— Um mês depois...
Após um mês, acho que estou finalmente me acostumando as coisas, principalmente a essa sociedade que demonstrou ser muito mais avançada do que a que tínhamos lá fora antigamente.
Claro, dava para contar manualmente quantas pessoas havia nesse prédio, o que era diferente de constituir e manter uma sociedade com milhões de pessoas como as nações de antigamente. Porém, parecia que todos eram mais unidos, dinheiro não fazia diferença, cada um completava o outro, as famílias eram felizes e sempre havia festa as sextas-feiras após o expediente para descontrair e relaxar.
Não há crimes e nem criminosos, não há brigas, somente uma estranha paz que parece um pouco forçada devido às regras rígidas do local, mas serve para manter todos na linha.
Tenho me adaptado à convivência com essas pessoas, suas vidas passadas eram interessantes, acho que fiz até algumas amigas com quem convivo por alguns minutos quando temos tempo.
Tenho sido levada a exaustão e a perpetua dormência dos meus músculos — dos gluteos e dos braços principalmente — graças aos seguintes testes e experimentos feitos no meu corpo, no meu sangue e na minha mente; exames de raio X, remédios, coleta de sangue, e nada de significante. Para mim, eu sou apenas uma garota Alpha com nada mais que sorte por não ficar doente, mas vivo com a lembrança daquela reação que o Mutante teve quando me tocou, aquilo chamou minha atenção e eu não sabia ao certo como perguntar sobre isso, ou melhor, se devia de alguma forma tentar explicar o que fiz sem saber o que realmente tinha acontecido.
O pessoal me disse que um Infectado seria curado e voltaria a ser humano se tocado por um Ômega, mas eu sou um Alpha e o Mutante só deve ter tido uma reação química quando entrou em contato com o meu sangue no mesmo sentido de que eu tive uma reação com a "nanotecnologia biosenciente" da Joudith que, segundo ela, eram apenas robozinhos carregados do meu genes.
A sensação de ser diferente tanto me incomoda quanto aumenta a minha autoestima; eu já sou bonita e interessante, mas agora estou tentando me aceitar como sendo única e com um objetivo diferente dessas pessoas, mas é difícil encontrar um porque sendo que não tenho ninguém para conversar, ninguém parecido comigo.
As vezes eu me sinto é sozinha.
A primeira coisa que vi pela manhã foi às luzes do quarto.
Acordei hoje bem cedo, Joudith e um garoto chamado Rudy — o qual eu estava ansiosa para conhecer finalmente — tinham um anúncio importante para mim.
Me levantei e dei de cara com minhas colegas de quarto, incluindo a loira que finge gostar de mim, Trayce é o seu nome. Pode ser só um preconceito bobo, ela tem sido legal comigo e até tal momento não havia dado motivos para que me odiasse ou começasse a me tratar diferente, mas eu já estava pronta caso ela decidisse virar um Infectado e me morder como uma vampira sedenta por sangue (lê-se carne).
Ela dormia em uma posição que parecia desconfortável. Em cima de mim estava Rebeca, ela parecia uma criança dormindo, tão doce e inteligente.
Andei até o armário individual e peguei novamente a roupa preta que possui uma tecnologia chamada "Auto-clean", capaz de fazer a limpeza completa da roupa e sempre mantê-la perfeita e com cheiro de frescor do campo. Elas absorvem o suor e também servem para dissipar a radiação no lado de fora impedindo que chegue ao nosso corpo. Elas são limitadas a um kit para cada pessoa, assim como todas as outras coisas.
Fechei o zíper da minha jaqueta deixando apenas um pouco do decote a amostra, o suficiente para talvez chamar a atenção de algum garoto, mas em troca me deparei logo com Alessa vindo em minha direção, ela soltou um sorriso receptivo.
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Projeto Maggie
HorreurO Virus Maltad transformou homens em criaturas-infectadas quando, na esperança de encontrar uma solução para a sua rápida disseminação e alta taxa de contágio, a humanidade criou um desastre biológico que mutou o seu próprio DNA. Em uma sociedade en...