Capítulo XIII [PARTE DOIS]

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Atenção: Esse capítulo contém cenas não recomendadas para menores de 18 anos.





A P R I L

EU ME LIVREI DOS SAPATOS assim que a porta do quarto se fechou atrás de mim. Entre contornar casais grudados pela boca e desviar de bêbados que abriam caminho a cotoveladas, subir os degraus até o segundo andar se mostrou um verdadeiro desafio. Ainda mais equilibrada em saltos de doze centímetros — eles eram lindos, é claro, mas se eu quisesse manter meus pés livres de bolhas, teria que abolir o uso desse par até o fim da noite.

Minutos antes, quando cheguei ao topo das escadas, me deparei com um corredor de portas trancadas. A chave que abria uma delas pesava na palma da minha mão e absorvia o calor do meu corpo. Da próxima vez, Hunter teria que fazer mais do que apenas me entregar a pequena peça de metal em silêncio. Por mais quente que fosse, esses olhares intensos não estavam dando certo — provocavam um dilúvio na minha calcinha e me tiravam as palavras da boca, mas, nope, nada de indicar direções para o quarto.

Uma vez dentro do cômodo, me permiti sorrir. A segunda porta à direita. Depois de tanto esperar, eu finalmente estava ali. Percorri o recinto com os olhos, me deliciando com a sensação do carpete macio contra a sola dos meus pés descalços. Campbell havia escolhido um lugar bastante decente, eu precisava admitir.

Uma cama de casal. Decoração simples. Meia luz.

Meu corpo fervia com as possibilidades.

Uma batida agradável pulsava pela parede de madeira e a voz de Jesse Rutherford chegava aos meus ouvidos distante e abafada. Se eu prestasse atenção, conseguiria distinguir palavra por palavra. Havia um espelho de corpo inteiro pendurado em uma porta pintada de branco, onde imaginei ser o banheiro. Atraída pelo meu reflexo, me aproximei. Retirei o cordão do meu pescoço e o depositei em cima da penteadeira com cuidado — eu não precisaria de jóias ou adornos para o que pretendia fazer nas próximas horas.

Meu cabelo estava uma bagunça. Hunter havia enfiado as mãos ali minutos atrás, segurando-os sem o menor cuidado. Fiz o melhor que pude para arrumar as madeixas castanhas, penteando os fios desalinhados com os dedos. Tudo aquilo parecia loucura, mas eu gostava. Aqueles instantes carregados de eletricidade pertenciam apenas a nós dois. Eu era perfeitamente capaz de me entregar a Hunter, bastava que ninguém soubesse.

Foi encarando meu reflexo distraído no espelho que eu encontrei o par de íris azuis.

Hunter havia entrado no quarto. O olhar em seu rosto beirava entre o perigoso e o insanamente quente. Ele parou a centímetros de mim, tão próximo que eu podia sentir o calor emanando de sua pele. Era como se cada átomo que separava nossos corpos vibrasse em expectativa.

— Cansou do seu joguinho? — sussurrei, sem conseguir tirar os olhos dele.

Braços fortes envolveram minha cintura e mãos quentes desceram pelo meu corpo. Atrás de mim, ele era ombros largos e tensão. Músculos bem definidos se escondiam por baixo do tecido da camisa preta, um território conhecido pelas minhas mãos. As veias em seus antebraços imploravam pelos meus toques.

— Esses jogos de festa não estão com nada — pelo espelho, ele sorriu perverso. — Eu e você podemos nos divertir muito mais à sós.

Meu corpo vibrou com a promessa. A malícia estava em sua boca e em seus olhos. Transbordava dele para mim e de mim para ele, incendiando o quarto. O fogo se alastrava pelas paredes e aquecia minha pele. Até o fim da noite, aquele calor teria me consumido por completo.

Hunter riu baixinho, deliciosamente próximo ao meu ouvido. Ele colou nossos corpos e seu volume rígido se encaixou contra a minha bunda. De repente, até mesmo respirar se mostrou uma missão difícil. Eu conseguia senti-lo duro através do tecido de nossas roupas, desesperado por mais. Uma de suas mãos se posicionou firme em meu quadril enquanto a outra subiu pelo meu pescoço. Sob a ponta de seus dedos, eu estava cada vez mais tensa e reta, como um bloco de concreto.

BULLSHITOnde histórias criam vida. Descubra agora