— Tempos depois.
Me senti estranha quando comecei a recobrar a consciência. Não estranha de um jeito ruim, do tipo que geralmente nos sentimos só por ser mulheres, mas sim com um incômodo pela localização, uma sensação de se estar em um lugar apertado e com pouco ar, a mesma sensação daquele tubo de água em que eu estava ao acordar.
Fraqueza era a definição para o que eu sentia no momento, uma tontura e ânsia de vômito pela fome indescritível, como se alguém tivesse arrancado meu estômago com as mãos e deixado um grande buraco na minha barriga.
Quando abri os olhos, dei um pulo para trás como consegui, mas logo de cara já bati de costas em uma parede. Olhei tudo ao redor, novamente desnorteada por não saber onde estava, mas feliz por não estar escuro como geralmente me encontrava após qualquer coisa acontecer.
Estava em uma sala fechada com não mais que cinco metros de comprimento por dois de altura, o chão rústico de pedras na cor preta ou marrom escura aos meus olhos embaçados. Na minha frente havia barras de metal, uma cela! Estou em uma cela de prisão! Do lado de fora existe uma parede acinzentada com uma luz branca de led iluminando só um pouco o cenário, parece haver um corredor que se estende por mais algumas dezenas de metros. Ao meu lado há mais celas, aparentemente todas do mesmo tamanho e com apenas uma pequena janela retangular com pequenas barras, nelas não há nada além de sujeira e uma privada branca, assim como há na minha... cela.
Corri até a grade da frente e tentei espiar o corredor vazio, pouco iluminado por algumas lâmpadas brancas fluorescentes que oscilavam algumas vezes e não iluminavam todo o corredor, apenas parte dele. Ao fim havia uma escada no lado direito com três degraus e uma luz avermelhada também bem fraca.
Tudo era muito silencioso, estava sozinha e dessa vez sem o meu bracelete graças a punição. Deveria estar no subsolo de algum lugar, talvez até mesmo uma verdadeira prisão.
De repente ouço um grito vindo de fora, um grito de homem agonizando e logo depois passos se aproximando, o chão lá fora parece de metal. Duas silhuetas se formam, vindo da sombra. Na verdade dois homens, eu os espio. Um era um homem grande e com cabelos avermelhados trajando um sobretudo azul ciano, calças, botas e uma máscara de ar, o outro era um rapaz alto, pele escura mal cuidada, o rosto retangular simétrico, cabelos cinzentos ondulados abaixo do ombros além de uma barba cheia, o corpo muito magro quase que desnutrido e uma expressão medonha no rosto. Ele estava apenas com uma calça preta envelhecida, sem camisa e descalço. O outro rapaz o empurrava e o tratava como lixo, quase o fazendo cair de cara no chão. Ele por fim o arremessou na cela do meu lado esquerdo, depois colocou um cadeado e para minha sorte andou até mim, estava me analisando de maneira crítica, quase que anotando cada suspiro e piscada que eu dava enquanto estava encolhida no canto, apavorada e pensando que seria ser a próxima a ser... sei lá o que fizeram com ele!
Então me encolhi numa concha.
— Me acompanhe — ele tinha uma voz rígida, abriu o cadeado da minha cela.
— Não! — eu fuço o meu corpo a procura de qualquer arma que pudesse usar, mas não há nenhuma.
Nem há uma calça!
Olhei para o meu corpo, agora percebendo que estava vestida apenas com uma espécie de trapo antigamente chamado de blusão branco três tamanhos maior que o meu e horrível, além de sujo e cheio de furos, mal cabia em mim! Tudo ficava muito folgado, minhas pernas estão nuas e cinzentas; como se tivesse estado em um lugar empoeirado.
— VEM LOGO! — ele me tomou pelos braços sem que eu pudesse dizer mais nada, eu me debati, mas ele era mais forte e conseguiu me tirar a força. — Por favor... não resista.
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Projeto Maggie
TerrorO Virus Maltad transformou homens em criaturas-infectadas quando, na esperança de encontrar uma solução para a sua rápida disseminação e alta taxa de contágio, a humanidade criou um desastre biológico que mutou o seu próprio DNA. Em uma sociedade en...