Capítulo XXVII [PARTE DOIS]

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A P R I L



OS LENÇÓIS DA CAMA ESTAVAM ARRUINADOS. Meu corpo, suado e trêmulo, permanecia jogado sobre o colchão desde o instante em que eu despenquei dos braços de Hunter para os travesseiros. Um simples movimento de quadril e o deslizar suave entre as minhas coxas confirmou o que eu já sabia: eu estava irremediavelmente preenchida e satisfeita.

Hunter havia me fodido até que nada além de sons desesperados abandonassem a minha boca. Ele sussurrou palavras macias aos meus ouvidos enquanto me segurava pelos cabelos e estocava fundo, tão intenso que eu mal conseguia respirar. Quando os últimos espasmos de prazer percorreram o meu corpo, ele me beijou devagar e eu tive certeza de que estava destruída em mais de um sentido.

Cinco dedos desceram pelo meu antebraço e aprisionaram meu cotovelo em um aperto gentil. Ele esfregou seu rosto contra a minha pele e, depositando um beijo, sussurrou:

— Seu piercing está doendo?

A pergunta me fez sorrir.

— Não.

Por incrível que pareça, eu sequer lembrava disso.

Movidos por um carinho preguiçoso, seus lábios subiram pelo meu ombro e estacionaram sobre a curva do meu pescoço.

— Bom. Não queria te machucar.

Embora tudo indicasse que aquela conversa chegara ao fim, a franqueza em sua voz havia capturado a minha atenção.

Hunter não tinha medo de ser firme. Ele afundava suas mãos sobre meu quadril e manuseava meu corpo sem dó — mesmo agora, a decisão em seus movimentos era capaz de fazer a minha cabeça girar.

— Se isso serve de alívio para a sua consciência, você saberia se tivesse me machucado. — Abri um sorriso travesso, atraindo um olhar desconfiado. — Eu não teria deixado barato.

Uma risada deliciosa quebrou o silêncio.

O som era como fogos de artifício rasgando o céu noturno. Uma explosão de energia envolvida pelo escuro.

— Você está tentando me tranquilizar, April?

— Não — retruquei meio emburrada, rosto quente. — Isso é uma ameaça.

Minha resposta arrancou mais risadas de seu peito.

Depois de um show de maturidade de ambas as partes, eu me levantei para usar o banheiro. Quando voltei, me dei conta de que a chuva lá fora havia diminuído. Hunter sequer deu sinais de reconhecer esse detalhe: tinha os olhos perdidos no escuro, iluminados pela chama tímida do cigarro entre seus lábios.

Guiada por um impulso egoísta, eu desejei que ele não fosse embora. Eu não estava pronta para me despedir.

Peguei meu celular e observei as horas.

— Nós temos tempo — ele murmurou como se adivinhasse, sua voz mansa, afagando minhas costas. — Eu posso ficar mais um pouco.




• • •




— E seu pai?

Quase me engasguei com a água que bebia. Havia acabado com uma garrafa inteira, sem pausas para respirar, quando Hunter me surpreendeu com a pergunta.

— Meu Deus. — Enxuguei a boca com as costas da mão. — Quer deixar meu pai em paz?

Era a segunda vez em que ele tocava no assunto. Mais cedo, no jardim, em um abrigo da chuva, nós tivemos uma conversa interessante sobre a aprovação do meu pai e eu fiz questão de deixar claro que Hunter não a conseguiria — praticamente ninguém a tinha, na verdade.

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