Capítulo XXVI

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DISCLAIMER: Não foi por acaso que classifiquei essa história como indicada para maiores de 18 anos. Se cenas muito descritivas de sexo te incomodam ou te causam desconforto, pode ignorar esse capítulo que não fará uma diferença muito grande na história. 

Não escrevo esse aviso no intuito de evitar críticas a minha escrita, mas sim para dar um alerta geral mesmo. Não quero que vocês tenham contato com um material muito gráfico muito cedo. Adoro meus leitores, adoro receber as mensagens de vocês, mas me preocupo com o pessoal muito novo que tem acesso a essa historia. Enfim, se liguem !

Sem mais delongas::: o capítulo ✨



A P R I L


NUNCA HAVIA ANDADO DE MOTO na chuva antes. Nós não estávamos tão longe da minha casa quando as gotas geladas nos atingiram com força, arrancando uma gargalhada surpresa da minha boca — ou talvez tenha sido um grito, eu não sabia mais distinguir. O chão havia desaparecido diante dos meus olhos e o som repentino da água abafara meus ouvidos, transformando o mundo em um borrão de cores e ruídos.

Hunter guiou a moto até a pequena garagem do meu pai e estacionou do lado de fora, em uma parte coberta, iluminada por uma lâmpada solitária. Ele desceu da garupa e retirou o capacete, passando uma das mãos sobre os cabelos escuros:

— Eu não conseguia enxergar a pista — a cor havia sumido de seu rosto — Começou a chover e não dava para ver um palmo à frente do meu nariz.

Se nós conseguimos encontrar a garagem foi graças à tímida luz que guardava a entrada. A estrada de cascalho que ligava a propriedade aos vizinhos e ao resto do mundo tinha intervalos grandes demais entre os postes de iluminação. Até meu pai, que era familiarizado com o caminho, odiava dirigir por ali em noites chuvosas.

Deve ter sido uma experiência e tanto para Hunter dirigir com visibilidade quase nula, assombrado pela possibilidade de derrapar na lama.

— Você foi bem — meus dedos trabalhavam contra a correia no meu queixo — Agora precisamos correr até lá.

Apontei para os borrões de luz que brilhavam à distância. A chuva forte havia engolido a casa da mesma maneira que havia engolido nosso pequeno abrigo. Não existia nada nos arredores além do escuro das árvores e do contorno de paredes imponentes erguidas sob um teto iluminado.

Hunter segurou meu rosto entre os dedos e desfez o aperto do capacete:

— Apressadinha.

Em um clique, eu estava livre daquela casca de ovo horrorosa.

Meus olhos se estreitaram para o sorriso que crescia em seus lábios. Eu não queria pensar no estado do meu cabelo depois de receber tanto vento na cara.

— Você deve estar congelando — Hunter se aproximou — De novo.

Enquanto eu penteava os fios rebeldes com os dedos, ele me puxava para perto. Eu gostava disso. Mesmo depois de tudo que havia nos acontecido, nós continuávamos extasiados em nossa própria bolha de felicidade, confortáveis na presença um do outro. Não resisti ao convite: enlacei seus ombros e me afundei em seu abraço. A alça do capacete escorregou pelos meus dedos e se enroscou em meu pulso, pendendo sobre suas costas.

Meus olhos encaravam o cair de água insistente que castigava tudo que existia sob os céus. Se havia alguma parte de mim seca e protegida da chuva, eu estava prestes a sacrificá-la para chegar em casa.

BULLSHITOnde histórias criam vida. Descubra agora