19 Nineteen

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05 meses depois.

Acho agoniante o fato de eu simplesmente não conseguir me sentir confortável em minha casa... Deveria ser o oposto, deveria ser um lugar onde eu me sentisse segura e amada. Mas, ao invés disso, cada chamada que ouço parece ser um convite para mais problemas, uma nova briga, um novo motivo para me sentir menor. Eu deveria amar todos e, ao ser chamada, ir até a pessoa com um sorriso, mas, em vez disso, sempre ouço gritos ou percebo os olhares de reprovação.

A bipolaridade da minha mãe sempre está presente em todos os momentos, como uma sombra que nunca se dissipa. Tudo começa por causa do seu perfeccionismo; parece que a felicidade dela depende da maneira como as coisas estão arrumadas ou do que está em sua mente a cada momento. Se ela mandou colocar o copo do lado direito da mesa e você vai e coloca no lado esquerdo, ela simplesmente surta. Não é apenas um desagrado, é uma explosão de frustração que parece queima-la por dentro. Isso é horrível.

Aí vem o momento em que ela começa a trazer à tona coisas que ocorreram no passado, como se o presente fosse apenas um eco dos erros que cometi. A discussão continua até que você, exausto, simplesmente aceite todas as mentiras sujas jogadas na sua cara em silêncio. O peso dessas palavras é esmagador, e eu me pergunto se um dia terei coragem de me libertar dessa prisão emocional.

Saio dos meus pensamentos quando escuto algumas batidas na porta. Levanto-me e vou até ela, abrindo-a. De repente, vejo Brian passar por mim e se jogar em minha cama, que fica ao lado da porta.

— Invadindo na cara dura? — Pergunto, mas ele não responde. É como se já estivesse acostumado a ignorar as regras.

Ele se levanta e pega um dos meus gibis dos Vingadores, se jogando na cama novamente. Uma onda de frustração me atinge.

— Nem pensar, você rasgou o último que tocou. — Avancei para pegar de sua mão, mas ele foi mais rápido em esconder atrás das costas.

— Eu que apresentei esse mundo a você e é assim que me agradece? — Pude notar seu sorriso em seu rosto, aquele pirralho atrevido que nunca perde a oportunidade de provocar.

— Mas não foi comprado com seu dinheiro. — O desafio em minha voz era quase automático.

— Tudo que é seu é meu. — Ele sorriu brincalhão, e eu afundei minha língua na parte interna da minha boca, percebendo que ele tinha razão em parte.

Dei-me por vencida e me sentei ao seu lado.

— Desistiu? — Ele perguntou, com um brilho travesso nos olhos.

Peguei um travesseiro que estava ao meu lado e arremessei contra seu corpo. Ele se defendeu com um riso.

— O que quer aqui?

— Estou me sentindo sozinho no meu quarto. — Ele disse enquanto ainda olhava para o gibi em sua mão. Sua vulnerabilidade era um lembrete de que, apesar de todas as brincadeiras, ele também precisava de companhia.

— Você tem seu celular, brinquedos, etc. — argumentei, mas minha voz estava começando a fraquejar.

— Não gosto muito disso quando fica repetitivo. — Assenti com a cabeça, sabendo que ele tinha razão.

Levantei-me e fui até minha cômoda, pegando meu Banco Imobiliário. Logo voltei e coloquei sobre a cama, ansiosa para mudar a atmosfera.

Gortoz a RanOnde histórias criam vida. Descubra agora