Parti para fora do laboratório através de um túnel onde haviam três portas grossas de vidro blindado, dando passos em falso já que não sabia o que iria encontrar. Devo apenas ficar impressionada com qualquer coisa, mas não posso pensar estar com medo para que realmente não fique, é assim que luto contra mim mesma em todos os momentos.
Então estava boquiaberta e um torpor atravessou pelo meu corpo, ventava muito e o cheiro do ar era bastante fétido a ponto de incomodar meu olfato mesmo com a máscara, algo pesado como o cheiro de sangue com carne apodrecida, além de um cheiro de óleo queimado que possivelmente vinha do céu; esse que liberava pequenos fragmentos semelhantes a cinzas e que quase me deixou cega quando olhei para cima por não mais que um instante antes de senti os meus olhos lacrimejarem incontrolavelmente. Havia nuvens densas, esverdeadas e escuras e um sol que as atravessava ganhando uma cor alaranjada ao atingir a terra até onde minha vista chegava.
Isso era somente o começo, pelo visto estávamos mesmo em uma construção vertical, a minha frente havia uma escada de alguns degraus chegando ao chão lá embaixo. Tudo até onde minha visão conseguia enxergar estava destruído, eu arfei uma quantidade maior de ar enquanto tentava pensar no que dizer a mim mesma sobre tudo isso, minha boca escancarada e os olhos paralisados diziam muito mais que alguns pensamentos.
As casas caíam aos pedaços, como se tivessem sido bombardeadas e apedrejadas, carros estavam tombados, as ruas também tinham traços do que parecia uma guerra, estava tudo envelhecido e podre se fosse vivo. Não consegui dizer nada, nem faria sentido se o fizesse, afinal, estava sozinha.
A queda teria mais de cinquenta metros, então dessa vez usei a lógica e o bom senso de usar as escadas que estavam ali para cumprir seu trabalho.
Ao chegar em baixo, senti o chão afofar abaixo dos meus pés como barro, era grudento e parecia estar quente, mas isso não me impediu. Saquei uma faca e sai andando pela rua deserta abarrotada de carros sujos e às vezes batidos em postes telefônicos e comércios. Sai pulando por cima deles com uma extrema graça.
Não me parecia que estava tão ruim, os efeitos do tempo trabalhavam melhor do que ninguém nesse espaço, tudo estava sujo, coberto por lixo carregado pelas chuvas e moscas, restos humanos polvilhavam a terra como se fossem plantas crescendo.
Nada anormal. Eu me lembro dessas imagens.
Até que por um segundo me distrai e tropecei no para-brisa de um carro branco molhado, cai de costas sobre o capo sentindo uma dor horrenda na coluna e tudo só ficou pior quando senti a presença de algo próximo a mim. Eu me assustei ao ver uma coisa estranha; um homem alto com uma pele azul escurecida, os olhos negros, diversos machucados e alguns ossos saindo, ele tinha uma rachadura no crânio e sangrava pela boca, ele rapidamente tentou me pegar, eu soquei seu rosto, mas não teve qualquer feito, sua pele parecia massa de modelar, uma textura estranha e mole que se agarrou a mim escorrendo pelas minhas roupas.
Peguei uma faca no cós da calça e desleixadamente enfiei no seu pescoço, ele gemeu, mas continuou investindo, eu dei uma cabeçada na sua testa e uma gosma azulada me atingiu, eu quase vomitei. Peguei a faca no seu pescoço e puxei para o lado arrancando sua cabeça, com o que sobrou eu chutei e ela desprendeu dele.
Eu engasguei com ar.
O que são essas coisas?! Não me pareciam ser zumbis do tipo que vemos em séries da televisão, essas coisas eram para ser humanas!
Ao vê-lo aberto no chão, não contive a vontade de vomitar; suas entranhas pareciam vivas, como se estivessem se movendo sozinhas, um fedor ruim de pneu misturado com gás de cozinha me faz perder os sentidos, a máscara não filtrava aquele cheiro de morte e infecção.
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Projeto Maggie
HorrorO Virus Maltad transformou homens em criaturas-infectadas quando, na esperança de encontrar uma solução para a sua rápida disseminação e alta taxa de contágio, a humanidade criou um desastre biológico que mutou o seu próprio DNA. Em uma sociedade en...