A P R I L— DEIXA EU VER SE EU ENTENDI BEM. — Jackie segurava a ponte do nariz entre os dedos e tinha suas sobrancelhas franzidas em concentração. — A ex do Hunter, que te odeia, mandou você comprar brownies no outro lado da cidade e você decidiu ir? Não apenas ir, como também me levar?
Morder a isca foi uma ideia minha, como Jackie tratou de deixar bem claro.
Assim que terminamos de espalhar os malditos cartazes pelos corredores de St. Clair, nós embarcamos em um dos táxis de bancos encardidos que rodavam pelo centro e partimos em direção ao endereço indicado por Lexie.
Eu simplesmente não consegui resistir ao desafio. Quer dizer, comprar brownies? Sério? Não soava exatamente como o tipo de coisa que faria criancinhas correrem para a direção oposta aos berros.
— Eu te dei uma escolha.
— E que bela escolha eu tinha. — Um riso seco havia morrido em sua boca. — Te acompanhar nessa aventura emocionante ou assistir você entrar sozinha em um dos táxis esquisitos que rodam o centro. — Jackie fez uma pausa e, dessa vez, se dirigiu ao motorista: — Desculpe, Earl. Eu estava falando do outro cara. O carro dele era bem, bem, pior.
O motorista lançou um olhar pelo espelho retrovisor e voltou a se concentrar no movimento do trânsito. Se ele havia grunhido mais do que duas palavras desde que entramos no carro, era muito.
Jackie voltou a sua posição original, de costas contra o banco encardido, e gesticulou para frente enquanto movia seus lábios em silêncio: "Viu só?".
Não consegui conter a risada que escapou da minha garganta.
— Já que nós temos tempo, me explique de novo o seu plano maquiavélico. — Ela relaxou sobre o assento, alisando a saia de seu uniforme para manter a calma. Alguns poucos cachos escapavam de seu penteado e emolduravam seu rosto, realçando seus olhos castanhos. — Você não parece estar desafiando Lexie quando faz exatamente o que ela diz.
— É contra intuitivo, eu sei.
— Contra intuitivo? — repetiu exasperada, mas eu não lhe dei atenção.
— Nós vamos brigar — eu disse de uma vez. Antes que Jackie pudesse me interromper, continuei: — Isso é inevitável. Você viu como ela me tratou hoje. Ela acha que eu vou ceder e deixá-la dominar tudo: o time de futebol, as pessoas com quem eu posso falar, os lugares que eu posso frequentar... Algumas meninas da Thomas tem tanto medo de contrariá-la que sequer olham para mim.
Se eu não estivesse tão determinada a derrotar Lexie, eu poderia simplesmente dar as costas e nunca mais pensar no assunto. A insistência da garota em me atormentar, no entanto, me deixava sem escolha — desde o fiasco no treino de futebol, retirar com dignidade não era mais uma opção e ela sabia disso. Lexie continuaria a me desafiar em cada oportunidade que tivesse e eu não podia esperar sentada pelo próximo embate.
A dignidade e a paciência poderiam dar as mãos e ir para o inferno.
— Eu quero resolver isso — anunciei, inspirando fundo, alto e claro. Eu poderia liderar um exército com a firmeza em minha voz. — Acelerar, seja lá o que for. Mostrar para todos que eu não vou a lugar algum. Ela precisa se acostumar com a ideia que eu estou aqui para ficar.
Meu único objetivo era destruir a influência que Lexie tinha sobre as meninas da fraternidade e, se isso significava que eu teria vencê-la em seu próprio jogo, tudo bem.
Eu compraria o maldito brownie.
— Lexie é uma espécie de líder para essas garotas. Ela pensa que eu sou fraca e vou desistir. Vou mostrar a todos que ela está errada.
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BULLSHIT
Teen Fiction[EM ANDAMENTO.] April Wright tem um problema. O problema dela tem olhos azuis, um sorriso que faz suas pernas estremecerem e, principalmente, uma personalidade nem um pouco encantadora. Com muita apatia acumulada era tarde demais para qualquer coisa...