros? Eu nem conversei com você, como posso ter certeza? Ele falava isso.

Estava atento a cada palavra que saía de sua boca, mas quando ela disse as três últimas, meu mundo parou. O que teria acontecido de tão ruim para deixá-la assim? Quem teria feito ela ficar desse jeito? As perguntas o consumiam, e uma sensação de impotência o invadia.

- Como pode ter certeza? Eu prometo.

Disse isso sem ao menos pensar, uma promessa feita a uma aluna, um ato que poderia ser arriscado.

- Não acredito.

A desconfiança dela foi como um soco no estômago. Em um ato impulsivo, quis mostrar a minha tatuagem, um símbolo do compromisso que estava tentando estabelecer. Ele me mataria.

- Isso daqui está selando a promessa.

Eu não deveria ter feito isso, mas uma voz dentro de mim insistia que era o certo. Algo estava prestes a mudar.

Ela desabou.

Num instante, eu a abracei, tentando confortá-la. Senti o momento em que ela agarrou minha camisa e afundou seu rosto em meu peito, como se buscasse proteção em mim.

Não demorou muito para ela adormecer.

Passei meu braço direito por debaixo das suas pernas e o esquerdo sob seus ombros, com delicadeza, para não machucá-la. O peso dela em meus braços era ao mesmo tempo um alívio e uma carga pesada.

Levantei-a com cuidado e a coloquei sobre minha cama em meu quarto.

Cobri seu corpo com o lençol e fiquei parado, observando-a. Era difícil não notar sua presença novamente, especialmente desde o momento em que ela passou por aquele maldito portão. Estava completamente fissurado, e isso me aterrorizava.

Não conseguia tirar ela da minha cabeça.

Essa obsessão estava me consumindo; isso não poderia acontecer comigo... De novo não. Sempre que descobria
que alguém a machucou, uma vontade avassaladora de fazer justiça queimava dentro de mim. Era como um instinto protetor que não podia ser ignorado. Quando ela esbarrou em mim no corredor do banheiro, uma onda de raiva me invadiu ao imaginar outros homens a olhando, a vulnerabilidade dela exposta diante de olhares indesejados.

Naquela noite, ao levá-la para tomar banho, eu disse que não ficaria vigiando, mas, na verdade, a ideia de deixá-la sozinha em um lugar onde qualquer um poderia entrar era insuportável. O desejo de protegê-la se tornava cada vez mais forte. Impedi dois rapazes de entrarem, mandando-os fazer suas necessidades do lado de fora. Era um impulso que não conseguia controlar; a ideia de que alguém pudesse olhar para ela me deixava em um estado de inquietude.

Estou louco, louco por ela. Sempre fui louco por ela.

Saí do quarto e tranquei a porta, uma medida de precaução que parecia necessária. Desci as escadas e fui em direção ao lado de fora, onde o sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e vermelho.

- Todos! Olhem para cá.

Chamei a atenção dos meus alunos, que imediatamente se voltaram para mim, levantando-se em um movimento sincronizado.

- Me sigam.

Conduzi-os até a parte de trás da escola, um espaço vazio, apenas grama e silencio, um local onde palavras sérias poderiam ser ditas sem distrações.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora